O texto a seguir possui spoilers do livro A Tormenta de Espadas que ainda não foram abordados na série de TV. Se você não leu o livro ainda, pedimos que leia esse texto que o Rafa escreveu, especialmente pra você. O episódio adaptou os capítulos Bran III, Jon V, Dany IV, Arya IX, X e XI e Catelyn VI e VII. Para ler o conteúdo geral destes capítulos, clique aqui.
No exato segundo em que os silenciosos créditos deste episódio acabaram de ser exibidos eu sabia que jamais seria capaz de escrever esse texto. E é por isso que ele está sendo publicado tão tarde essa semana. Ler A Tormenta de Espadas é uma atividade que nos machuca psicologicamente e também fisicamente, por que ter que segurar aquele livro grande dói, os grandes capítulos que se arrastam aliados as suas sangrentas conclusões doem. Conclusões que nem sempre trazem um sentido de justiça. A enorme quantidade de personagens, as batalhas e todas as mortes. É um fardo (no melhor e no pior sentido da palavra), que te molesta em todos os sentidos. Além é claro do fardo de ter o spoiler preso na garganta, não é mesmo? Finalmente podemos falar abertamente sobre isso com todos os nossos amigos, o que de fato é um marco histórico em toda a relação pessoal que temos com essa saga. Escrito por (Martin, né?) David e Dan e dirigido por David Nutter esse foi o episódio com a sequência de cenas que definiram Game of Thrones. Seja pelo bem da história, execução e atuação de Michelle Fairley ou pelo mal de se adaptar um livro tão estranho e maravilhoso.
David Nutter foi o mesmo cara que dirigiu “The Old Gods and the New” e “A Man Without Honor“. Ele entende a Michelle Fairley, Richard, o pequeno Art e Rose Leslie. Foi ele quem, por exemplo, dirigiu aquela que foi a melhor cena entre Jon e Ygritte na 2ª temporada. Acho que a escolha dele foi baseada exclusivamente nessa relação com os personagens. Apesar da “direção de personagem”, muitas cenas coadjuvantes foram muito bem executadas e coreografadas. Desde a belíssima dança da morte que Verme Cinzento exibiu nos muros de Yunkai (e que infelizmente não coube no tema do episódio) até o momento em que os músicos se revelam besteiros, ou a maneira animalesca que as mulheres Freys foram representadas o tempo todo.
Ninguém nunca mais é o mesmo depois do Casamento Vermelho. Tanto que uma série de outras coisas terríveis acontecem na história e, na maioria das vezes, temos a sensação de que já estamos vacinados para aquilo. Algo é feito com a nossa alma, algo irreparável.
O pessoal aqui da equipe do site passou o dia todo tenso no domingo. O problema de assistir a esse episódio sendo leitor é a sensação crescente de horror que sentimos durante o tempo todo. Além de ser gradativamente torturante pra quem leu, tivemos um elemento surpresa que não esperávamos. Não só a morte da Talisa, mas a maneira que ela foi realizada. E a nossa experiência foi tão única quanto a dos que não leram os livros, justamente por causa da Talisa aliada ao horror premeditado. A presença de Talisa na série se confirma inclusive apenas como uma maneira de fazer do Red Wedding um evento grandioso da maneira que ele “merece”. Algo chocante e inesperado pra todo mundo.
Tirando Dany e Sam, esse foi um episódio de Starks, um episódios de lobos e um episódio do desencontro deles (menos Sansa, que agora é uma Lannister). A gente não via isso desde a primeira temporada. E é por isso que o impacto da última cena é tão grandioso. Ok, sabemos que a ruína deles vem do jeito que Ned os ensinou a ser sempre justos, honestos, íntegros. Mas o passado dessa família também é cheio de dramas. A misteriosa morte de Lyanna, aliada a Rickard e Brandon mortos por Aerys de uma maneira tão terrível, e recentemente o estranho sumiço do tio Benjen. Até mesmo a misteriosa mãe de Ned, que ninguém sabe quem é. Aqui no nosso mundo, temos em nossas raízes esses mesmos conceitos que os Stark sugerem. E temos isso porque memetizamos isso de nossos pais, professores, amigos ou quem quer que nos tenha ensinado o básico do convívio social. Por que tudo o que sai fora dessa lógica é notícia nos jornais. E então relacionamos esse conceito de família com a nossa própria família. Sei que as coisas não são tão assim, literais. Muita gente tem uma relação Tywin X Tyrion com alguém da família. Muita gente tem uma mãe meio doida parecida com a Selyse, ou um pai frio e distante como Stannis. Mas o senso de justiça é algo muito forte. Vejo isso diariamente na internet, em atos simples como a policiamento de spoilers, ou os pequenos pensamentos políticos que são jogados nas nossas redes sociais pelos nossos amigos. Vi isso essa semana aqui em São Paulo quando todo mundo saiu para as ruas protestando contra o aumento das passagens de ônibus. Vejo isso na indignação das pessoas quando crimes são cometidos, mulheres são oprimidas, crianças são abusadas. Na desigualdade social, não luta diária pelas grandes e pequenas coisas. Os Stark, resumindo, são o lugar onde podemos apontar e falar: aquelas são pessoas boas e é com elas que eu gostaria de ficar se visitasse Westeros.
E em contrapartida vimos alguns atos de misericórdia e humanidade colocados delicadamente ao longo de alguns núcleos. Mas é como tentar adoçar um leite azedo. Só piora.
São em momentos como estes em que a presença de Ned é viva, mesmo que na série ele não esteja explicitamente sendo citado. Digo isso por que não podemos deixar de pensar que os “erros” de Robb se deram porque o pai morreu cedo demais, mesmo que tenha sido pelos mesmos motivos do filho. O de esperar que a sua honra seja a mesma honra dos outros, ou que esse conceito sequer exista na cabeça das outras pessoas. Por que fica essa sensação de que Catelyn e Robb estavam o tempo todo sozinhos e perdidos. Não havia alguém entre os Stark para pensar além do que estava sendo visto. E olha só, Robb na série não era respeitado pelos seus porta-estandartes. Tiraram de seu convívio os Umber, tiraram as irmãs Mormont… todas aquelas pessoas que gritaram “The King in the North” pra ele na primeira temporada. O deixaram apenas entre os traidores e soldados sem identidade. Aliás, tiraram até a coroa de Robb. Ele não a usa em momento algum na série. Essa cena foi colocada especificamente no começo do episódio mostrando primeiramente que Catelyn viu que essa decisão era errada. Aliás, a decisão de atacar Casterly Rock é algo exclusivo da série, e é uma tolice geográfica sem tamanho. Mas por outro lado, isso mostra o quanto Robb realmente não tinha opções. Ele poderia voltar pra casa, mas seus homens não o respeitariam. E bem, vingar o pai e as irmãs. Trazê-las de volta. Mesmo que eles dois sequer saibam que Sansa agora é uma Lannister, coisa diferente do livro. Faria muito mais sentido se eles soubessem, mas não foi o caso. Catelyn sempre foi essa figura diplomata muito interessante, atividade que poucas mulheres de fato exercem na história. Depois de soltar Jaime Lannister é claro que tudo mudou. Dá pra perceber na maneira que ela andava sempre triste, usando até os cabelos soltos, chorando dias a fio. Completamente quebrada, mesmo que superficialmente na série. E por isso ela quer mostrar o quanto dói quanto se perde o que se ama. Essa falsa sensação da vingança iminente é cruel, meu Deus.
E então eles chegam as Gêmeas. No momento em que Walder chama Talisa para perto, ele percebe que ela está grávida. E acredito que aquele tenha sido um momento definitivo, porque ele disfarça isso assediando-a.
No livro esse capítulo é muito bom. Catelyn pede ao filho que tente ao máximo não ofender aos Frey, pedindo para que Robb peça comida e bebida assim que chegar no castelo, para que seus direitos de hóspede (tradição sagrada) sejam respeitados. Eles são recebidos por um contingente formado por sor Ryman Frey (neto de lorde Walder), e três de seus filhos: Edwyn, Walder Negro, e Petyr. Quando eles se aproximam, Vento Cinzento começa a rosnar e salta à frente, fazendo com que o cavalo de Petyr o jogue de sua cela. Ou seja, o negócio já fica muito tenso aqui. E Vento Cinzento no livro não gosta dos Westerling e já está de saco cheio dessas gracinhas de Robb há algum tempo. Por que Robb o deixa de lado para não assustar a família da rainha. Ryman fica nervoso quando vê que a rainha Jeyne não está entre eles e Catelyn oferece suas desculpas, mas Walder Negro diz que lorde Walder não ficará contente. Além disso, quando eles chegam à portaria, Vento Cinzendo se recusa a continuar e começa a rosnar. Quando lorde Bolton se junta à eles, Robb fica sabendo um pouco mais sobre o que houve em Winterfell, e seus juramentados contam que Ramsay resgatou muitas das mulheres e que agora está lutando contra os homens de ferro. (!) Daí o Bolton conta que Ramsay tem Theon cativo, e ele mostra um pedaço da pele do menino Greyjoy. Na série Robb morreu sem saber que Sansa casou-se e que Theon está em apuros. Uma pena porque essas são relações importantes e a gente nunca vai saber como Robb se sentiu em relação a todas essas coisas. A única coisa que sabemos é que Robb era um rei extremamente apaixonado e feliz.
Quanto a essa cena de Sam, Gilly e o bebê que deve estar morrendo de frio, fica claro que esse núcleo gravou todas as cenas em apenas uma tarde. As cenas não possuem uma linha narrativa cronológica legal. Em um episódio Sam está correndo de um Outro e logo depois ele está andando sorridente contando histórias. Isso não faz o menor sentido, porque Sam deveria estar congelado, faminto e correndo o tempo todo, sem parar. É o que qualquer um que tivesse passado pelo que ele passou faria. E é o que ele faz no livro. Apesar de tudo isso eu gosto muito do Sam nessa temporada e todos os temas que o rodeiam. Desde Mormont pedido pra que ele continue vivendo até sua importância intelectual dentro daquela sociedade. Porque ler para Gilly é algo mágico, assim como para Davos. Ler é o que define muita coisa. Sam sabe coisas porque ele lê, assim como você que leu os livros, lê a wiki. Ler realmente é mágico, e Sam sempre quis ser um como ele diz na primeira temporada.
Arya é misericordiosa, mesmo que suas intenções estejam escondidas em uma boca suja e uma mente perturbada. Ela não quer matar o vendedor de porcos, e é isso que define parte das decisões de Sandor durante esse episódio. Mesmo que na verdade ela queira matar a Sandor, Arya tem esse senso de vingança que é algo que ele mesmo não está acostumado a lidar, mas ele reconhece um certo valor. Principalmente porque, apesar de tudo, Arya é extremamente sincera e terrivelmente corajosa. É importante que Sandor seja esse cara diferente do seu irmão. E mesmo que esteja bastante romantizado aqui ele é um personagem incrível em sua própria tragédia e como esse elemento nos capítulos de Arya.
As pequenas coisas sobre os casamento nas Gêmeas são as mais simbólicas. Como Sandor tentando entrar no castelo e não conseguindo e a terrível sensação de ansiedade que isso gera.
Quando Arya chega às Gêmeas no livro reconhece alguns símbolos de armas, mas nenhum que seja familiar. Os soldados bebem à saúde de Jeyne, cujo nome Arya desconhece. No outro capítulo Arya e Sandor são vistos pelos Freys. Arya esperneia e insiste em se dirigir ao castelo para encontrar a mãe e o irmão, mas Sandor diz que eles estão mortos. Ela tenta correr mas o Cão a acerta na cabeça com um machado.
No livro a gente lê essa cena de Coroadarainha a noite. Os trovões, o temporal e o medo que Hodor sente é mais um pouco genuíno naquela situação. Foi muito bonita a maneira como separaram Rickon de Bran agora, em um episódio tão dramático. E Rickon citar a velha ama foi realmente especial, lembrando que a atriz já nem é mais viva. Acredito que muita gente já começou a chorar naquele momento, por que Natalia Tena vai fazer muita falta, ela é demais. E a Osha é a personagem que define a relação dos Starks com os selvagens. Eles a acolheram apesar de tudo o que ela fez, e ela foi a mãe que Rickon não teve, e esteve com eles em um dos momentos mais difíceis da vida deles quando Ned morreu. Foi ela quem os guiou para o frio enquanto Winterfell queimava. Adeus Osha. Adeus Rickon. Voltem logo.
No capítulo de Jon no livro, ele percebe que precisa fugir de alguma maneira e alcançar Castelo Negro antes dos patrulheiros, para poder alerta-los. E é Styr quem ordena que Jon mate o homem simples, porque Tormund nos livros é outra parada. Jon se recusa, mas Ygritte se antecipa e corta a garganta do homem. Quando Styr começa a guiar seus homens na língua-antiga um grande trovão assola o local ao mesmo tempo em que um lobo gigante começa a atacar os Thenns: Verão. Jon pensa por um momento que o lobo é Fantasma. O lobo abate vários dos selvagens e, na confusão, Jon monta o cavalo do velho e começa a fugir. Ele é atingido por uma flecha na panturrilha, acreditando que o tiro veio de Ygritte. Jon força o cavalo a correr a exaustão em direção a Castelo Negro. A essa altura Jon já estava machucado pela Águia de Orell há muito tempo.
Na série, o momento em que Jon cavalga de volta pra Muralha foi surpreendentemente triste. A expressão de dor no rosto da Rose Leslie foi muito legal, e também foi muito legal ver Tormund lutando por ela, embora nem faça muito sentido. A relação de Ygritte com Jon nasceu no exato momento em que ele poupou a vida dela, quando estava na posição em que deveria ter feito absolutamente o contrário. E é por isso que ela o entende, o respeita e o deseja. No momento em que ele não consegue matar o senhor dos cavalos, ela ainda entende isso, e tenta defendê-lo. Jon fez o oposto do irmão. Escolheu o dever e deixou Ygritte pra trás sem dó. Fazendo com que todo aquele tratamento romântico que a série deu a eles ainda mais… impreciso. E se a gente for pensar no final da personagem da Ygritte, isso é ainda pior. Por que ele fez o oposto do irmão, pra que ela vivesse. E isso não vai ajudar.
Sinceramente? A relação que Bran tem com o seu lobo, assim como todos os outros Stark está sendo pessimamente adaptada. Odeio que o CGI seja um recurso tão fundamental. Odeio que mostraram pouco o quanto Robb e Vento Cinzento eram uma pessoa só, assim como Jon e Fantasma, Rickon e Felpudo, Bran e Verão. Adeus, Felpudo. Volte logo.
Dois lobos partindo no mesmo episódio. 🙁
Vi algumas pessoas no Twitter dizendo que Grey Worm parece-se com um jovem Obama. Esse é um excelente personagem e é ótimo que ele tenha trazido tanta beleza as cenas de luta. No entanto é bem esquisito que a tomada de Yunkai tenha se resumido ao fato de que Dany ~sente coisas~ por Daario. Mas sabe gente, o Daario ser um sedutor paspalhão é bem o que ele é mesmo. Pegar na mão dela, ajoelhar-se, todas essas paradas que só Dany acha bonito. Esse capítulo que adapta essa cena (Dany IV) foi dividido nos últimos quatro episódios de Game of Thrones. Quatro. Não coube nesse episódio, bem como a expressão de decepção no rosto de Jorah, que não coube em si mesmo. Ainda veremos o finalzinho dessa capítulo na season finale, o que diz respeito ao nome do episódio em si. Lembrando que Catelyn também é uma ‘mhysa’.
No livro: Jorah recomenda que Dany não confie no tyroshi, e mesmo assim ela comanda o começo do ataque. Durante a luta ela pede para Arstan contar um pouco mais sobre seu irmão, Rhaegar. Barba-branca explica que o príncipe sempre foi melancólico e que uma sensação de desgraça pairava sobre ele. “Ele nasceu em luto e essa sombra pairava sobre ele todos os dias”. Dany sabe que era a sombra do Solar de Verão a qual Arstan se referia. Chega a notícia de que a luta foi facilmente ganha pelos homens de Dany com a ajuda dos Corvos Tormentosos e que os Segundos Filhos estavam muito bêbados para lutar.
Eu adoro como eles colocaram a Cersei falando sobre a canção Lannister no episódio anterior. Adoro como as camadas dessa série se sobrepoem, porque é exatamente assim que fica na nossa cabeça no final da leitura. E na série temos esse aspecto visual tão singular.
O festim nas Gêmeas é animado. Os Freys e Roose Bolton riem com os Starks, contam histórias engraçadas. É muito diferente do livro, onde a música é uma droga, a comida é tosca e ninguém tá achando muita graça daquilo. A não ser Edmure, é claro.
Tudo em Roose Bolton é sinistro. Eu assisti esse episódio muitas vezes e a sensação de teatralidade nas Gêmeas é algo muito sinistro. E os caras abraçaram esse teatro. Eles gostaram disso, fizeram pra ser realmente um evento. Por que Roose Bolton se propôs a fazer esse papel de ator, né? Por que se a gente for olhar pro filho bastardo dele, é assim mesmo que eles fazem. E é muito bizarro. Ele quis que Catelyn visse que estava vestindo cota de malha.
No livro: De repente as coisas começam a ficar mais sinistras no salão. Dacey Mormont pergunta se Edwyn Frey gostaria de dançar, e ele a repele violentamente. Os músicos começam a tocar “As Chuvas de Castamere”. Catelyn observa com horror um dardo atingir o ombro de Robb e outro dado atingir sua perna. Ele tomba. Pequeno-Jon atira uma mesa em cima do Rei para salvá-lo dos dardos que vêm a seguir. Robb Flint é cercado pelos Freys, punhais sobem e descem. Sor Wendel Manderly é atingido por um dardo na boca. Pequeno-Jon espanca no rosto por Raymund Frey com uma perna de carneiro. Quando ele tenta alcançar sua espada, um dardo o atinge nos joelhos. Lucas Blackwood é abatido por Hosteen Frey. Um dos Vance é paralizado por Walder Negro enquanto ele lutava com sor Harys Haigh. As bestas atingem Donnel Locke, Owen Norrey e mais meia dúzia. o jovem Sor Benfrey agarra Dacey Mormont pelo braço, mas ela o acerta em cheio do rosto com um galão de vinho. Ela corre em direção a porta, mas sor Ryman e o homens Frey armados a encontram. Ele acerta a cabeça de seu machado no estômago dela. Nortenhos começam a jorrar porta dentro e Catelyn começa a pensar que eles vieram a resgate, até que um deles decapita Pequeno-Jon. Catelyn percebe que precisa intervir e tentar salvar a vida do filho. Ela vê uma adaga no chão e rasteja em direção da arma, determinada a matar lorde Walder. Robb então surge de debaixo da mesa, ferido. Lorde Walder assiste a tudo avidamente, sentado em seu trono. Ele faz um sinal para que os músicos suspendam a música e começa a debochar de Robb. Ao longe, Catelyn escuta o uivo de um lobo. Vento Cinzento. Catelyn agarra Guizo Frey e encosta a adaga na garganta do filho doente de Walder Frey, gritando para que ele poupe a vida de Robb, negociando um filho pelo outro. Mas o velho diz: “Mas esse é meu neto… e ele nunca teve muito utilidade”. Um homem em uma armadura escura e manto cor-de-rosa manchado de sangue aproxima-se de Robb. “Jaime Lannister manda seus comprimentos”. Ele espeta e gira e espada no coração do filho de Catelyn. Catelyn mantém sua palavra, puxa com força os cabelos de Aegon Guizo Frey e serra seu pescoço até a lâmina raspar no osso. Ela fica insana de tanta dor e pesar. Alguém diz que ela “está louca e perdeu o juízo”. Outra pessoa diz então para que se “dê um fim nela”. Alguém agarra seus cabelos, tal como ela fez com Guizo e então Catelyn sente o aço em sua garganta…
Acho que a falta dos senhores vassalos do Robb incomodou sim, no entanto… tinha um Marderly ali: Wendel. Eles escalaram uma ator pra comer e depois morrer. É inacreditável, mas… um deleite para os leitores de A Dança dos Dragões.
Temos muito mais Robb na TV do que nos livros. Matar Robb na TV também é matar o ator. O ator que conseguiu construir um Robb de maneira tão substancial, imitando os trejeitos de Sean Bean e até fazendo cara de lobo. E temos Catelyn, que é uma personagem proceduralmente chata, apesar de seus capítulos serem de imensa importância. Mas Catelyn também teve em sua atriz uma das melhores coisas que a série nos ofereceu durante os últimos anos. Michelle Fairley é perfeita, e sempre falamos isso aqui no site. Tanto que o fato dela ter poucas falas nessa temporada nos deixou imensamente incomodados. Essa aproximação que o leitor sente pela família Stark não aconteceu gratuitamente na série ou nos livros. Em retrospectiva, cada personagem nos prometia que tudo daria certo. Não foi apenas um vínculo criado entre eles. Episódio por episódio, capítulo por capítulo, criou-se essa sensação de compromisso com essa família, mais do que com qualquer outra.
Essa aqui foi sem dúvida, uma das cenas mais brutais, estranhas, e deprimentes que eu já vi em uma série de televisão. E sabe gente, pode ser que tenhamos visto algo assim ou pior em algum filme, eu até poderia citar alguns. Mas filmes possuem duas horas. Estamos há exatamente 29 horas assistindo essa série e acompanhando a história dessas pessoas. Normalmente qualquer outra série com uma cena forte em final de temporada nos ofereceria algum tipo de elemento para manter o espectador saciado ou excitado por justiça, fechamento ou qualquer coisa do tipo… mas o fim deste episódio é completamente vazio de esperança. Ele diz claramente: ‘acabou’.
A grito de dor da Michelle vai ficar para sempre em nossas memórias. Uma personagem tão importante nos livros que durante toda essa temporada teve uma participação mínima, sendo uma das personagens com menos falas e tempo em tela. E no final ela morreu calada. Deram apenas isso para essa maravilhosa e completa atriz, que deu a essa personagem muito mais do que poderíamos acreditar durante todos esses anos. E é por isso que eu acho que os momentos finais dela pareceram pouco, mas foi muito e mais. A atriz deu tudo o que tinha ali. E foi absolutamente perfeito. Sua alma estava destruída, e agora as nossas estão também.
Os Freys vão continuam a ser feios, indesejáveis e intragáveis. Como é que Tywin pretende lidar com isso? O que ele terá que dar em troca? Acho que não devemos esperar pela vingança propriamente dita, não é bem assim que as coisas funcionam, mas há uma ordem natural das coisas que faz essa saga de livros ser tão brilhante. Onde quer que as pessoas estiverem o Casamento Vermelho será citado como algo completamente desnecessário. E o norte se lembra.