Confiram abaixo a análise com algumas das minhas opiniões a respeito do excelente episódio 3.09: “The Rains Of Castamere”, escrito por David Benioff e D. B. Weiss e dirigido por David Nutter.

“You starks are hard to kill.”

Lembrando que esse texto NÃO CONTÉM SPOILERS DOS LIVROS e é destinado principalmente para aqueles que não terminaram ou sequer começaram a leitura dos mesmos. Se você já leu ou não se importa em saber o que vai acontecer, confira a análise com spoilers da Ana, que em breve deve estar saindo.

Cersei: Você sabe onde a Casa Reyne está agora?

Margaery: Se foi.

Cersei: “Se foi”… Uma expressão gentil. Por que não dizer massacrada? Todos os homens, mulheres e crianças passados pela espada.

(Episódio 3×08: “Second Sons”)

Lembram-se daquele dia no Septo de Baelor? É claro que sim. Mas alguém imaginava que fosse acontecer de novo? Robb e Cat não são nem de longe personagens tão “centrais” quanto Lorde Stark foi (pelo contrário, eu acho que ultimamente eles andavam até meio apagados). Mas eis que quando eles finalmente recebem o destaque merecido e esperado, eles são arrancados de nós da maneira mais brutal e inimaginável. “The Rains Of Castamere” foi um episódio recheado de passagens importantes e cenas chaves em vários outros núcleos, mas que sempre será lembrado por um único acontecimento: O Casamento Vermelho. Um evento que deixaria qualquer dothraki orgulhoso. Foi nele que “Eddard Stark” morreu novamente. E não, eu não estou falando do filho de Robb e Talisa, mas sim do confronto entre Starks e Lannisters, que assim como Ned na primeira temporada, serviu de fio condutor pra história desde o fatídico momento da decapitação, o fio condutor que, mais uma vez, foi cortado abruptamente. Ao contrário do que a maioria esperava, o confronto entre leões e lobos não terminou no campo de batalha, mas sim durante uma festa – o que não significa que por isso houve menos derramamento de sangue. Cersei pode se vangloriar o quanto quiser. Quem além de Tywin Lannister consegue vencer uma guerra só com sua pena?

Por falar neles, depois de terem dado um show de atuação em “Second Sons”, o núcleo de Porto Real esteve completamente ausente desse episódio. Nada mais justo, afinal o nono episódio da segunda temporada foi inteiramente focado na capital. Mas hoje nós não estamos aqui pra falar sobre leões. Estamos aqui pra falar sobre corvos, dragões e, principalmente, sobre lobos.

Vamos lá?

A primeira cena surge para alimentar o telespectador com uma falsa esperança de que os planos de atacar Rochedo Casterly ainda podem funcionar e de uma maneira milagrosa salvar o Rei do Norte e seu exército da derrota, principalmente pelo modo confiante como Cat encoraja as ideias do filho. Nós vemos Robb finalmente reconciliar-se com a mãe, perdoando-a por ter libertado o Regicida, e decidindo voltar a ouvir seus conselhos. Mas agora é tarde demais. Como diria o melhor amigo de Theon numa hora dessas: “Se você pensa que isso terá um final feliz, então você não esteve prestando muita atenção”.

Ouvir o Greyjoy ser mencionado nessa cena me fez lembrar que ele já está sem aparecer há um bom tempo. Não que eu esteja com saudades. Theon é um excelente personagem, inclusive um dos meus preferidos, mas o arco dele esse ano foi infinitamente inferior ao da segunda temporada. Os roteiristas têm apenas mais um episódio pra nos compensar pelos minutos “perdidos” assistindo ele ser torturado.

Ainda na tenda, Robb chega a dizer que no caso de o ataque falhar e de seus homens serem cercados pelos exércitos dos Lannisters, eles encontrariam uma morte semelhante à de Eddard, ou até mesmo pior. Ele nem imaginava o quanto. Mas a cena serviu para que, mesmo sem saber, nós nos despedíssemos desses dois ótimos atores, que trabalharam juntos de uma maneira tão singular. Os dois realmente pareciam ser mãe e filho, não? Até mais do que qualquer outro Stark.

Em seguida vemos a comitiva do Norte, liderada por Vento Cinzento, partindo na direção das Gêmeas. Na direção do fim.

#ReajaJorah.

Parece difícil de acreditar, mas além do Casamento, outras coisas extremamente importantes aconteceram nesse episódio. A começar pela sequência que levou à tomada de Yunkai. Em “Second Sons” nós conhecemos Daario Naharis e seus Segundos Filhos e desde esse primeiro encontro já percebemos que iria rolar algo entre ele e a khaleesi. Na cena do mapa, nós tivemos certeza. O movimento de pegar na mão da garota pra indicar uma direção no mapa e, de quebra, ainda seduzi la deve estar escrito em algum livro famoso. Funcionou com o Rei do Norte (ou talvez nem tanto) e também serviu para abrir os olhos de Sor Jorah, que se mostra cada vez mais desconfiado do mercenário que matou seus dois companheiros para estar ali. Mas apenas pessoas desonestas desconfiam o tempo inteiro. Faz sentido. Jorah foi exilado depois de tentar vender escravos nos Sete Reinos, e inicialmente esteve espionando Daenerys em troca do perdão real de Robert Baratheon. Será possível que Daario saiba de alguma dessas coisas?

Além disso, mais uma pequena treta entre os dois principais conselheiros da rainha. O velho Sor Barristan Selmy já foi citado mais de uma vez como um dos maiores espadachins dos Sete Reinos, mesmo na temporada em que ele esteve ausente (na conversa entre Jaime e o primo na cela em “A Man Without Honor”) mas nós ainda não tivemos oportunidade de verificar isso apropriadamente. Ao que parece, se depender de Mormont, nós não veremos “O Ousado” em ação tão cedo.

E então, o assobio anuncia o ataque. A cada visão que temos de Yunkai ela parece mais bela. Dessa vez fomos agraciados com uma incrível e cinematográfica visão noturna do interior de suas muralhas. Mas como prestar atenção na paisagem com uma sequência de luta tão bem executada como aquela? Ok, pareceu mesmo um pouco surreal ver Jorah, Daario e Verme Cinzento derrotando aquela tropa de soldados-escravos sozinhos, como se estivessem dentro de algum jogo de vídeo game. Mas beleza, a cena valeu a pena.

Enquanto o couro comia na Cidade Amarela, Daenerys parecia apenas estar preocupada com seu capitão, enquanto Barristan parecia não estar nem aí pra ninguém. Quando Jorah chega dizendo que a cidade foi tomada e que tudo ocorreu como planejado eu pensei: “HBO, você fez isso de novo”. Como frequentemente acontecia na primeira temporada, e até mesmo na segunda (com exceção de “Blackwater”), a parte mais importante da batalha acabou ficando em off, a exemplo do que aconteceu com Tyrion em “The Pointy End”, quando Robb enviou 2.000 homens para enganar Tywin e, com ajuda dos outros 18.000, conseguiu capturar o Regicida no Bosque dos Murmúrios. Bons tempos…

Mas voltando ao assunto, afinal de contas Game Of Thrones não é feita apenas de grandes batalhas, pobre Jorah Mormont… O cara retornou todo acabado, encharcado de sangue e com um sorriso orgulhoso na cara, só pra ouvir Daenerys perguntar onde estava o maldito Daario. Bem que eu torci pra que ele tivesse morrido, embora soubesse que não ia acontecer, e então ele aparece, trazendo consigo a bandeira yunkaíta e toda sua ousadia pra cima de Dany. Eu estou realmente começando a não gostar muito desse cara, embora Verme Cinzento tenha confiado nele por algum motivo.

Uma cena que me decepcionou um pouco nesse episódio foi a de Sam e Goiva (Gilly, em inglês). Depois daquela sequência fantástica em que o corvo matou o Caminhante Branco usando a adaga de obsidiana (vidro de dragão) no final de “Second Sons”, podemos ver o que aconteceu com ele e sua companheira… Nada. Assim como aconteceu depois do massacre na Fortaleza de Craster, Samwell continua sua jornada alegremente como se absolutamente nada tivesse acontecido. Mas tudo bem, eu ainda prefiro esse Sam do que aquele que quase desistiu da caminhada em “Dark Wings, Dark Words”, embora agora ele pareça um pouco mais forçado.

Além disso, também vimos coisas importantes aqui. Sam revelou como planeja atravessar a Muralha: usando o Portão Negro, um portão que fica em um dos dezesseis fortes desativados da Patrulha, a mesma hipótese levantada por Bran e seu grupo, que também pretende atravessar, só que para o lado inverso. Tivemos também uma visão muito bonita da Muralha, excepcionalmente trabalhada em CGI, e aquela comparação interessante da Goiva, que pra mim foi uma singela homenagem dos produtores aos fãs que leem os livros da saga (e que muitas vezes conseguem lembrar de mais coisas do que eles mesmos). Mas que também foi referência a um diálogo entre Sam e Jon na primeira temporada, ele sempre quis ser um mago.

Finalmente algo realmente importante aconteceu com Bran nessa temporada. Infelizmente, foi no mesmo episódio de um dos eventos mais importantes e surpreendentes da saga. Mas não vamos desmerecer o garoto. Ele conseguiu entrar na mente de Hodor! Se levarmos em consideração que nenhum outro warg consegue fazer isso, concluiremos que ele provavelmente ele é o mais poderoso de todos eles. “A única coisa que importa”, como disse Jojen em “Dark Wings, Dark Words”. Esse era o motivo.

Agora sim nós temos uma razão concreta e ganhamos novo fôlego pra acompanhar e apostar na até então cansativa jornada de Bran ao encontro do misterioso corvo de três olhos. E se Jojen estava certo sobre Jon estar “cercado por inimigos”, ele provavelmente está certo em dizer que as respostas estão além da Muralha.

Um pouco antes do garoto aprender a dominar o seu dom, assim que o grupo chega à Dádiva, nós ouvimos um pouco da história do lugar, informações que foram complementadas posteriormente na cena em que Jon Snow e os selvagens planejam invadir a fazenda de um homem que serve à Patrulha naquelas mesmas terras, o que foi  bem bacana.

O modo como os dois núcleos interagiram também foi excepcional. O pavor manifestado por Hodor ao escutar os trovões justamente no momento em que os selvagens se encontravam do lado de fora certamente proporcionou aos telespectadores alguns bons segundos de tensão.

Tudo isso levou nos levou para o momento em que os irmãos decidiram por fim  separarem-se. Uma decisão inteligente e madura que rendeu uma ótima cena entre os atores Isaac Hempstead-Wright e Art Parkinson. Isso mesmo, Rickon falou e falou bem. Uma das poucas surpresas agradáveis do episódio. Por mais difícil que tenha sido tomar essa atitude, Bran agiu corretamente. Se algo acontecesse com Robb, como nós vimos que aconteceu, ele e Rickon seriam os próximos na linha de sucessão de Winterfell, e estando juntos eles poderiam ser encontrados e cair nas mãos erradas com mais facilidade. De quebra, o plano ainda livrou Osha de ter que atravessar a Muralha com eles, coisa que ela parecia temer mais do que tudo. Eu só espero que eles voltem a aparecer logo. Embora a despedida tenha sido mais focada nos Starks, é Natalia Tena que fará falta.

Como meistre Aemon Targaryen disse na primeira temporada, “o amor é a morte do dever”. Se Robb Stark tivesse escutado esse conselho, talvez não tivesse acontecido o que aconteceu. Seja por amor ou por “tetas firmes”, Robb perdeu o Norte ao se casar com Talisa. Mas Jon aprendeu a lição, pra infelicidade de Ygritte.

Em “The Climb” vimos que ela já sabia que Jon não era exatamente o que se pode chamar de “selvagem”. Ao contrário de uns e outros (cof, cof, Roose Bolton, Walder Frey, cof), ele sempre foi muito leal pra ser um vira-casaca, e seu desconforto em meio aos selvagens sempre ficou meio nítido… Exceto pra Tormund e Mance Rayder. Além disso, como todo bom Stark, o bastardo é muito honrado pra matar um senhor de idade ou uma mulher, e foi exatamente isso que manteve Ygritte viva na segunda temporada. Sabendo disso, Orell apressou-se em sugerir que seu rival sacrificasse o camponês como prova de que ele não era mais leal a Patrulha. Deu no que deu.

Embora um pouco rápida, toda a sequência da batalha foi muito bem executada, tanto pela direção quanto pelos atores em cena, principalmente com a intervenção de Bran na pele do lobo, o que talvez tenha sido o mais próximo que dois Starks chegaram de se encontrar novamente desde sua separação.

“You know nothing, Jon Snow”

E se chegasse o dia em que Ned Stark tivesse que escolher entre amor em uma mão e honra na outra, o que ele faria? Ele faria o que é certo. E foi que Snow fez, o que ele acreditava ser “o certo”, o que o levou a abandonar Ygritte e todas as promessas que tinha feito de não traí-la e de permanecer do lado dela. Então ele cavalgou para Castelo Negro, a fim avisar os companheiros do ataque iminente porque, no final das contas, matar corvos dentro de seus castelos é sempre mais difícil.

A única coisa “mal feita” aqui foi o ataque da águia, que foi possuída pelo warg logo antes dele morrer. Parecia que Jon estava brincando com uma peteca. Mas acho que não haviam muitas outras opções pra se filmar aquilo. O conceito da cena foi interessante por nos mostrar um pouco mais da ainda nebulosa relação entre um warg e seu “mascote”.

A “parceria” entre Arya e o Cão de Caça provavelmente foi uma das melhores coisas que aconteceram nessa temporada. Tanto Rory McCann quanto a pequena Maisie Williams são atores extremamente talentosos e trabalham muito bem juntos. O material entregue a eles pelos roteiristas nesse episódio também foi realmente inspirador.

“Someday, I’m going to put a sword through your eye and out the back of your skull”

Como Jon fizera no Norte, Arya tentou salvar um homem da morte logo na sua primeira aparição. A diferença é que ela conseguiu. É por essas e outras que os Starks são tão amados pela audiência, e também é por causa dessa “bondade” que muitos deles acabam morrendo, como o próprio Sandor fez questão de ressaltar.

Game Of Thrones está longe de ser uma história maniqueísta, onde os personagens são inteiramente bons ou inteiramente maus. É tudo um grande cinza. Ainda assim os Starks foram abraçados pelos fãs como aquilo que eles têm de mais parecido com os heróis clássicos das outras obras de ficção, justamente pelas injustiças e infelicidades sofridas por eles.

Por causa de tais infortúnios, Arya acabou ficando com medo de nutrir qualquer esperança a respeito de se reencontrar com sua família. Ela passou por tantas coisas ruins desde que viu o pai perder a cabeça na capital, que agora se recusa a acreditar que algo de bom possa lhe acontecer. Clegane farejou isso, ele parece ser um expert em medo. Além de Ned, ela também perdeu seus amigos, foi prisioneira em Harrenhal e depois “refém” da Irmandade Sem Estandartes e agora do Cão, e a medida que se aproximava das Gêmeas os pensamentos negativos de que tudo iria dar errado iam ficando cada vez mais fortes. Infelizmente ela estava certa.

A hospitalidade é algo realmente valorizado desde os tempos antigos, e a falta dela pode ser considerada como uma abominação. Nós podemos ver bons exemplos disso na Odisséia. Em Westeros, a lei da hospitalidade precisaria ser igualmente respeitada. Nada de ruim pode acontecer com um visitante sob o seu teto a partir do momento que ele partilha de seu pão e sal. Essa é a primeira coisa que vemos Robb fazer ao chegar nas Gêmeas. Pena que não funcionou.

Depois de Walder Frey ter obrigado Robb a pedir desculpas às suas dezenas de filhas e netas e fazer gracinhas pra sua esposa, ele estranhamente presenteia Edmure no altar com a mais bela de todas elas. Vocês perceberam como Edmure ficou esperando Walder dizer o nome de Roslin enquanto ele apresentava as meninas no salão? Pra sorte dele, ela não estava ali. Os deuses adoram presentear os tolos.

A cerimônia fez uma clara referência ao casamento secreto de Robb e Talisa diante da árvore em “Valar Morghulis”, as palavras ditas e até a música foram as mesmas. Além disso também vimos Edmure cobrir a noiva com seu manto, costume que nos foi apresentado em “Second Sons”.

(Em um certo momento dessa sequência, nós vimos algumas das filhas de Lorde Walder soltando risinhos para o Peixe Negro. Elas estavam mesmo se engraçando pra ele ou sabiam o que estava pra acontecer durante a festa?)

Antes desse episódio, Walder Frey teve apenas uma outra aparição na série, durante a primeira temporada. Mas o personagem é tão desprezível e memorável que provavelmente quase ninguém esqueceu-se de quem ele era. Ok, os roteiristas deram uma ajuda, mas parte disso se deve a atuação de David Bradley. O ator esteve realmente ótimo no papel. E agora mesmo é que ele não será esquecido… O Norte se lembra.

Enfim, quando a beleza da noiva foi revelada, e Walder olhou Robb com aquela cara de “Olha só o que você perdeu” muitos devem ter chegado a pensar que a “vingança” dele tinha ido até ali. Especialmente quando depois somos levados a um casamento cheio de música, vinho e felicidade, algo totalmente diferente do casamento de Tyrion e Sansa no episódio anterior, por exemplo. Até o cenário era mais alegre.

Tudo ia bem, até que os noivos foram levados para a cama, as portas foram fechadas e aquela música começou a tocar. De imediato, Catelyn e Vento Cinzento perceberam que algo estava errado. Aquela era a canção dos leões.

Nós já tínhamos uma certa ideia de que Lorde Bolton era um traidor desde que vimos ele todo amiguinho do Regicida em Harrenhal, mas Cat não fazia a mínima ideia. Pra ela, ele era apenas um cara estranho que não gostava de beber e que casava-se com mulheres gordas por dinheiro. Quando viu que Roose estava usando cota de malha sob as vestes, e a cara dele de quem não dava a mínima, ela desesperadamente gritou pelo filho, como um cordeiro ao ver a lâmina que está prestes a sacrificá-lo. Depois de ser estapeado, Bolton saiu correndo da mesa como um ninja, e então começou a chacina.

Aquela cena em que o Senhor da Travessia entrega seu “presente de casamento” á rainha do Norte foi realmente desesperadora. Os músicos (dentre os quais estava o baterista da banda Coldplay, Will Champion) então se revelam como besteiros assassinos, e acertam Robb e sua mãe antes que eles pudessem reagir. Mas isso foi apenas o começo.

Acho que de todos os personagens a que eu mais tive pena ali foi a Arya. É doloroso ver como ela sorri inocentemente ao ouvir os soldados de sua Casa falando sobre Winterfell, e logo em seguida vê seus medos se concretizarem quando os homens são brutalmente assassinados diante de seus olhos.

Como eles estavam bêbados e foram totalmente pegos de surpresa, eu imagino que não tenha sido mesmo muito difícil para os Boltons e os Freys a tarefa de exterminar os soldados dos Starks.

E presenciar a morte de Vento Cinzento foi uma das coisas mais tristes do episódio. Mostrar lobos e grávidas morrendo é realmente a cara da HBO, especialmente se considerarmos que nenhuma das duas mortes foi mostrada daquela maneira no livro. O que significa que a série fez aquilo de propósito pra que o Casamento Vermelho fosse ainda mais terrível do que foi para os leitores.

Assim como aconteceu com Bran, esse foi o mais próximo que Arya chegou de reencontrar um de seus parentes mas, diferente dele, ela não pôde fazer nada pra defender Robb e a mãe. Então ela termina sendo nocauteada pelo Cão de Caça, um dos homens que ela mais odiava mas que nesse momento parece ser o único em que ela pode se apoiar.

“The King in the North arises!” 

Arya: Eles o chamam de “Jovem Lobo”. Dizem que ele monta as costas de um lobo gigante durante a batalha, e que ele mesmo pode se transformar em um lobo quando quer. Dizem que ele não pode ser morto.

Tywin: E você acredita neles?

Arya: Não, milorde. Qualquer um pode morrer.

(Episódio 2.05: “The Ghost Of Harrenhal”)

Até na hora da morte, os Starks são mostrados como “heróis”. O último esforço de Robb pra alcançar a esposa grávida e vê-la morrer em seus braços ou o atitude de Cat ao tomar a esposa de Lorde Frey como refém são bons exemplos disso.

Alguns de vocês ainda tiveram esperança de que a “negociação” de Catelyn daria certo e de que Walder permitiria que Robb saísse vivo dali? Sinceramente, a morte de Robb já vinha sendo sugerida há algum tempo. Quando Tywin começou a tratar Sansa como a “chave para o Norte” e quando o falecido Lorde Karstark disse que Robb tinha perdido a guerra ao se casar com Talisa, acho que os roteiristas estavam tentando nos preparar para isso. Mas é claro que nós preferimos acreditar que o plano de atacar Rochedo Casterly com a ajuda dos Frey daria certo e tudo acabaria bem.

Roose Bolton tratou de dar fim a toda e qualquer esperança ao cravar a faca na barriga do rei que servia. Deixando claro que aquilo não se tratava apenas de uma vingança de Lorde Walder, mas sim um plano arquitetado por eles e, é claro, por Tywin Lannister. A última frase dita por ele rimou perfeitamente com o diálogo que tivera com Jaime em “The Bear and The Maiden Fair”, e nos fez descobrir da pior maneira possível que os Lannisters realmente pagam suas dívidas.

“The Lannisters send their regards”

Pela honra dela como Tully e como uma Stark, entreguem logo o Emmy pra essa mulher! Sério. Que Michelle Fairley é uma das melhores atrizes do elenco de Game Of Thrones todo mundo já sabia, mas a boa atuação dela nessa última cena excedeu todos os limites possíveis. Me arrisco até a dizer que, ao menos pra mim, foi a melhor performance já vista na série até então. Uma pena que tenha acabado de maneira tão surpreendentemente trágica.

Cat esbravejou, mas nenhuma alma escutou seus gritos. Durante toda a temporada a personagem veio sendo ignorada por aqueles a sua volta,  – o filho, o tio, o irmão – e até no seu momento de maior coragem e entrega ela não foi levada a sério, o que tornou tudo ainda mais triste. E como se não bastasse toda a desgraça, pra fechar com chave de ouro, os créditos surgem na tela em um silêncio absoluto, pra que os gritos desesperados de uma mãe que viu o filho morrer diante de seus olhos ficassem ecoando em nossos ouvidos e em nossas mentes por mais um minuto e meio.

Como todo bom nono episódio, esse não deixou a desejar. Foi espantoso e estupendo, trazendo novas possibilidades e perguntas que muito provavelmente ainda não serão respondidas no season finale desse domingo. Mas tudo bem. Se for pra assistir cenas como essa, eu espero alegremente pela próxima temporada e por todas as outras que virão. Na segunda-feira eu fui tomar meu café da manhã e ele ainda tinha gosto de Red Wedding. É disso que eu gosto. Não foi a toa que “The Rains Of Castamere” foi um dos assuntos mais comentados na internet durante a semana, e certamente ainda será comentado por um bom tempo.

E aqui vai um recado pra o fã não-leitor que quase desistiu de acompanhar a série por causa desse acontecimento: Pode ficar tranquilo, a vingança que você deseja será sua em tempo. Se você tiver estômago pra isso, é claro. Os Lannisters estão na capital em meio a um ninho de cobras e cedo ou tarde eles terão que provar desse veneno. Mas e se as cobras não derem conta?  Bem, existem outros répteis esperando por eles do outro lado do Mar Estreito…


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A maioria das imagens desse post foram retiradas do WesterosCaps e do Caps of Thrones.