And so he spoke. Em post recente no Not a Blog, Martin contou que está de volta ao trabalho depois da “volta olímpica” que realizou durante a semana do Red Wedding em talk shows americanos. E aí, como de costume, a caixa de comentários dos posts se encheram de pessoas fazendo perguntas de todos os tipos ao escritor, completamente não relacionados com o tópico abordado. Às vezes ele responde, às vezes não.
E então no meio dos comentários alguém citou a visão de muitos críticos de TV que apelidaram a tomada “mhysa” como uma “White Lady Jesus Scene“. A compilação de artigos que o comentarista colocou se encontra aqui, e se alonga na perspectiva de que a cena foi um clichê racista onde uma garota branca chega pra salvar o dia dos escravos de pele escura.
Martin respondeu o comentário da seguinte maneira:
A maioria dessas pessoas, obviamente, não leram os livros.
Se eles tivessem lido, saberiam que não há componente racial algum relacionado à escravidão tal qual praticada em Essos. Em Essos, a escravidão é baseada tal como existia no mundo antigo. Os romanos e gregos estavam tão dispostos a escravizar outros gregos e romanos como celtas, godos, alemães e africanos. Está na história.
No entanto, quando você está filmando cenas no Marrocos, e você divulga uma chamada para figurantes, são marroquinos que irão aparecer. A maioria deles tem a pele mais escura do que os nossos atores europeus (embora haja realmente diferentes raças e grupos étnicos representados no país, incluindo os árabes, berberes, africanos, franceses, etc). Não é tão diferente de filmar uma cena em Belfast e colocar uma chamada para figurantes, e um monte de irlandeses aparecerem.
Nós viajamos com nossos atores de país para país e de continente para continente a um custo alto, mas isso não é uma consideração de ordem prática quando se trata de figurantes. Então, em qualquer grande cena de multidão, a cor da pele predominante sempre vai representar o local em que você está filmando.
Mas só para constar, sim, Dany é branca, assim como ela tem sido desde o início, e ela pode ou não pode ser uma salvadora (a última cena em “Mhysa” não é o fim de sua jornada, de maneira alguma), mas ela liberta os escravos de todas as cores, raças, credos e nacionalidades.
Pessoalmente, acredito que a defesa de Martin ao seu texto original seja super válida. De fato , As Crônicas possuem muito mais contexto, e até um pouco de menos endeusamento da personagem nessa altura da história. Quando chegamos em A Dança dos Dragões vemos que o texto vezes condena Dany como salvadora superficial, as questões culturais e raciais são muito mais profundas e bem colocadas ali. Em certo ponto, vemos que ela mesma começa a rejeitar a ideia de rainha que criou para si. A cultura local se sobrepõe a ela. Personagens de diferentes origens, idiomas e culturas a rodeiam sim, mas são agenciados e elevados pela trama.
Além disso, as limitações da produção da série de TV são algo cada vez mais evidente, e os espectadores e críticos de TV tiveram essa sensação ao ver a cena final do último episódio da 3ª temporada porque essa sensação é legítima. A imagem é muito forte e violenta por tabela.
Coloco isso na conta da falta do contexto que a série não tem tempo pra abordar.
Para ler o original, clique aqui.