O texto a seguir possui spoilers do livro A Tormenta de Espadas que ainda não foram abordados na série até a presente data (19/04). Leia por sua conta. No episódio foram abordadas cenas descritas nos capítulos: Catelyn II, Catelyn IV, Tyrion III, Jaime III, Jaime IV, Arya III, Jon II, Sam II, Dany II e Dany III. Para encontrar o conteúdo geral destes capítulos, clique aqui.

Ligar a TV todo domingo as dez da noite durante essa temporada tem sido algo surreal. Talvez do mesmo jeito que era durante a primeira temporada, quando tudo era novo e realmente emocionante. Walk of Punishment, dirigido por David Benioff (que estreia na direção) e escrito por ele mesmo em parceria com D. B. Weiss, entrega o que talvez tenha sido o primeiro episódio integralmente autoral dos dois produtores. Um eletrizante, bem humorado e cruel episódio que, apesar de ter entregado demais a linguagem dos livros em certos pontos e de menos em outros, foi certeiro em dar vida a algumas das cenas mais icônicas dos livros. Estupros, crucificação, mutilação, carnificina de animais… quem disse que isso é tão menos desgastate quanto as cenas de nudez?

Adeus, Lorde Hoster. Foi realmente uma pena não termos a oportunidade de conhecer o senhor.

O funeral do avô de Robb é uma adaptação de Catelyn IV. É gostoso ver personagens secundários dos livros
ganharem vida na TV, como os Tully, e especialmente Edmure e Peixe
Negro
. Porque Edmure é figura central no casamento vermelho, e porque são
personagens vivos que se encontram em uma situação bastante peculiar
nos livros publicados até então. Observem o detalhe da armadura do tio de Catelyn. Toda vez que alguém te perguntar o porquê que o design de produção da série é tão fabuloso, lembre-se deste exemplo. Não há dúvidas de que o homem é, de fato, um Peixe Negro:

Ainda falando sobre Brynden Tully, há nos livros a teoria de que lorde Hoster odiou o irmão por trinta anos, não somente por este ter se recusado a se casar, mas pelo real motivo da recusa: Peixe Nego seria gay. Isso é algo que Martin nunca revelou (como fez com Renly e Loras e um certo personagem de A Dança dos Dragões), e estou muito curiosa pra saber se a série talvez levará isso a diante. Nos livros, o Peixe Negro trabalhava no Ninho da Águia com a sobrinha Lysa antes de começar a trabalhar na campanha de Robb em A Guerra dos Tronos (livro 1). Esse Tully é um personagem tão bacana que deveria estar na série desde a primeira temporada. E quanto a Edmure, bem, toda essa discussão dele com Robb é adaptação de Catelyn II. Muitas coisas e circustâncias foram modificadas em relação a este capítulo, mas se o papel da série é mostrar o quanto Edmure é teimoso e ingênuo, ponto pra eles.

Nos livros, tem todo o lance de que, quando moribundo, sor Hoster murmura para Cat: “Tansy (Tanásia)… perdoe-me… o sangue…você terá outros… bebês amorosos, e legítimos…” e ela deduz que Tansy (Tanásia) é uma criança abortada por Lysa, antes de ter se casado com Jon Arryn. Uma criança que ela concebeu com Mindinho.

Ah, os Tully… uma família do barulho. Todos teimosos e muito emotivos. Lysa é… uma pessoa horrível e idiota, para dizer o mínimo. O patriarca Hoster teve a capacidade de ficar 30 anos sem falar com o irmão por puro recalque. Edmure é um panaca e tanto quanto Robb. Catelyn é apenas um reflexo de tudo isso. E vemos que os Stark que puxaram os cabelos ruivos da parte da família são também os que replicam essa personalidade: Robb e Sansa. Mas olha, simbolismo dessa família é muito belo, principalmente a maneira como eles se comportam durante a guerra, verdadeiros bastiões do Norte. É muito bacana conhecê-los, finalmente.

Com elementos de Tyrion III, esta cena do Pequeno Conselho muito parecida com o livro, tirando o fato de que não temos aqui os patriarcas Tyrell, Rowan e Redwyne, afinal de contas, sem eles não haveria vitória na Blackwater Bay.

A economia do universo de Game of Thrones é algo que vamos aprendendo na leitura através dos capítulos de Tyrion n’A Tormenta, Jon e Dany n’A Dança e com Cersei em O Festim (é claro que durante os outros livros também, mas nestes exemplos principalmente). E o papel de Mindinho nessa história é absolutamente crucial: ele quebrou as economias do Trono de Ferro de propósito ou Robert fez isso sozinho?

O papel dos Lannister para desenhar essa teia tão complicada é muito interessante. O que é dinheiro em O Senhor dos Anéis? Nada, ou ao menos nada é explorado nese sentido. Todo o tesouro que Bilbo ganha fica guardado, e, se você é um hobbit sem muito dinheiro, você é feliz mesmo assim. Pode não ter tudo o que quer, mas sempre terá alguém pra pagar sua cerveja e sempre terá frutas, carne e bolos na sua mesa. O que é dinheiro em A Guerra dos Tronos? Bem, é o que vai financiar homens para a guerra, o que vai produzir espadas, é o que vai construir navios e é o que vai pagar as prostitutas e toda a comida que está sendo servida na sua mesa. Festas, torneios, casamentos não são de graça, muito menos baratos. A manutenção da Fortaleza Vermelha, com milhares de nobres enchendo o caneco e não fazendo nada o dia inteiro não vem do nada. Enquanto isso, milhares de órfãos não tem nem o que vestir e muita gente passa fome nas ruas. Não tem dinheiro pra nada disso? Peça aos Lannister, há ouro até em suas latrinas. Mas tudo isso terá que ser pago de volta e com juros. E como você paga isso? Você pode pedir impréstimo ao Banco de Ferro de Braavos. E não se esqueça que, como entidade, você deve a eles outros impostos para manter a economia funcionando. E daí você morre e os Lannister estão sentados no trono que era seu. Mas peraí, era seu mesmo, Robert? Ou era de quem tinha o dinheiro?

A verdade é que Tywin é sábio e sabe que não há ninguém melhor do que Tyrion para manter o patrimônio da família e continuar a exercer o trabalho mais sujo dos Sete Reinos. Porque pra ele Tyrion é sujo, e vai encontrar nos livros e na sua falácia uma maneira de perpetuar esse trabalho. Dinheiro é poder, e um Lannister sempre paga suas dívidas. Mas dinheiro nem sempre resolve as coisas, como Jaime aprende na última cena do episódio. No entanto, em Porto Real é assim que funciona. Mindinho consegue absolutamente tudo o que almeja através desta posição de Mestre da Moeda. Mas à sua maneira de jogar. Tyrion não pode tentar fazer o correto. Mas ele vai, não é mesmo, gente? Ele vai. 🙁

A despedida de Hot Pie (Torta Quente em português, e Pastel Caliente em
espanhol. Como não amar?) foi muito honesta e triste, inspirada em parte do capítulo Arya III. Mas mostra pelo
menos algo na original personalidade de Arya, o fato de que ela é
desapegada. Bem Arya, nós nos lembramos de Mycah, mas o Cão não. E metade da audiência não faz ideia de que essa hospedaria seja a mesma em que Lady morreu. Se isso é tão importante, porque os roteiristas não escreveram isso direito?

Enquanto o garoto Lannister mostra o quanto teme Robb, que ele se transforma em lobo e mata todo mundo a noite e tudo mais, na verdade vemos que Robb já não é respeitado por ninguém e se parece cada vez menos com um rei. O que é uma pena. Qual seria o ponto, aqui? Ok, a teoria de que Talisa é sim a mesma personagem que Jeyne Westerling é nos livros. Mas não é como se essa cena fizesse diferença. Estes garotos Lannister são substitutos aos personagens Willem Lannister e Tion Frey, futuras vítimas do Karstark.

E então temos a cena que claramente é uma homenagem bizarra a O Poderoso Chefão. Qual o lance com essas White Walkers da série que eles são todos artísticos e fazem esses símbolos com os mortos? Não sei, acho que isso está sendo usado apenas como recurso de linguagem pra chocar e que não vai dar em nada, como tudo relacionado as criaturas geladas na série.

O bacana é que Mance Rayder viu que os corvos foram atacados e já se antecipou a mandar Jon Snow, Orell, Ygritte e Tormund Giantsbane pra escalar a Muralha e abrir caminho pra ele passar. Mas de novo, esse núcleo está literalmente frio e respingado entre um episódio e outro. Esta cena de Jon tem elementos de Jon II, o mesmo capítulo em que Jon é atacado pela águia do Orell. Sendo que Orell foi morto por Jon em A Fúria dos Reis, mas parte de sua consciência ainda está em seu animal.

Mas a adaptação de Samwell II é legal. O clima de tensão na casa do Craster está muito bem construído. Ele
falando sobre os “deuses verdadeiros” foi bastante sombrio. O Craster
tem essa pinta de Hannibal Lecter que serve muito bem a adaptação de TV.
Muitos personagens visivelmente perturbados são, na maioria das vezes,
interpretados de maneira passiva (como os selvagens e muitos dos bannermen de Robb, por
exemplo. Saudades do Grande Jon Umber…). Craster no entanto tem muita
presença, mesmo que o núcleo dele acabe provavelmente no capítulo de
domingo que vem, o qual o título já diz tudo (And Now his Watch Has
Ended). Mas… porque as piadas de gordo com Sam? Não é como se Craster
estivesse em forma, vamos combinar.

Foram muitos minutos de tela dedicados a mostrar Theon sendo torturado,
perseguido, espancado e quase estuprado. Muito triste saber, porém,
que era óbvio que ele seria alcançado durante a belíssima cena de
perseguição. Essa temporada é de ação. É legal lembrar que Alfie Allen
foi o ator mais presente na 2ª temporada, e apesar de ser óbvio, esse é
um dos motivos para a linha de história dele estar sendo mostrada este
ano. Essas cenas provavelmente serão cada vez mais violentas e
aterrorizantes. E enquanto temos isso, falta Arya, falta mais da
Irmandade e de todos os camponeses que defendem as ideias da Irmandade.
Falta Mance e Tormund. Se sexo e violência estão sendo mostrados em demasia, porque as pessoas só reclamam do sexo?

Mas ok, além da tão expressiva paisagem de comerciais da Marlboro e o fato de que Alfie Allen é um tremendo artista, temos “boy”, que agora temos certeza ser um “bastardo”. Assim como vocês, estou muito curiosa com a ascenção de Ramsay será contada na TV. O que dá pra perceber, é que ele levará esse prêmio ao pai. Na série, ele não tem a fama que tinha nos livros desde o começo, não casou-se a força com a senhora Hornwood e não a esfolou, muito menos tornou-se senhor de Winterfell. Enfim, depois do casamento vermelho os Bolton estarão em destaque. Acho que tudo está caminhando neste sentido.

Todo mundo em Game of Thrones agora é um exímio arqueiro, não é mesmo? Jojen, Meera, Bran, Ygritte, O Bastardo Bolton, Os Tully, Talisa, everyone.

O cabelo da Melisandre está muito mais escuro, muito mais adequado. Ela era a única personagem que, apesar de tudo, parecia muito um cosplay. Mas, voltando ao “assassinato da caracterização dos personagens“: Stannis exigiria uma sombra de Melisandre pra poder chegar ao trono de ferro? Ele faria isso, o homem mais justo, mão de ferro e honesto dos Sete Reinos? O homem mais “correto” de todos, que abomina promiscuidade? O homem sem fogo que Melisandre confronta é justamente o homem que é o caráter de Stannis. Se Stannis perde isso, não há motivo para Davos amá-lo e admirá-lo. Quem dera Stannis tivesse tanto tesão em fazer as coisas acontecerem… mas não é isso o que ele mostra ao longo de todos os livros publicados até agora. Apesar disso, a cena foi muito bacana e o sotaque holandês da Carice é muito fofo.

É legal perceber o semblante da Dany, que mostra bem mais inteligência e astúcia do que na temporada passada. É muito estranho também, porque é um pouco cruel. Ela parece se sentir um pouco superior a Kraznys, e parte disso vem do fato de que, ele não sabe, mas ela entende perfeitamente a língua que ele fala e sabe exatamente o que fazer (embora do texto do Martin as coisas não sejam exatamente assim). E daí, o medo de que ela pareça prepotente demais desaparece quando percebemos que ela parece quebrar ao observar os escravos e o povo daquele lugar. É bem bonito de se ver. É bem complicada a campanha da Dany porque, entre os pretendentes ao trono, ela é a única que de fato não é uma guerreira. Ela tem três armas de destruição em massa e um nome. E bem, basicamente se sente pra caramba. Mas acho que esse é o fogo do dragão.

A presença de Dany no episódio tem elementos dos capítulos Daenerys II e Daenerys III. Toda a dinâmica do acerto de trocar os Imaculados com os dragões não teve o mesmo impacto dos livros. Me lembro de ler aquilo e odiar George por ter feito isso com sua personagem. Eu acreditei que Dany estava trocando Drogon, porque foi exatamente isso o que ela ia fazer. Ela estava com medo e desesperada. Na série ela não tem medo e não está desesperada. E quando acontece a cena da troca, para o leitor, é o momento mais legal de Dany em todos os livros, por conta dessa essa justaposição que Martin fez: medo, luta e conquista. Aqui serão apenas palavras e conquista. Não foi George quem duvidou da personagem, fomos nós. E descobrir isso na leitura é lindo. Na série? Não é lindo, mas é quase.

Dan Hildebrand é um excelente Kraznys e eu adoro a maneira como a língua
valiriana (especialmente o valiriano ghiscari) foi criada e é
pronunciada (estamos preparando um especial com alguns termos em alto
valiriano na série, aguardem).

Tyrion é um senhor bastante generoso, e, para aqueles poucos que se propõe a trabalhar com ele, ele mostra-se um verdadeiro amigo. E então, para recompensar Pod por ter salvo sua vida, ele decide presenteá-lo com muita diversão com as garotas do Mindinho. Nos livros, Podrick Payne é um garoto de 12 anos. A cena é engraçada de fato, principalmente porque Podrick é um personagem querido e extremamente inocente. Quando ele volta com a bolsinha de dinheiro intacta, temos inúmeras teorias do que pode ter acontecido, porque Pod ser um Deus do sexo é uma piada realmente muito fraca a essa altura do campeonato. Tem que haver algo por trás disso. Talvez a dinâmica mais provável seja a de que Mindinho esteja revertendo as posições de poder para Tyrion, uma vez que na cena anterior, Tyrion mostrou-se superior a ele. Como se Mindinho mandasse a mensagem: “aqui sou eu que mando, e eu não preciso do seu dinheiro”.

Jaime fez isso com Tyrion no passado, e isso o fez muito feliz (Tysha). E agora Tyrion fez com Podrick. Não há nada de errado nisso, é algo que Tyrion faria mesmo. O problema é todo o espetaculo por trás disso, não é mesmo? Será que Tyrion foi ao bordel e treinou as moças para que cada uma saísse de sua cortina em sincronia?

E há sim a possibilidade de Podrick não ter feito nada e sentado durante alguns minutos com as moças perguntando a elas quem são, de onde vieram e o que desejam. Podrick sendo o anjo da guarda que ele é. Porque as moças podem ser úteis no futuro, e Podrick talvez veja isso. Vale lembrar que, se você trabalha para o Mindinho, você não é feliz. Se matam o seu bebê porque ele é bastardo do rei, você deve engolir o choro e continuar trabalhando. Vimos isso no ano passado, lembram-se?

O “Nó Meerense” foi durante muito tempo uma expressão que R. R. Martin
criou enquanto escrevia a Dança dos Dragões para exemplificar o quão
complicado estava sendo escrever aquela plotline
(tanto que todo mundo sabe, não é muito fácil ler aquilo, e a
dificuldade de George se refletiu claramente no livro). E bem, é claro
que a série traduz essa piada internet dos fãs em uma posição sexual.
Vale lembrar que anunciamos aqui quando a contorcionista da cena
confirmou que estaria na série (e na 4ª temporada também).

A conversa inicial de Locke com Jaime enquanto Brienne e os homens Bolton discutem ao fundo é fenomenal. Isso é crédito pra edição e mixagem de som deste ano, que está excelente. E enquanto Brienne é trazida de volta, e ela percebe que Jaime conversa com Locke, seu olhar parece querer mostrar incredulidade quando na verdade, ela pressente que algo de muito errado está acontecendo. Atriz maravilhosa.

Sobre a canção The Bear and the Maiden Fair: eu que acompanhei durante a semana toda todos os comentários possíveis e imagináveis sobre o assunto, acho que a frustração geral é justificada por um ponto bastante simples: a versão da música e a banda escolhida. O problema não foi a música ter sido tocada de maneira tarantinesca, em um contexto esquisito pra te deixar desconfortável. O problema é que a versão para a música, que é tão queria para os fãs, é bastante categórica.

É uma questão de gosto. A versão do Hold Steady, para parte das pessoas, é inferior ao padrão musical da série que vemos na banda The National e nas composições originais do Ramin Djawadi.

O que me chama mais atenção nessa discussão toda é que, tirando o fato de que você achar que uma música é boa ou não é algo bastante pessoal e subjetivo… vocês compreendem qual é a mensagem da música, certo? Porque é isso que importa e, voltando ao contexto da série, isso é o mais importante na hora de analisarmos pra ver se “funcionou” ou não.

Bem, vamos lá. Clique aqui e veja a letra em português na tradução da editora Leya (Jorge Candeias). A música fala sobre uma mulher e um urso dançarino, e ela é mostrada já no início do episódio sendo entoada pelos possíveis estupradores de Brienne. Na letra, vemos uma donzela que resiste, até que o urso lambe o mel de seu cabelo“, e, em seguida, ela ‘esperneia, chora, suspira e grita‘. A mensagem é bem clara, certo? A história sobre uma mulher aprendendo a gostar de ser dominada por uma besta, que é o tipo de coisa que está por trás da cultura de estupro. Jaime confirma a mensagem quando diz durante um diálogo: Feche os olhos, e finja que é Renly. Essa é a mensagem da música. A melodia é outra história e vou me abster de comentar o que realmente achei pra não dividir opiniões. Mas, repito: lembrem-se da mensagem da canção. Essa mensagem se encaixa em basicamente todas as cenas do episódio.

Inclusive, esta conversa em Jaime e Brienne é uma adaptação de Jaime IV e a cena final é adaptação de Jaime III. Em todos os povs de Jaime a caminho de Harrenhal ele conta pouco a pouco através de monólogos internos o que aconteceu no dia em que matou Aerys e é a primeira vez que a verdade sobre o Regicida começa a nos ser contada. Na série, não.

Acho que a única coisa que resta pra falar sobre a cena da mutilação de Jaime é o seguinte: É extremamente difícil trazer para a TV as cenas icônicas dos livros e essa foi uma das felizes ocasiões em que a emoção que senti na TV foi mais forte do que a emoção que senti lendo. E sei que com vocês foi assim também. Eu fiquei horrorizada e emocionada. Algumas pessoas acharam muito engraçado. Outras pularam de alegria. O importante é que de fato foi algo brilhante. A reação de Jaime, que demorou pra entender o que havia acontecido com sua mão foi absolutamente espetacular. Algumas pessoas vieram nos avisar via Twitter que alguns arquivos de torrent estavam com problema no áudio durante essa cena, então, só pra deixar claro, na TV a música só começa a tocar segundos depois que sobem os créditos, porque conseguimos ouvir o grito de dor do Regicida durante algum tempo. Então a cena pode ser sido estragada pra quem assistiu través de downloads.
Em um episódio cheio de brutalidade e abuso da linguagem que mostra que mulheres devem ser abusadas e tratadas como propriedade, Daenerys se destaca ao acolher Missandei mostrando pra ela que o mundo é cruel e que todos os homens sim, devem morrer. Valar Morghulis. Mas elas, bem, elas duas não são homens coisa alguma, audiência. Walk of Punishment é o nome de uma rua em Astapor, mas também mostra a recompensa ou punição que cada personagem parece ganhar. Jaime é mutilado por ser um fodedor de irmãs e um Lannister. Tyrion, você queria visão e prestígio? Então toma este trabalho horrível como punição. Dany, você quer um exército? Então me dê o seu dragão. E por aí vai… e sabe o que é mais aflitivo? Para todos esses personagens, a jornada vai ficando cada vez mais sombria. E estar crucificado e exposto à morte é apenas uma figura de linguagem que exemplifica o que é tentar lutar pelo que se quer no universo desta série.

[PODCAST] Não esqueça de
enviar o áudio de suas impressões do episódio para participar do
Masmorra Cast no final da temporada. Vale lembrar que você só pode
mandar um áudio durante toda a temporada, então, se você curtiu bastante
esse episódio, corre lá.

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x] Em todas as minhas resenhas sempre garimpo imagens e gifs do Tumblr pra ilustrar o texto. Aqui você encontrou imagens retiradas de sites como: wicnet,th3-woman-woman e capsofthrones. O trabalho desses tumblrs na criação e tratamento dessas imagens é muito bacana, bem feito, completo e especial. Não deixe de acompanhá-los.