Finalmente começou meus amigos. Depois de longos meses de espera, sem nenhuma informação sequer, nós finalmente pudemos assistir o primeiro episódio da terceira temporada de Game Of Thrones. E que episódio, hein? Um excelente pontapé inicial pra aquela que promete ser o melhor ano da série até então. Não foi à toa que bateu tantos recordes…
Nesse post eu divido com vocês minhas opiniões a respeito da estreia que foi ao ar no domingo, dia 31/03. E como o próprio título da publicação sugere, essa se trata de uma resenha SEM SPOILERS – para aqueles que ainda não leram o terceiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo e aqueles que não pretendem lê-lo.

 

Se você já leu ou não se importa em saber o que aconteceu, leia a resenha COM SPOILERS, onde a Ana faz comparações entre o episódio e o que aconteceu ou ainda vai acontecer nos livros.
Bem, vamos começar então. Tomara que gostem:

Antes, para aqueles que não
sabem, vale explicar que “Valar Dohaeris”,
que significa “Todos os homens devem servir”, é a resposta comum que se dá a
expressão que serviu de título para o último episódio da temporada anterior, “Valar Morghulis”, cujo significado é “Todos
os homens devem morrer”.

Enfim, como muitos já esperavam “Valar
Dohaeris” –
dirigido por Daniel Minahan e escrito por David e Dan começa com os sons da batalha entre os Caminhantes e a Patrulha se
desenrolando. Mas infelizmente, a batalha foi tão curta que quando a tela esclarece,
ela já terminou. Embora a sequência seguinte, envolvendo o Samwell, o Fantasma
e a criatura, tenha sido muito bem executada, certamente foi um balde de água
gelada na cabeça de muitos dos telespectadores que esperavam ver uma
continuação pra cena espetacular que vimos no season finale do ano passado. Apesar de o Lorde Comandante Mormont
ter tacado fogo no morto-vivo que atacou o Sam, a cena inicial da temporada
foi, literalmente, fria.

A parte que a HBO não pôde mostrar (Por: Azad Injejikian)

Vocês lembram que o Fantasma se
separou do Jon Snow no sexto episódio da segunda temporada, certo? Pois é, aí
está ele…

E então pulamos para a abertura
que eu tenho certeza que todos sentiram falta de ver. Essa nos trouxe algumas
novidades como Astapor e Winterfell em chamas.Acho que muitos perdoaram a
introdução relativamente fraca do episódio quando vemos Jon Snow finalmente
chegar ao acampamento dos selvagens, onde a paisagem da Islândia, aliada ao CGI,
trabalharam em conjunto para tornar o cenário perfeito. E pra completar, a HBO ainda
vem e atira um gigante bem no meio da nossa cara.
Ao final dessa cena, acredito que
a expressão no meu rosto tenha sido similar à do bastardo:
Yep.

Em minha opinião, toda a
caracterização dos selvagens foi perfeita. As peles com que eles se vestem –
semelhantes às usadas pelos inuítes (esquimós) –, as tendas…  E essa cena fez muito bem em nos mostrar tudo
isso à medida que Snow é levado através do acampamento ao invés de focar apenas
no diálogo muito bem escrito dele com a Ygritte. E o modo como a atriz Rose Leslie interpreta seu papel é sensacional.  Ela de fato não se parece nada com uma selvagem, mas certamente atua como uma! No bom sentido, é claro.

A palavra “esquimó”, criada pelos brancos,  tem sua origem na língua dos índios Cree e significa “comedor de carne crua”. Mas eles chamam a si próprios de Inuits, que significa “gente”. Acho que isso se parece muito com os conceitos de “selvagem” e “povo livre” empregados na série. (Fonte)

Algum de vocês “não-leitores” também acreditou que o Tormund fosse o Mance? A cena pra mim foi tão convincente que acho
que, se eu já não soubesse que aquele não era o Mance, eu certamente ficaria na
dúvida. E realmente, Kristofer Hivju parece-se muito mais com um rei selvagem
do que Ciarán Hinds, não? Mesmo assim, ambos se saíram bem na cena, e aposto
que eles nos surpreenderão ainda mais no decorrer dos episódios. Ótimos
atores… É até um pecado eles terem que dividir o tempo deles em cena com alguém tão ruim como o Kit Harington. O diálogo aqui também foi bom e se desenrolou com bastante
naturalidade – e um pouco de tensão nos momentos apropriados – apesar de ter sido bastante curto. A referência dada pelo Jon como desculpa para se juntar ao bando é do final do episódio 2×02 “The Night Lands”, onde ele vê o Craster entregar um de seus filhos a um Outro. Mas todos sabemos que ele está ali como um espião a pedido do Qhorin, que se sacrificou pra que o rapaz pudesse ganhar a confiança do Rayder… Bem, parece que ele ganhou… Parece…

Esse ano não demorou muito pra
que a HBO nos mostrasse o que ela mais gosta de mostrar… Cenas de sexo. Mas
sejamos razoáveis, essa cena não teve nada da pornografia exagerada da qual
muitos dos expectadores reclamam quando assistem a série. A cena foi até um
pouco cômica, ou ao menos teve essa intenção quando mostra o Bronn sendo infelizmente interrompido na melhor parte pelo
chamado do seu mestre trazido por Podrick, que só nesse episódio teve mais
falas do que na segunda temporada inteira.

 

Então somos levados aos minúsculos, escuros e desconfortáveis aposentos do anão. Que depois de quase ter sido assassinado a mando da irmã na batalha da Água Negra, parece estar com medo até da própria sombra. É sempre bom ver o Tyrion trocando
farpas com a Cersei. Muitas pessoas criticam o trabalho da Lena Headey como atriz,
mas, em minha opinião, a personagem cai nela como uma luva.  O desempenho do Peter Dinklage como ator
dispensa comentários, afinal não foi à toa que ele ganhou um Emmy e um Globo de
Ouro em 2010. O Jerome Flynn também é excelente e os dois formam uma ótima dupla… Mas
até quando? O Bronn não parece nada contente com o estado atual do Tyrion, que
anda meio apagado e cheio de autopiedade depois que o pai assumiu o cargo da
Mão do Rei. Durante a conversa dos dois a câmera nos mostra, como plano de fundo, Porto Real sendo reconstruída depois da guerra.
Se tem um homem que nasceu pra
governar, esse homem é o Tywin, por mais errado que ele possa parecer. Com
certeza todos acharam a atitude dele para com o filho caçula extremamente
injusta, mas rendeu um dos diálogos mais bem escritos e uma das melhores cenas
da série até então. Acredito que, assim como o Tyrion, eu fiquei sem palavras
pra expressar o que senti pelo cruel Senhor de Rochedo Casterly naquele momento. Apesar
de querer matar o Tywin ali mesmo, eu fiquei admirado com a atuação do Charles
Dance, que conseguiu sobrepor-se ao Dinklage de maneira majestosa. Que ator!

Essas cenas serviram pra mostrar como o Tyrion adora bancar o esperto pro lado da Cersei, mas fica parecendo um garotinho na frente do pai. Pra falar a verdade, todos os três filhos de Lorde Tywin agem dessa maneira, não?
Quando eu vi Robb e seu exército aproximando-se de Harrenhal eu achei que iria ver ao menos uma pequena batalha. Mas a HBO conseguiu se livrar mais dessa, espalhando alguns corpos pelo castelo em ruínas abandonado pela Montanha e seus homens. Aqui acontece um dialogo interessante entre os Lordes Roose Bolton e Rickard Karstark, onde o primeiro diz que seus melhores caçadores estão atrás de Jaime Lannister, que assassinou o filho do segundo no episódio 2×07 “A Man Without Honor”, antes de ser libertado pela Cat. Ainda ressentido com a mãe, Robb manda que os soldados encontrem um aposento para aprisioná-la, é quando ele e sua esposa Talisa encontram um sobrevivente em meio ao massacre: Qyburn. Vocês notaram que ele estava vestindo um robe de meistre, certo? Melhor vocês guardarem esse nome…
Um fato que talvez tenha passado despercebido para alguns é o de que Cat e Robb ainda não ficaram sabendo da suposta morte de seus dois filhos/irmãos menores, Bran e Rickon, em Winterfell. Ou será que eles souberam e a HBO por algum motivo decidiu não nos mostrar? Talvez os roteiristas tenham até esquecido, ou talvez tenham incluído a cena da descoberta em algum episódio futuro… Acredito que o luto teria feito o Robb perdoar a mãe. Mas vamos esperar e ver o que acontece.
A cena nas docas envolvendo
Sansa, Shae, Mindinho e Ros teve um aspecto muito interessante. Pouca coisa realmente nova foi apresentada ali, além daquele jogo enfadonho dos barcos. Acho que essa poderia ser facilmente uma daquelas cenas deletadas que nós encontramos
nos DVDs e Blu-rays das temporadas. Mas enfim, dentro do contexto geral, a cena certamente teve um significado. O Mindinho reforça a promessa feita em “Valar Morghulis” e a Ros pede que a Shae cuide da Sansa quando ela estiver com ele, o que nos lembra que, vide esse mesmo episódio, ela agora é uma criatura do Varys. Mas por que mudar subitamente o foco da cena? Será que Petyr e Sansa estavam conversando algo que nós não podemos saber ainda?

A caracterização do Davos quando ele finalmente reaparece é impressionante. Com queimaduras demais, provenientes do fogovivo, e dedos de menos, ele logo de cara avista um barco que por acaso é o do seu velho amigo, Salladhor Saan, muito bem interpretado pelo inglês Lucian Msamati. É… Parece que o saquinho de ossos realmente não influenciava em nada na sorte do nosso Cavaleiro das Cebolas. Desde o diálogo com o pirata o Davos já deixa clara a sua intenção de assassinar a Mulher Vermelha, e embora o lyseno tente convencê-lo do contrário, acaba sendo convencido a levá-lo até Pedra do Dragão.

A visão externa do castelo de Stannis foi outro exemplo notável dos efeitos fantásticos de CGI que permearam todo o episódio. Mas não existe computação gráfica que consiga substituir bons atores… E assistir meu preferido em cena é sempre um ótimo presente. Stephen Dillane, Liam Cunningham e Carice Van Houten são atores extraordinários, e ficam ainda melhores quando a cena é bem ambientada, bem escrita e bem dirigida, é claro. Infelizmente ela também foi bem corrida, mas nem tudo pode ser perfeito e duradouro quando se tem apenas 10 horas por ano pra contar uma história imensa com uma quantidade absurda de plots e personagens tão diversificados que se encontram a milhares de quilômetros de distância uns dos outros.
Vocês perceberam como a Melisandre conseguiu jogar toda a culpa pela derrota do Stannis na Água Negra pra cima do Davos? Ela realmente fez o rei acreditar que se ela estivesse lá, tudo teria sido diferente. E o poder da Mulher Vermelha é tamanho, que acho que até o Davos acabou aceitando a própria culpa. Por isso ele entra em desespero quando ela começa a relembrá-lo da batalha e, precipitadamente, ataca a sacerdotisa na frente do Stannis e dos seus guardas. Resultado: o ex-contrabandista termina o capítulo sendo mandado para o xilindró.
E enquanto a rainha mais velha tem problemas em lidar com pessoas de baixa estatura, a mais nova se demonstrou a verdadeira rainha dos baixinhos. Alguém mais achou a cena da Margaery um pouco forçada? Digo, uma coisa seria ela visitar o orfanato, e a outra é ela descer da liteira saltitante como se estivesse atravessando um jardim imaginário na Baixada das Pulgas. Acho que se não fosse a belíssima Natalie Dormer, que é uma ótima atriz, a cena ficaria ainda mais surreal. Mas talvez ela tenha sido feita pra sair daquele jeito. Talvez os diretores tenham forçado a barra intencionalmente, pois todos sabemos que a Margaery não é nenhuma menininha inocente, e que o que ela quer na verdade é ser A RAINHA, como ela mesma disse em “The Ghost Of Harrenhal”. E que melhor jeito de conseguir isso senão conquistando o amor dos mais pobres? Que melhor jeito de conseguir o amor dos pobres senão ajudando os órfãos da Batalha da Água Negra?
Pobre do Joffrey se ele ousasse sair daquela liteira
Vale lembrar que a população tem motivos de sobra pra odiar a Família Real: Antes da Água Negra, eles já estavam passando fome dentro das muralhas da capital, e esses foi um dos motivos de se rebelarem no episódio 2.06 “The Old Gods and The New” (além dos rumores de incesto entre a rainha e o irmão); Quando o ataque começou, o rei foi um dos primeiros a correr e se esconder embaixo das saias da mãe enquanto a cidade ardia e, depois da batalha, nada mudou… É aí que entram os Tyrell. Na excelente cena do jantar fica bem claro a que eles vieram, e a Cersei pareceu não gostar nada dessa história.

Na primeira aparição da Dany, parece que meses já se passaram desde que ela e seu “khalasar” deixaram Qarth. Seus filhos já estão muito maiores do que na temporada anterior e ela já está a apenas alguns dias da Baía dos Escravos. Eu não posso deixar de falar que o trabalho feito com os dragões na cena foi fantástico. Na conversa percebemos que Daenerys se mostra relutante em recorrer a um exército de escravos e até perde a paciência com o Jorah talvez por acreditar que ele acha aquilo normal pelo fato de ter sido exilado depois de vender invasores a um escravagista. Ela até tem esperanças de que outros dothrakis possam segui-la pelo Mar Estreito até Westeros, mas o seu velho conselheiro, como sempre, está lá pra trazê-la de volta pra realidade. E é isso que nos leva à Astapor.

Assim como eu, acredito que muitos riram com os insultos gratuitos do mestre de escravos Kraznys mo Nakloz. Além disso também fomos introduzidos à tradutora Missandei e aos tão falados Imaculados, com destaque para a polêmica cena do mamilo. Todos serão muito importantes mais tarde, mas talvez a maior aparição do episódio, ou ao menos a mais surpreendente pra quem não leu o livro, foi a do Barristan Selmy. Vocês lembram do velho Barristan, certo? Aquele senhor Comandante da Guarda Real que foi expulso pelo Joffrey e substituído pelo Cão na primeira temporada, como o próprio Mormont esclarece depois… Ele esteve esse tempo todo procurando pela sua rainha. A filha do rei Aerys, a quem ele também serviu antes de Robert, e já aparece salvando a vida dela de uma manticora dada de presente por uma garotinha super esquisita que, claramente, na verdade era um dos warlocks de Qarth. É claro que é impossível esquecer a cara bonita do Pyat Pree, mas para aqueles que conseguiram tal façanha, ele era um mago que roubou os dragões da Daenerys na temporada passada, e que depois morreu queimado por eles. Bom, se agora você lembrou dele, também lembrou que ele tinha uma centena de clones, e talvez a Dany tenha matado um deles no lugar do verdadeiro, que agora busca vingança.

Manticora é uma criatura mitológica, semelhante às quimeras, com cabeça de homem.
Percebam que na série, o rosto humano aparece na cauda do bicho.

Acontece que ao salvar a jovem, sor Barristan automaticamente ganhou uma vaga em sua Guarda da Rainha. Mas quem pareceu não gostar disso foi o Jorah. Vocês perceberam a cara dele de descontentamento no final? Isso se deve ao fato de que Barristan serviu o Robert e, como Comandante da Guarda Real, fazia parte do seu Conselho. Logo, ele sabe que o Jorah, inicialmente, havia sido contatado para espionar os Targaryen em troca do perdão do rei (vide o 7º episódio da primeira temporada, na cena do mercado). Vamos ver no que isso vai dar…
Apesar de ter sentido falta de alguns personagens como Arya e Bran, acredito que foi uma decisão sábia ter empurrado as cenas deles para o próximo episódio, pois isso permitiu que tivéssemos uma estréia impactante mas sem aquela correria que tivemos no ano passado. E de quebra ainda nos deixou com mais ansiedade para o 3.02: “Dark Wings, Dark Words“, que vai ao ar no domingo.
Embora a frase que deu titulo ao episódio, “Valar Dohaeris”, sequer tenha sido mencionada durante as cenas do mesmo, podemos perceber que a “servidão” esteve presente em várias delas. Davos servindo ao Stannis, Jon cumprindo seu dever com os selvagens, Bronn negociando seus serviços com o Tyrion, Tyrion pedindo recompensas por ter servido sua família, Margaery servindo ao reino, Selmy servindo à Daenerys, Mindinho ajudando a Sansa, Ros, Shae e os Imaculados servindo seus respectivos mestres e servindo, e servindo… Enfim, todos os homens devem servir. E acredito que a  produção da HBO – roteiro, cenografia, direção e etc – nos serviu bem nessa estreia, assim como espero que essa minha análise tenha servido bem a todos vocês.
Não esqueçam de dividir suas opiniões com a gente nos comentários abaixo. Mas lembrem-se: aqui é SEM SPOILERS.
___________________________________________________________________________ATENÇÃO: O Davos não é o único que pode ir parar na masmorra esse ano. Se você quer participar do MasmorraCast da terceira temporada de Thrones, clique aqui e saiba como enviar o seu áudio!