A primeira temporada terminou com fogo, a segunda com gelo e a terceira com fogo novamente. Abaixo vocês podem conferir algumas das minhas impressões a respeito do último episódio da terceira temporada de Game Of Thrones, “Mhysa”, que foi escrito por David Benioff e D. B. Weiss e dirigido com maestria por David Nutter, os mesmos responsáveis pelo sucesso do episódio anterior, “The Rains Of Castamere”.

Lembrando que esse texto NÃO CONTÉM SPOILERS DOS LIVROS e é destinado principalmente para aqueles que não terminaram ou sequer começaram a leitura dos mesmos. Se você já leu ou não se importa em saber o que vai acontecer, confira a análise com spoilers, que em breve deve estar saindo.

 Vamos lá?

Muitas pessoas reclamaram pelo final dessa temporada não ter sido tão chocante quanto foram os finais das anteriores. Mas convenhamos que superar o nascimento dos dragões e a marcha dos Caminhantes Brancos na direção do Punho dos Primeiros Homens não é tarefa fácil. Ainda mais quando se está sucedendo o evento mais impactante de toda a série.

Desde o começo, o nono episódio conteve os acontecimentos mais importantes da temporada, enquanto o último sempre serviu para abrir as portas pra temporada seguinte. Mas nesse ano, infelizmente, o Casamento Vermelho acabou ofuscando  o season finale, ou por ele ter sido de fato extremamente brutal, ou por que a cena escolhida pra fechar a temporada não foi assim tão inusitada como estávamos acostumados.

“Here comes the King in the North!”

O começo de “Mhysa” mostrou logo de cara aquele que os fãs menos queriam ver: Roose Bolton. E ele ainda estava segurando nas mãos a faca com a qual matou Robb no episódio anterior. Como se fosse através dos olhos dele, vimos numa tomada aérea magnífica as terras do Tridente cercadas pelo maior inimigo de Sandor Clegane: o fogo.

Ainda assim, com um estandarte da Casa Frey (o que, por incrível que pareça, foi suficiente pra que a dupla passasse despercebida pelo meio da batalha) e Arya nos braços, o Cão de Caça enfrentou seu maior medo com extrema coragem, assim como a jovem Stark também estava enfrentando o seu.

Ver Robb em cima daquele cavalo com a cabeça de Vento Cinzento meio “costurada” no lugar da sua foi o mais próximo e o mais distante que Arya chegou de sua família nos últimos anos. O semblante de Maisie Williams capturado pela câmera traduziu bem o que a personagem sentia naquele momento: uma mistura de assombro, ódio e profunda tristeza.

Só eu queria que também tivessem mostrado o destino de Catelyn? Foram esquecer logo dela que, pra mim, foi o destaque na semana passada.

Fora isso, essas cenas que mostraram o caos no exterior do castelo foram todas extremamente bem dirigidas e executadas, embora também tenham sido extremamente corridas.

Sinceramente, assistir o que aconteceu do lado de fora das Gêmeas depois do Casamento Vermelho foi quase tão ruim quanto assistir ao próprio. O estandarte da Casa Stark em chamas e o corpo do Rei do Norte sendo exibido sem a cabeça enquanto os Freys o humilhavam são simbolismos muito fortes do fim de algo em que o público acreditou com muita efervescência desde que Ned teve a cabeça cortada na capital. Os produtores foram extremamente corajosos ao mostrarem isso. Muitos acreditaram que Robb Stark vingaria a morte do pai, e então a série acabou com de vez com essas esperanças e ainda fez questão de colocar fogo nelas.

Mas aí nós vamos para Porto Real e vemos que não é o fim… Não ainda…

“The disgraced daughter and the demon monkey… we’re perfect for each other.”

Em contraponto ao que vimos nas Terras do Rio, a capital aparece radiante, o que nos faz lembrar que a alguns episódios atrás era ela que estava em chamas. A filha do traidor e o macaco demoníaco parecem mesmo perfeitos um para o outro. Sansa e Tyrion formam aquele típico casal improvável que rapidamente cai no gosto das pessoas (exceto Shae). Parece que essa primeira cena entre eles teve justamente essa intenção.

Essa Sansa é muito diferente daquela que vimos na primeira temporada, deslumbrada pela possibilidade de que um dia se tornaria esposa do príncipe e futura rainha de Westeros. Agora ela é muito mais madura, e aos poucos está começando a admirar Tyrion pelo que ele é e não pelo que ele aparenta. Ao contrário do que Joffrey disse tentando ofender o tio na reunião do Conselho, o verdadeiro monstro é ele, e ela sabe reconhecer isso.

Ver os jardins da Fortaleza de Maegor, que foram usados principalmente como locação para as filmagens das cenas que envolviam os Tyrells, me fez lembrar que a última aparição deles foi em “Second Sons”, durante o casamento dos dois que agora ali conversavam. Naquela mesma ocasião, Cersei declarou guerra à Margaery, oficialmente. E eu aposto que essa disputa entre elas duas será um dos principais destaques da quarta temporada.

Quando Podrick desce as escadas correndo para avisar o Duende sobre a convocação de Tywin, duas garotas riem pra ele, provavelmente por que ficaram sabendo de sua habilidade com a lança. Uma última tentativa dos roteiristas de fazer piada com aquilo que já perdeu a graça faz algum tempo.

“The King is tired.”

O episódio mostrou as opções que restaram para Westeros depois da morte do Jovem Lobo. Temos Daenerys, que a essa altura já podia estar em um navio cruzando o Mar Estreito na direção de sua terra natal, mas que ao invés disso está libertando escravos em Essos; temos Stannis, que ao contrário do que a maioria deve pensar, não é um homem ruim. Ele é justo, e é aparentemente o único rei disposto a atender o chamado da Patrulha; temos Balon, que deu as costas ao próprio filho em prol da conquista; e por fim, temos Joffrey. Bem, o que dizer a respeito desse? Qualquer homem que precisa lembrar os outros de que é rei não é um rei de verdade. Quem realmente detém o poder é Tywin Lannister, e ele faz questão de deixar isso claro.

Mas nós já sabemos Tywin. O Norte inteiro sabe, e nunca esquecerá.

Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas Joffrey se provou muito corajoso ao enfrentar Tywin daquela maneira, algo que a maioria ali dentro daquela sala certamente jamais pensaria em fazer. Pena que bastou um único olhar do avô pra coragem dele se desfazer por completo. Talvez tenha sido mesmo cansaço.

Finalmente Pycelle disse alguma coisa! Nessa temporada, Julian Glover não fez mais do que papel de figurante em algumas cenas, o que é um pouco triste, pois ele é um ótimo ator. Vê-lo derrubar propositalmente a carta de Walder Frey pra provocar Tyrion foi hilariante.

A Roslin pegou uma bela truta gorda.

Seus irmãos ofereceram-lhe um par de peles de lobo como presente de casamento.

Durante a reunião do Pequeno Conselho, foi bacana ver como Tyrion defendeu Sansa das vilanias de Joffrey. E Varys ficou do seu lado, afinal ele é um dos poucos homens que pode salvar os Sete Reinos.

Alguém mais achou estranha aquela cena posterior entre Shae e Varys? Isso pra não dizer que ela foi completamente inútil, ao menos por agora. Primeiro, a Aranha oferece diamantes tirados não sei de onde pra que Shae vá embora da capital, depois eles conversam, conversam e aí ela decide devolver as pedras. Então pra quê a cena foi incluída? Ela não mudou absolutamente nada na história. Precisavam gastar 5 minutos do último episódio da temporada com aquilo? Mais uma para a lista das cenas que deviam ter ficado apenas nos extras do blu-ray.

Voltando a Torre da Mão, o diálogo entre Tywin e Tyrion foi, mais uma vez, um dos pontos altos do episódio. Sério. Sempre que inventam de colocar esses dois juntos em cena, eu ouço aplausos quando eles terminam. Mas parece que o Senhor de Rochedo Casterly está ficando sem argumentos, pois sempre que ele quer encerrar uma discussão com o filho, ele apela para o clássico “Você só está vivo por que eu quis que você vivesse”. Cara, isso é cruel. Principalmente vindo de um pai. Mas o que esperar do homem que esteve por trás do Casamento Vermelho?

Nós finalmente pudemos conhecer um forte da Patrulha da Noite além de Castelo Negro. A visão exterior de Fortenoite foi extremamente bela, totalmente diferente do que vimos lá dentro. O local parecia mesmo abandonado a centenas de anos. A equipe responsável pela cenografia realmente caprichou nesse cenário com atmosfera horripilante. Por sorte, assim como Bran e Jojen, eu sempre gostei mais de histórias horripilantes.

Aqueles que gostam de Hodor devem ter ficado realmente satisfeitos ao o ouvirem brincar com o eco dentro do poço. Nesses dois últimos episódios ele teve mais falas do que teve nas duas últimas temporadas inteiras. Um pena que ele nunca tenha muito a dizer.

Além de servir como um “recado indireto” para o Senhor da Travessia, a história do Cozinheiro Ratazana também serviu pra deixar os espectadores apreensivos para quando Sam resolvesse aparecer de surpresa.

De acordo com a lenda, o homem, que mais tarde seria conhecido como Cozinheiro Ratazana, era um simples cozinheiro em Fortenoite. Ele se tornara infame quando servira a um Rei Ândalo um empadão, que era feito de bacon e, sem que o Rei soubesse, do próprio filho do Rei. O Cozinheiro matara o filho do Rei, um Príncipe, para vingar-se de um erro que, supostamente, o Rei fizera com ele. O Rei, ignorante do fato, elogiou o sabor e pediu para repetir. Os deuses, mais tarde, brabos pelo cozinheiro ter assassinado um hóspede sob seu telhado, amaldiçoaram-no, e transformaram-no em uma monstruosa ratazana branca, que só podia comer os próprios filhos.

Segundo a estória, ele é uma enorme ratazana branca, e todos os outros ratos que habitam Fortenoite são seus descendentes.

Tal é a infâmia do conto, que há uma canção sobre o Cozinheiro Ratazana que ainda é cantada nos Sete Reinos, apesar do fato de que este incidente, supostamente, acontecera centenas de anos antes do desembarque de Aegon. A canção é usada para representar as repercussões àqueles que violam as leis sagradas da hospitalidade nos Sete Reinos.

Fonte: Game Of Thrones Br Wiki

Por toda a temporada nós vimos esses personagens circulando pra lá e pra cá, cada um dentro de seus respectivos núcleos, e por isso é muito bom ver quando esses arcos se encontram, especialmente no caso em questão, pois Samwell sabia quem era Bran mesmo sem conhecê-lo. Será que ele vai contar isso tudo pro Jon?

No episódio anterior, quando todos eles tiveram a mesma ideia de usar um forte desativado da Patrulha para atravessar, já ficou meio óbvio que eles se encontrariam. Nós só não percebemos o quão oportuno isso era. Além de ser um dos únicos capazes de ajudar Bran a encontrar o Portão Negro, Sam ainda adquiriu conhecimento a respeito de como matar um Caminhante Branco. E ainda tinha com ele uma porção de objetos confeccionados com vidro de dragão, que no final acabou entregando para o grupo antes de cada um seguir seus caminhos para lados opostos da Muralha.

O que eu espero do núcleo de Bran na próxima temporada? Muito mais respostas, mais perguntas, mais magia, mais visões, mais Hodor e, principalmente, mais cenas.

“He killed a guest beneath his roof. That’s something the Gods cannot forgive.”

Eu achei incrível o modo como a história contada por Bran serviu de introdução para a cena entre os dois maiores ratos dos Sete Reinos. Lorde Frey e Lorde Bolton são desprezíveis tanto quanto a atuação de seus intérpretes é admirável. Michael McElhatton e David Bradley deram um show á parte. Ainda assim espero ansiosamente pelo momento em que este último será substituído por uma ratazana branca de CGI.

Esse diálogo certamente foi um dos mais importantes da temporada, pois através dele finalmente descobrimos o que realmente aconteceu em Winterfell no último episódio da segunda temporada. Vocês lembram que nunca mostraram quem realmente pôs fogo em tudo por lá, certo? Foi um pouco triste perceber que Bolton planejava trair Robb desde aqueles tempos. Também tivemos a confirmação de que Peixe-Negro e Edmure continuam vivos.

Então veio a revelação de que o misterioso rapaz que passou seis episódios torturando Theon é na verdade o filho bastardo dele. Mas aquele que prestou atenção em certos detalhes não teve nenhuma grande surpresa. O próprio dispositivo em que mantinham o Greyjoy era semelhante ao que aparece no estandarte da Casa Bolton, que pôde ser visto várias vezes ao longo da temporada e que foi evidenciado por Jaime em “Dark Wings, Dark Words”. E a julgar pelo prazer sádico que Ramsay Snow demonstrou ao soprar sua corneta, era provavelmente ele que estava provocando os Homens de Ferro do lado de fora das muralhas de Winterfell em “Valar Morghulis”.

A cena de tortura apresentada aqui não teve nenhuma mulher nua, mas foi a melhor deles em toda a temporada, principalmente por que envolveu tortura psicológica mais do que tortura física. Ramsay tem sua própria maneira de fazer as coisas, e o ator Iwan Rheon parece mesmo bom em interpretar esse tipo psicopata. O modo como ele brinca com a nova condição de seu prisioneiro, que agora joga no mesmo time de Varys, é certamente perturbador, mesmo para aqueles que continuam a odiar Theon… Ou melhor, Fedor. O nome dele agora é Fedor.

Foi realmente bom rever Pyke, Balon e Yara. Embora seu papel seja recorrente, Patrick Malahide é pra mim um dos melhores atores que compõem o elenco de Game Of Thrones. Ele e a atriz Gemma Whelan têm uma afinidade espetacular, o que torna prazeroso assistir eles juntos em cena.

Apesar de meus três personagens preferidos pertencerem a outras Casas, mas ainda assim os Greyjoys são a família que eu mais gosto. Como indivíduos, eles podem não ter nenhuma qualidade formidável, mas acho que a cultura das Ilhas de Ferro lembra muito a dos vikings.  Toda a tenacidade, a coragem, e a ligação deles com o mar são características que eu admiro. Foi interessante reparar no modo como eles encararam o ‘brinquedinho’ de Theon sem desviar o olhar por um segundo sequer.

É claro que eu achei atitude de Balon desprezível. Não que ele devesse desistir das terras conquistadas por ele, mas o mínimo que ele podia ter feito era demonstrar algum interesse em vingar o que fizeram com seu filho. Mas aparentemente Yara tem mais colhões do que todos os homens de sua família juntos (literalmente, no caso do irmão), e é a partir da promessa dela de resgatar Theon que temos o gancho para a próxima temporada.

“You know nothing, Jon Snow”

Aparentemente, Ygritte esteve certa o tempo inteiro: Jon Snow não sabe nada. Nem mesmo o caminho de casa. A ponto de ela ter conseguido alcançá-lo. Sam estava a pé, viajando com um bebê, e chegou em Fortenoite no mesmo dia que Bran, sendo que o grupo de Bran deixou a Dádiva, também a pé, depois que Snow tinha partido pra Castelo Negro a cavalo. Lembrando que Bran é aleijado, o que certamente atrasaria um pouco a viagem. E mesmo assim todos chegaram a seus destinos primeiro que o bastardo. Mas tudo bem, faz muito tempo que a série mandou a geografia e a cronologia às favas.

Eu realmente gostei da cena entre o casal, só não sei se ela foi realmente necessária. Até  pensei que Kit Harington tivesse aprendido uma nova expressão facial. Mas depois vi que era por causa da cicatriz.

Brincadeiras à parte, os dois atores fizeram muito bem aquilo que lhes foi proposto. Sem dúvida nenhuma foi uma passagem emocionante, mas ninguém pode negar que também foi um ótimo exemplo de fanservice (elementos supérfluos à história principal, incluídos apenas para agradar a audiência).

Por falar nos fãs, se você ficou bravo com Ygritte por ela ter atirado aquelas flechas em Jon, lembre-se de quando eles estiveram caçando em “The Bear and The Maiden Fair”. Ali nós vimos o quanto a selvagem é boa com o arco, o que significa que dessa vez ela não atirou pra matar. Se ela quisesse matá-lo, ela teria conseguido.

Quando Snow chegou à Castelo Negro, Sam e Gilly já estavam lá a, pelo menos, um dia.  Provavelmente mais, assumindo que o corvo demorou mais de 24h pra entregar a mensagem de Meistre Aemon em Pedra do Dragão. Aliás, como foi bom rever Meistre Aemon, que parece estar tomando conta das coisas até escolherem um novo Comandante. E Pyp!

Enfim, no final da primeira temporada, Jon estava saindo de Castelo Negro para a expedição além da Muralha. No final da segunda, ele avistou o acampamento de Mance Rayder e agora, ao final da terceira, o vimos retornando ao ponto “A” (desconsiderando Winterfell). Uma das coisas mais estranhas de Game Of Thrones é que apesar de existirem muitas cenas em que aparentemente nada está acontecendo, no fim das contas percebemos que, por incrível que pareça, muita coisa está acontecendo. Principalmente quando fazemos essa retrospectiva.

As conversas entre Tyrion e Cersei são sempre excelentes, mas a que vimos nesse episódio pareceu mais uma compilação de todas as elas. As atuações de Lena Headey e Dinklage foram primorosas e o texto também, mas além disso, não vimos nada novo. A Rainha Regente falou de seus sentimentos a respeito de Joffrey, algo que ela já tinha feito em um momento da segunda temporada, e dos casamentos arranjados pelo pai, algo que ambos já fizeram mais de uma vez desde que receberam o ultimato de Tywin em “Kissed By Fire”.

Ah! E ela também nos lembrou de sua filha Myrcella, que foi mandada pra Dorne em “The Old Gods and The New” graças a um plano arquitetado pelo próprio Tyrion. A declaração da rainha de que teria se jogado da fortaleza se não fosse pelos filhos teve bastante a ver com o título do episódio.

Finalmente, depois de percorrer o longo e penoso ‘caminho da punição’, Jaime chega à capital, ao lado de sua fiel companheira. Mas agora que eles finalmente alcançaram seu destino, Jaime irá cumprir sua promessa de entregar as filhas de Cat a Brienne? Ele nem mesmo sabe que Catelyn foi assassinada no Casamento Vermelho e que Sansa está casada com seu irmão. Como Tywin reagirá a essa mudança de comportamento do filho, até então, é o seu predileto? Teremos que esperar alguns meses pra descobrir as resposta dessas perguntas.

Foi inteligente o recurso que David e Dan usaram pra nos mostrar que Jaime de fato alcançara o fundo do poço: um homem qualquer que, na entrada da cidade, confundiu o Lannister com um caipira.

Isso também serviu pra nos mostrar que ele mudou não só internamente, como também externamente. Isso fica bem evidente nas feições fantásticas dos atores Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau na cena do reencontro dos dois irmãos. Ele estava feliz em vê-la, mas ao mesmo tempo envergonhado de sua condição. Cersei, por sua vez, não ficou muito feliz ao ver que o gêmeo não é mais um reflexo perfeito dela mesma. E foi justamente essa imperfeição a primeira coisa que ela notou… Ótima cena.

Em um diálogo do episódio “Blackwater”, o Cão de Caça disse a Sansa que o mundo era construído por assassinos. Stannis é um assassino, os Lannisters são assassinos, seu pai era um assassino, seu irmão foi um assassino, seus filhos (com Tyrion?) serão assassinos um dia… E agora Arya, sua irmã mais nova, também está transformando-se em uma.

Na verdade, ela já tinha matado um garotinho gordo nos estábulos, enquanto fugia da Fortaleza Vermelha na primeira temporada. Mas ela disse que o soldado de Walder Frey tinha sido o primeiro homem que ela matou, o que de certa forma não deixa de ser uma afirmação verdadeira.

Nesse episódio nós vimos diversos personagens alcançarem seus objetivos ou ao menos definirem um novo objetivo para o ano que vem. Stannis provavelmente irá para o Norte, o mesmo lugar pra onde Yara está se dirigindo com sua frota e onde Jon e Sam, já em Castelo Negro, precisarão lidar com ameaças vindas do sul e do norte da Muralha, onde Bran finalmente iniciará sua verdadeira jornada em busca do corvo de três olhos. Mas e quanto a Arya? Ela vai se tornar o ‘Robin’ de Sandor Clegane? Se ela quiser se tornar uma assassina, não existe professor melhor. Ou será que existe? É claro que nenhum de vocês esqueceu Jaqen H’ghar… Bom, se esqueceram, a música dele foi tocada nessa cena justamente para lembrá-los de que ela ainda tem a moeda que ele lhe dera no final da segunda temporada.

 Valar Morghulis.

Arya e o Cão têm tudo pra serem os novos ‘Jaime e Brienne’ da próxima temporada, e eu realmente espero que essa parceria seja bem explorada pelos produtores. O único problema é que Clegane era um dos principais nomes na ‘oração’ da pequena Stark. E agora que ela está nessa nova vibe assassina, quem sabe se ele não será a próxima vítima? Espero que não.

“The true war lies to the north, my king.”

Enquanto Arya mata de um lado, seu amigo Gendry tenta fugir da morte no outro. O fato do Cavaleiro das Cebolas e o bastardo terem ficado “amigos” não foi tanta surpresa, ambos são personagens parecidíssimos e o diálogo em que eles relembraram a Baixada das Pulgas foi realmente muito bem escrito. Finalmente um bom material digno pra que Liam Cunningham pudesse mostrar o que sabe.

Além disso, ficou meio claro que o fato de Davos ter perdido o filho, que teria mais ou menos a idade de Gendry, facilitou a aproximação dos dois.

Mas não foi só o Liam que andou meio ausente ao longo da temporada. Pouca coisa realmente importante aconteceu em Pedra do Dragão nessa temporada além do ritual em que Melisandre sacrificou as sanguessugas com sangue de rei, o que possivelmente teve alguma relação com a morte de Robb Stark, como foi sugerido por ela.

Se o sacrifício de uma sanguessuga foi o suficiente pra matar um dos outros pretendentes inimigos de Stannis, o que vocês acham que o sacrifício de um humano inteiro, cheio de sangue real, faria? Davos não quis descobrir e então libertou o bastardo, mesmo contra a vontade do seu rei.

Foi interessante ver como os intérpretes de Davos e Melisandre foram posicionados atrás de Stephen Dillane em um determinado momento de uma cena, enquanto eles discutiam o destino de Gendry e a câmera estava focada apenas nele. Foi quase como se Davos fosse o anjo e Melisandre o demônio sobre os ombros de Stannis.

Ver Kerry Ingram como Shireen depois da sua única e incrível aparição em “Kissed by Fire” foi ótimo! Eu só senti falta mesmo de Selyse. Mas quem diria que as aulas de leitura da princesa salvariam a vida de Davos? Graças a isso e as chamas da mulher vermelha, percebemos que a verdadeira guerra está mesmo no Norte, e que a Guerra dos Cinco Reis realmente é um plano de fundo pra esse grande confronto que se aproxima. Afinal, como disse o Comandante Mormont na primeira temporada: “Quando homens mortos ou coisas piores vierem nos caçar à noite, você acha que vai importar quem está sentado no Trono de Ferro?”

As cenas desse núcleo no episódio foram praticamente um pedido de desculpas pelo pouco destaque que eles receberam ao longo da temporada. Carice Van Houten, Stephen Dillane e Liam Cunningham estiveram maravilhosos como sempre, e eu mal posso esperar pra ver o que vai acontecer com eles daqui pra frente.

“It is old Ghiscari, Khaleesi. It means ‘mother’.”

Então vamos finalmente para o gran finale, que no final das contas não foi nem tão grandioso assim. A cena em que os escravos libertos de Yunkai aclamam sua nova “mãe” foi inegavelmente bela. Os efeitos especiais incríveis e a fantástica trilha composta por Ramin Djawadi foram de dar inveja em muitas produções cinematográficas. Mas por que não funcionou como final de temporada? Por que era previsível.

O único motivo pelo qual Daenerys permaneceu em Yunkai foi pra que isso viesse a acontecer. Talvez se os escravos tivessem se rebelado e ela fosse obrigada a dizer “dracarys” ao invés de “voem”, as coisas tivessem sido mais interessantes. Só que com isso teríamos uma segunda chacina, e o propósito claro dos produtores ao apresentarem essa cena foi acalentar os corações dilacerados dos fãs após o Casamento Vermelho. E que melhor remédio pra isso do que uma dose cavalar de toda a glória “khaleesiana” que vimos no final da primeira temporada?

Naquela ocasião, Dany libertou os escravos de seu khalasar e muitos deles se foram. Mas ali ela ainda não era a “Mãe de Dragões”, e muito menos a “Quebradora de Correntes”.

Outra diferença marcante entre esse season finale e o que vimos em “Fire and Blood” é que aquele foi muito mais bem construído ao longo do episódio, enquanto este pareceu ter sido encaixado nos minutos restante pra que a temporada tivesse um final decente, mas que acabou ficando com cara de anticlímax. Existe um enorme buraco separando o que aconteceu com esse núcleo em “The Rains Of Castamere” e o que vimos aqui.

Além disso, o fato de que já tivemos Dany e seus dragões em um season finale torna um pouco questionável a escolha dos produtores de usar essa sequência pra fechar o ano.

Mas tudo fica mais aprazível se pararmos pra pensar que a intenção dos produtores era fazer com que nós terminássemos a temporada com um sorriso no rosto depois dos horrores presenciados nas Gêmeas. E depois de ter assistido o episódio algumas (muitas) vezes, eles finalmente conseguiram arrancar isso de mim.

Infelizmente o sorriso não durou muito. Ele desapareceu completamente quando eu percebi que agora todos nós estamos órfãos de mhysa até 2014.


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