“A calmaria que precede a tempestade”. Esse aforismo define bem o oitavo episódio da segunda temporada de Thrones, “The Prince Of Winterfell”, sobre o qual escrevo esta análise, livre de qualquer SPOILER para aqueles que não acompanham os livros da saga.
E de novo, como veio acontecendo nas últimas semanas, iniciamos o episódio em Winterfell, dessa vez com a chegada de Yara e dos homens de ferro. E enquanto uma dúzia de corvos mortos parece tentar nos mostrar que o Theon talvez não seja tão estúpido como todos pensavam, a irmã dele nos prova exatamente o contrário: O Theon é mais estúpido do que todos pensavam. Estúpido e fraco – nas próprias palavras dela. E todo o diálogo faz questão de deixar claro o quão errado e precipitado foi assassinar os meninos daquela maneira. Sério que o cara acreditou que depois de tomar o castelo (que fica a quilômetros do mar) e matar seus Lordes (duas crianças) as pessoas ajoelhariam perante ele como se ele fosse o próprio Ned? O que ele pretendia? Mudar a sede da Casa Greyjoy de Pyke para Winterfell e ensinar os drakares a navegarem na terra?
“Não morra tão longe do mar…” |
Na discussão, logo percebemos como os argumentos dele são infantis e como Yara consegue contorná-lo facilmente. Nota-se também o quanto ela é respeitada pelos homens que a seguem, e o motivo disso. No final do capítulo nós descobrimos o porquê do Theon ter forjado a morte dos Stark, mas isso só serviu pra que os nortenhos o odiassem ainda mais.
E vamos para lá da Muralha, vendo Jon Snow ser arrastado pelos selvagens em seus trajes de inuíte e reencontrar o patrulheiro e antigo companheiro de viagem, Qhorin Meia-Mão. Destaque para o Senhor dos Ossos e sua “armadura” super bem elaborada e detalhada. Parabéns para a equipe de direção responsável pelo trabalho muito bem feito. Os cenários da Islândia também são sempre uma maravilha. Quem não queria estar lá com aquela ruiva pra aquecer?
E por falar na ruiva, um comentário pra quem acha que a Ygritte é muito bonita para ser uma selvagem: Eu concordo, ela realmente é. Mas tentem ignorar a aparência dela por alguns minutos (difícil, eu sei) e prestar atenção no modo dela falar e agir… Ela é selvagem. E isso é um elogio.
Perceberam o peso que o nome Stark tem mesmo entre os selvagens? Os Stark sempre foram grandes irmãos da Patrulha, mas acredito que David e Dan tenham perdido a oportunidade de fazer alguma menção ao Benjen nessa cena. Vocês se lembram do Benjen, certo? Irmão mais novo do Ned, que desapareceu durante uma patrulha, o que foi uma das razões para a expedição dos corvos além da Muralha e mesmo assim o nome dele não foi dito uma única vez.
Essa é mais uma das cenas onde a atuação do bastardo, que deveria se destacar por ele ser o personagem “central” desse núcleo, acaba sendo inferior à dos colegas de elenco.
Seguimos então para as Terras Fluviais, onde Robb e Talisa retornam do Despenhadeiro. Toda essa conversa inicial entre eles serve mais como uma introdução para a posterior cena de sexo dos dois. Eles relembram o pacto feito entre o Robb e o Frey no nono episódio da primeira temporada, e ele menciona o Eddard – que é o que salva o diálogo. E por falar na ponte dos Frey, o belo local usado como plano de fundo aí é, curiosamente, o mesmo que foi usado para filmar a cena das Gêmeas. Repararam no rio logo atrás?
Honor? Bitch, please… |
Mas risadas de verdade saíram quando assisti a cena da Arya em Harrenhal escolhendo o nome do próprio Jaqen como terceiro e último da sua lista. O modo como ele quase implora pra que ela retire o seu nome e o modo como ela brinca com isso trouxeram à cena um ar de comédia que não me lembro de ter imaginado ao ler. Ainda assim o resultado foi interessante.
Depois das cenas de Winterfell, as cenas de Porto Real foram as melhores desse episódio, principalmente aquelas envolvendo o Tyrion, o Varys e o Bronn. Tenho que dizer que os três atores são geniais e tanto os diálogos quanto os personagens são muito ricos. O modo como tudo vai se encaixando naturalmente e de como uma coisa vai levando a outra na conversa entre eles é ótimo. Primeiro eles começam fazendo referência à nomeação do Bronn para o cargo de Comandante da Patrulha da Cidade (no episódio 2.02) e acabam chegando a conclusão de que talvez lançar as “fezes de porco” fabricadas pelos alquimistas à mando da Cersei na frota do Stannis seja a melhor maneira de defender a capital – que era o que o Duende estava buscando no início da cena. “Fezes de porco”, para aqueles que não entenderam a referência, foi o termo usado pelo Bronn para se referir ao fogovivo (no episódio 2.05).
E lá nas mãos dos selvagens, Qhorin conspira para infiltrar o Jon como um agente duplo dentro do exército inimigo. Então ele inicia uma briga com a clara intenção de apenas fazer com que os seus captores passem a duvidar da irmandade deles. E pela expressão da Ygritte, isso talvez tenha dado certo. Cena curta, mas bem dirigida e, principalmente, bem localizada. Os cenários (e a Rose Leslie) ainda vêm roubando a atenção nas cenas que envolvem o Snow e talvez isso seja até proposital, visto que até agora não vimos coisas muito importantes envolvendo o bastardo. Até agora…
Apesar de eu ter lido os livros, a cena de Tyrion e Cersei me deixou por um segundo na dúvida se ela não tinha mesmo descoberto o caso dele com a Shae, mas aí a Ros apareceu (coisa que eu também já esperava). Ver os dois trocando sarcasmos é normal, mas dessa vez a rainha quis ir mais longe, fazendo a Ros de refém no caso de algo ruim acontecer ao Joffrey na batalha acreditando que ela é a amante do irmão, o que realmente faz todo o sentido. Toda a relação da Ros (uma personagem que não existe nos livros) com o Tyrion foi bem trabalhada desde o início da série pra meio que acabar nessa parte. Lembram-se da primeira cena do anão em Winterfell? Quando ele aparece com ela no bordel e é interrompido pelo Jaime? Lembram-se do colar com o leão da Casa Lannister dado por ele que ela sempre usava e que, também na primeira temporada, foi motivo de uma pequena discussão entre ela e seu outro fiel cliente Theon Greyjoy? Então.
O Jaqen então promete ajudar a Arya a escapar de Harrenhal (provavelmente ela não queria ser copeira da Montanha) em troca de que ela retirasse o nome dele da lista. E ele cumpre essa promessa. Arya, Torta Quente e Gendry fogem em uma cena que achei um pouco fraca se comparada ao que poderia ter sido, mas enfim. Mais uma lacuna preenchida.
Ver alguém debochando do Joffrey é sempre bom, ainda mais se esse alguém for o Tyrion. O diálogo dele com o Varys nessa última cena serviu para suprir a falta que esses dois personagens – que apareceram menos do que deveriam na temporada – vêm fazendo para o público, e também para dar mais força à ideia de que “a guerra está chegando”. E agora realmente ela está.
“Onde está o deus das tetas e do vinho?” |
“Luke, my son” |
E como no episódio anterior, nesse também terminamos em Winterfell, com o Theon amolecendo diante dos corpos carbonizados dos garotos enquanto o Dagmer “Vader” Boca Rachada continua incitando ele a ir para o “lado negro da força” e a fazer com que os outros paguem o preço de ferro por tudo. O fato de o Greyjoy querer comprar o silêncio do fazendeiro cujos filhos foram assassinados para que se passassem pelos Stark já nos dá a ideia de que tudo não passa de uma farsa. E quando vemos a Osha seguindo para as criptas onde o verdadeiro Príncipe de Winterfell e seu irmão se mantém escondidos, vivos, temos a nossa confirmação.
Houve críticas de que a cena foi mal montada pelo fato da Osha andar por Winterfell “livremente” como se nada tivesse acontecido. Bom, vamos lembrar que apesar de Winterfell ter sido invadida, as pessoas ali ainda são leais aos Stark e muitos provavelmente estão ajudando o grupo a se esconder dos homens de ferro. E se isso não for explicação suficiente, lembrem que a Osha é selvagem, o sneaking dela é level 100.