Vale lembrar que esse texto NÃO CONTÉM SPOILERS DOS LIVROS, pois é direcionado principalmente para aqueles que ainda não começaram ou terminaram a leitura dos mesmos.
Vanessa Taylor é conhecida
principalmente pela confusão que foi o episódio 2.04 “Garden Of Bones”. Não que o episódio tenha sido ruim, pelo
contrário. Mas certamente teve diálogos confusos, corridos e extremamente
rasos, como no ligeiro confronto entre Renly e Stannis e no disparate que foi o
primeiro encontro da Daenerys com os Treze nos portões de Qarth. Em minha
humilde e leiga opinião, a Vanessa tem sérias dificuldades pra construir um
diálogo que se sustente, às vezes recorrendo para falas repetidas ou “engraçadas” ao invés das sacadas inteligentes que normalmente permeiam
as conversações na série.
A fim de chegar a Correrrio a tempo do funeral do avô, Robb e sua tropa de nortenhos começa a marchar imediatamente pelas Terras do Rio, crente de que quando chegar lá, seu tio Edmure (novo Lorde Tully depois da morte do pai) terá soldados suficientes para tapar o buraco deixado em seu exército pela falta dos homens de Lorde Frey, que ele traiu ao se casar com Talisa, como Lorde Rickard Karstark fez questão de deixar claro. Mas o que sobra de esperança no jovem rapaz, falta ao seu velho vassalo ranzinza, que desde o episódio 2.07, quando viu seu filho morto pelas mãos do Regicida, vive emputecido com o rei e sua mãe.Quando eu disse lá em cima que a performance da Michelle tinha sido excepcional nesse capítulo, com certeza eu tinha essa cena em mente. É possivel ver a culpa e o pesar na Cat quando ela diz que pelo fato dela não ter cumprido sua promessa, toda essa desgraça acometeu-se sobre a sua família. Aquela espécie de guirlanda que ela estava tecendo simbolizava a estrela dos Sete e, pra quem não se lembra, ela estava mesmo fazendo uma daquelas ao lado da cama do Bran quando ele caiu, na primeira temporada.
Eu acho injusto quando alguns fãs dizem odiar a Catelyn simplesmente pelo fato dela odiar o Snow, que é um personagem adorado por muitos. Snow era a prova viva de que Ned a traiu, como ela mesma disse na cena, e toda vez que ela cruzava com ele nas dependências do seu castelo, ela era obrigada a se lembrar da traição. Em Game Of Thrones é assim, não existem personagens totalmente bons ou totalmente ruins (bem, talvez existam alguns totalmente ruins… cof, cof… Joffrey… cof, cof…), existem humanos. E nenhuma lei poderia obrigar a Cat a ser mãe do Jon Snow numa sociedade como essa. Nem mesmo a dos Deuses, aparentemente.
Além da Muralha, o “filho sem mãe”, agora oficialmente infiltrado no exercito dos selvagens e com direito a uniforme, marcha para o sul, para a Muralha. Eu gosto quando a série separa uma cena como essas pra explicar um pouco mais sobre o universo das Crônicas, como quando o Mance fala sobre os diversos clãs de selvagens que compõem seu exército e quando eles falam sobre os wargs, informação que é complementada pelo Jojen Reed posteriormente, ao mesmo tempo que nos apresentam o personagem Orell. Meio sinistro ele, não? Eu gostei do modo como ele controla suas habilidades, diferente do Bran, que só consegue escorregar pro Verão enquanto está dormindo. O ator Mackenzie Crook, conhecido por papéis mais cômico em filmes como Piratas do Caribe e na serie The Office, faz mesmo esse tipo esquisitão.
Os corvos mortos vistos pelos olhos do warg ficaram para trás, no Punho dos Primeiros Homens, e os sobreviventes da Patrulha seguem caminhada rumo à mesma direção do exército selvagem (o que não quer dizer que eles necessariamente irão se encontrar, afinal, o Norte é gigantesco). Bem, alguns deles seguem… O Samwell, depois de se arrastar por um bom tempo atrás da marcha, quase desiste de continuar por causa das adversidades, aliadas às provocações do Rast, que para quem não se lembra, era o cara que provocava ele no pátio de treinamento em Castelo Negro e que esteve sumido da série por um tempo. São os amigos do Sam, Grenn e Edd, que o ajudam a se levantar, assim como os amigos foram a causa do Jon ter desistido de desertar lá na primeira temporada. É importante a série nos mostrar isso para sabermos que os membros da Patrulha devem tratar uns aos outros como verdadeiros irmãos. A atitude do Lorde Comandante ao deixar o próprio Rast como responsável pelo Tarly durante a viagem é uma boa prova disso.
Foto da belíssima Tracy Bond autografada por Diana Rigg.(Até parece um pouco a Margaery, não?) |
As intenções da Margaery já
estavam um pouco claras desde a temporada passada e em “Valar Dohaeris”, quando a vimos visitar um orfanato na Baixada das
Pulgas, conquistando assim o apreço dos plebeus. A Cersei percebeu isso naquele
jantar, e tentou alertar o Joffrey, mas como sempre ele não deu ouvido.
O primeiro diálogo de Jaime e Brienne foi uma das passagens mais bem escritas do episódio (junto á cena da Sansa com a Margaery e a Olenna nos jardins da Fortaleza de Maegor). Aqui, as piadas e as falas engraçadas que a Vanessa tanto usa realmente funcionaram devido ao humor ácido do Jaime e da suscetibilidade da Brienne a responder suas provocações. Os dois atores, Gwendoline Christie e Nikolaj Coster-Waldau, tem uma química incrível em cena, e a diferença entre os personagens torna interessante praticamente qualquer debate entre eles. No final da discussão, quando a Brienne ameaça dar uma surra no Lannister, ele solta uma daquelas suas frases icônicas – “Eu não culpo você. E não culpo ele também. Nós não escolhemos quem amamos”, que é uma clara referência não só ao amor da Brienne pelo Renly e do Renly pelo Loras, mas também do amor dele pela sua irmã gêmea, a Cersei. Ponto pra Vanessa nessa.
Não muito longe dali, o trio favorito de Westeros (prefiro o de Pedra do Dragão) continua sua viagem ao saírem de Harrenhal. Se a Arya tivesse ficado lá, ela teria encontrado seu irmão Robb e sua mãe? Nunca saberemos. O mais provável é que ela estivesse entre os corpos encontrados por eles no castelo em ruínas. E começamos com uma pergunta interessante feita pelo Gendry a cerca dos assassinatos praticados pelo Jaqen, uma pergunta que, acredito, muitos fãs também fizeram. Por que a Arya não disse um dos nomes que ela tanto repetia em suas orações e acabou de vez com essa guerra? Ela então responde que queria que eles saíssem de Harrenhal, e eles saíram. Convenientemente, o bate-boca é interrompido por uma canção sendo entoada ao longe… As Chuvas de Castamere… uma canção Lannister. A jovem loba e seus amigos se escondem, mas o Bullseye de Westeros (ou Deadshot, se você for mais da DC), também chamado de Anguy, consegue amedrontá-los com sua mira super-humana. Tudo bem, quiseram nos mostrar que o cara era foda, e nós entendemos o recado, mas aquilo foi meio surreal tendo em vista que a HBO sempre tenta “suavizar” esse lado mais fantástico da história. Tranquilo. Foi bom conhecer ele e o aspirante a cantor, Thoros de Myr, uma figuraça interpretada pelo ator Paul Kaye, que é um comediante.
Certamente muitos não vão recordar, mas o Thoros e sua espada de fogo já tinham sido mencionados antes na série antes durante a primeira temporada, quando o Jaime está de guarda na porta do falecido rei Robert enquanto este se diverte com suas putas e o também falecido Jory Cassel se aproxima para falar com ele sobre a Rebelião.
Enfim, tanto o Thoros quanto o Anguy são membros da Irmandade Sem Estandartes, que estava sendo caçada pela Montanha e seus torturadores na temporada anterior e é liderada por Beric Dondarrion, um cavaleiro que é enviado pelo Ned no episódio 1.06 para trazer Gregor Clegane á justiça pelo terror que ele tocava nas Terras do Rio (leia esse texto aqui).
Por falar no Gregor, bem que eu estava sentindo falta do irmão dele, o Cão de Caça, um dos meus personagens favoritos da saga. Ele fugiu de Porto Real depois da batalha da Água Negra (Fuck the kingsguard, fuck the city, fuck the king) e provavelmente esteve vagando sem rumo desde então. Longe de querer soar como um expert, mas acho que algo de errado houve na direção dessa cena na estalagem. Ela foi um pouco corrida e confusa. No exato momento em que o Thoros diz “Sente e coma, depois vá embora”, os três amigos, que deveriam estar famintos, levantam deixando o ensopado ainda quente em cima da mesa e dão de cara com o Sandor sendo arrastado para dentro pelo Anguy e mais alguns companheiros figurantes. E é aí que ele, de maneira muito forçada, reconhece o rosto da Arya e revela sua identidade para todos os presentes.
Bom, o fato do Cão ter reconhecido a Arya deve significar que o Mindinho, que esteve muito mais próximo dela na capital, também a reconheceu em Harrenhal, naquela cena da segunda temporada com o Tywin, onde ela os servia como copeira, lembram?
Bom, depois da mais rápida e decepcionante simulação de luta entre Thoros e Arya, nada mais justo do que sermos presenteados com uma luta de verdade entre Jaime e Brienne, uma cena que me lembrou muito aquela luta entre Jaime e Ned, no quinto episódio da primeira temporada. Alguns questionaram o fato do Jaime ter sido derrotado, já que ele é considerado por muitos um dos melhores espadachins dos Sete Reinos. Justo. Mas vamos levar em consideração que ele estava exausto da caminhada e que tinha correntes nos pulsos.
No episódio passado, quando Robb e seu exército chegaram à Harrenhal, Roose mencionou ter um dos seus melhores caçadores atrás do Regicida. Ainda assim, se não fosse pela ajuda do velho que a Brienne se recusou a matar mais cedo, talvez ele não tivesse sido encontrado. Os créditos então aparecem de forma repentina na tela quando os homens do Bolton e seus cavalos se aproximam dos dois viajantes, deixando a parte da audiência que não leu o livro desesperada pra saber o que acontece depois dali.
Descobrirão no domingo.
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