O texto a seguir possui spoilers do livro A Tormenta de Espadas que ainda não foram abordados na série de TV. Se você ainda não leu o livro, pedimos que leia esse texto que o Rafa escreveu, especialmente pra você.
Este episódio adaptou os capítulos Jamie VII, Tyrion IV e V, Jon VI, Jon IX, Sansa VIII, Daenerys V e Arya XIII. O episódio também adapta o capítulo Sansa II do livro A Fúria dos Reis. Para ler o conteúdo geral dos capítulos destes livros, clique aqui e aqui.
É cada vez mais difícil escrever esses textos sobre os episódios. Game of Thrones já é uma história que está muito estabelecida na cabeça das pessoas, tão familiar, tão esperada e comentada. Conhecemos muito suas nuances, sua estrutura, e como isso é dividido através dos episódios. Conhecemos cada diretor, cada roteirista, como foram feitas as armas, os vestidos, onde foram filmadas as cenas. O elenco durante o último mês rasgou-se em tantas e tantas entrevistas rondando os mesmos assuntos de sempre. Perceberam que raramente publicávamos essas entrevistas aqui? ‘Essa temporada será a melhor. Nessa temporada o meu personagem irá ainda mais fundo e depois mais fundo de novo. Meu personagem está mais escuro. Muita ação…‘. Jornais e blogs pelo mundo, ao assistirem a exibição deste episódio durante eventos de premiere, soltaram textos tão previsíveis e vazios quanto o cérebro do Janos Slynt. ‘Game of Thrones volta com sangue, intrigas e novos personagens‘. Blah. Porém, não os culpo. Isso meio que faz parte, muito do que se cobre em cultura pop é a parte menos substancial e mais superficial mesmo. Mas ninguém quer mais saber disso. Do que queremos saber, então?
Sete infernos, esse foi um ótimo episódio de estreia. Nos mais de novecentos comentários que vocês deixaram nesse post, nossa equipe pôde perceber que na verdade muita gente não o viu com esses olhos, olhos de admiração. E respeitamos isso. Por isso, vou tentar permear cada cena com um olhar atento e expressar o máximo do nosso poder analítico. Espero que gostem. Vamos lá?
Porto Real
O ritual do fim da espada Gelo foi algo bastante intenso, e começou desde a recapitulação da série exibida no começo do episódio, passeando pelos momentos onde ela esteve presente. O reflexo do fogo queimando a capa de lobo que protegia a espada foi algo tão literal, deixando Tywin parecendo o assassino que ele de fato ele é, saboreando cada segundo daquela sensação de vitória. Saboreando sozinho. E todas as outras pessoas ao seu redor estão quebradas, quebradas sem ter uma maneira de se curar. Esse foi o ponto que a série quis colocar aqui e acho que ficou bem claro. E acredito também que esse seja o pingo no ‘i’ que faltava para dar a esse inicio de temporada uma sensação de que todo mundo já esgotou sua paciência com muita coisa. É como aquela cena em que a Dany vê a criança crucificada e faz questão de ver quantas mais for preciso: o desejo agora é o de se abastecer com o pouco que ainda falta para que a nossa explosão em vingança seja ainda mais satisfatória. Mas aí é que está. Já sabemos o que acontecerá com Tywin e Joffrey, mas a história ainda possui muitos algozes, tão iguais ou piores do que estes.
O tema deste episódio claramente foi menos sobre espadas e mais sobre cumprir promessas. Sansa prometendo guardar um simples colar a Brienne dando satisfações a Margaery, uma vez que prometeu proteger rei Renly e falhou. De Jaime sendo confrontado com a promessa que fez à Catelyn, e depois de novo ao amor que prometeu a Cersei e, mais uma vez, ao lembrar-se que é um cavaleiro que prometeu proteger o rei e o reino, e até então pouco disso fez. De Arya começando a riscar os nomes de sua lista a Jon sendo confrontado por sua meia dúzia de quebras de votos. Ygritte frustrada por não ter sido capaz de cumprir o que lhe era devido. Oberyn buscando a cabeça do Montanha que lhe foi prometida… É muito bonito esse tema da promessa, é como uma prova de fé, que cada personagem terá que trabalhar ao longo desta temporada.
E quando as duas novas lâminas são feitas e Tywin queima a capa de lobo em sua lareira, olhando com prazer ao vê-la queimar, começa a quarta temporada de Game of Thrones. O aço valiriano derretido ali, com certeza perdeu alguma de suas propriedades substanciais, mas é bom sempre lembrar que as espadas de aço valiriano eram feitas pelos ferreiros estrangeiros com mágica e mistério, né?
No livro o ferreiro Tobho Mott retrabalhou o aço valiriano da Gelo, mas a cor da lâmina em cada espada resultou em um mesclado de vermelho e negro. A Família Lannister nunca teve um aço valiriano em centenas de anos. De onde o aço para a confecção dessas espadas veio não nos é revelado no livro prontamente, mas Tyrion acaba descobrindo mais tarde. Na série, Tywin cita que mandou trazer um ferreiro de Volantis para fazer o trabalho, mas nos livros sabemos que os únicos ferreiros que ainda sabem mexer em aço valiriano estão em Qarth. Por isso, as espadas reforjadas não possuem a mesma cor original e parecem querer ser o que não são. Na série, o ferreiro que re-trabalha Gelo é o mestre de armas de verdade da série. Tremenda homenagem a esse excelente profissional.
Essa ideia de algo falso ou inapropriado que a Gelo passa, é reforçada quando vemos que uma das espadas é dada a Jaime, que agora é um homem tão diferente… até porquê ele mal consegue colocá-la em sua bainha. De que servirá, então? Apenas mais uma conquista Lannister a ser exibida? Bom, lemos o livro, sabemos que Jaime superará isso e treinará a mão esquerda para poder usá-la. Mas esse ponto que a cena levanta é muito bom. Semanas se passaram e não vimos Jaime arder de amor e saudade por Cersei. Nem vimos como foi a recepção do pai ou irmão. O que é triste, e tem uma explicação. Falo mais sobre isso depois. Jaime mudou e seu cabelo não é mais o de um Lannister, o que combina com o fato de ele ter sido deserdado pelo pai. Ele é um homem mais ‘real’ sem aquele louro. Não se parece mais com um gêmeo de Cersei. Não se parece mais um príncipe galante, belo, terrível e cheio de si. E Tywin falando que nunca mais voltará a Casterly Rock ao mesmo tempo… é como se o preço de ter essas espadas fosse a perda da identidade Lannister.
Mandar fazer uma mão de ouro para não ter que ver um estrago irreparável, por exemplo, serve apenas para reforçar o tal do estrago irreparável. A mão é dura, fria e sem vida. É como se fosse uma figura que representasse o que está por vir para essa família. Tanto ouro, e nenhum calor.
É interessante como muitas das cenas aqui envolvem Jaime. Como as pessoas consideram que ele não passa de um coitado agora que não tem mais uma mão. A mão de ouro é quase um insulto, mas ele a veste. E ela dói e incomoda. Lembram-se nas passagens dos livros onde ele pensa como é estranha a sensação de faltar um membro ali? Aquilo é muito real. Muitas pessoas que tiveram algum problema e tiveram que amputar alguma parte do corpo estão sendo retratadas ali de modo bastante real. Quando alguém pergunta ‘porque Game of Thrones faz tanto sucesso? Tá aqui uma resposta simples. Pela realidade. Essas cenas com Jaime são honestamente dolorosas e interessantes.
Bom, falemos sobre a chegada dos dorneses. O Tyrion de Peter Dinklage é cada vez menos presente como um pensador e estrategista e mais como um bom pacificador. É aquela coisa, se todo mundo é foda pra caralho, ninguém é foda pra caralho. E de fodões, Porto Real está cheia: Tywin, Oberyn, Ollena… Nos livros isso funciona, mas na série não, porque o universo ficcional é menor. Então Tyrion está… sim, menor. Para equilibrar o fato de que a série tem pontos de vista que o livro não tem.
Nessa cena da chegada dos dorneses a falta de personagens femininas foi algo a se estranhar. Lançassolar é conhecida por ser repleta de mulheres fortes e socialmente importantes. Dorne é conhecida não apenas da maneira como aquele cara babaca mencionou no bordel: pessoas zoadas que gostam de foder cabras. Dorne é linda e suas mulheres são politicamente, socialmente e culturamente fortes. Herança de Nymeria, rainha guerreira que conquistou e estabeleceu aquela terra para o mundo novo. E isso me faz pensar em Dany e no poder que ela tem de fazer Westeros um lugar melhor para as mulheres, como a filha do estalajadeiro, que estava sendo abusada na última cena deste episódio…
Enfim. Oberyn. Quando foi dito que Pedro Pascal foi excelente em sua audição… bem, agora vemos que era verdade. O cara é insano, usa o sotaque mais legal do mundo em função do personagem, tem um olhar extremamente marcante e uma presença muito forte. Não estou falando que ele é gato, o que tá, ele é. Estou falando que ele é um bom ator. Um bom Oberyn. Menos frases de efeito e mais atitude. O Oberyn dos livros é um cara que, quando alguém ouve seu nome, sabe-se que ali há problemas. Pra ele, sexo e guerra são uma coisa só, e isso é insano. Não vou entrar no mérito da polêmica dele ser bisexual, porque isso nem deveria ser pauta, está no livro e acabou. Aliás, Oberyn é algo além disso. Espero honestamente que todo mundo tenha entendido ou pelo menos lido novamente os capítulos em que ele é citado. Mas há algo muito mais interessante do que a vida sexual do Oberyn. Algo que não está nos livros, mas está na série. O ressentimento dos Martell com Rhaeghar. Com o fato dele ter traído Elia e se apaixonado por Lyanna Stark. Até então, pelo que sabemos, os Martell gostam dos Targaryen, e bastante.
Voltando a miséria de Tyrion, agora ele tenta consolar uma dilacerada Sansa. ‘Come que passa’?. Não, não passa, gente. É bem estranho o fato de Tyrion ser tão complacente com as coisas que o pai lhe manda fazer. Jaime é o oposto disso nesse episódio. Tyrion chama Sansa de esposa. Devia chamá-la pelo nome, não como sua propriedade. Ele sabe como é sentir dor quando se perde alguém que é importante. Quando se perde família. Ele perdeu sua esposa (embora até aqui não saiba bem o motivo), mas deve ter doído. Comer não leva essa dor embora. O que leva é a conversa, o cuidado e a amizade. Sansa da série parece estar bem mais disposta a ouvir do que a dos livros, poxa. É só falar. Já que ela é sua esposa, seja mais franco com ela, mostre sua indignação. Seja quem ela precisa.
E então temos dois desdobramentos para essa cena. O de Shae e o de Dontos.
Tyrion encontra Shae esperando em sua cama quando ele retorna ao seu quarto e as coisas ficam complicadas. Shae grita com ele e uma empregada ouve tudo do lado de fora do quarto, vendo quando ela sai. Nos livros, até onde sabemos, quando Cersei descobre que Tyrion tem alguém ela manda espancar a prostituta em praça pública e na série a gente viu a Ros seriamente machucada por conta disso. Até então, Shae era um segredo. Os desdobramentos dessa cena até o dia do julgamento de Tyion parecem ser uma incógnita. O que Cersei faria com essa informação até lá? Lembrando que provavelmente veremos o fim de Joffrey no episódio que vem.
Quanto a Dontos, vemos a série se voltar para os capítulos de Sansa em A Fúria dos Reis. Mas vejo uma parceria entre dois sendo feita, provavelemnte não veremos. Também ficou difícil de entender Dontos assustando a menina e se escondendo atrás das árvores antes de encontrá-la. Se ele queria falar com ela, porquê fez isso? E vemos ele oferecer sua amizade e um curioso colar para ela, com pedras cor púrpura em uma corrente muito bonita. Quando a atriz apareceu na capa da Vanity Fair com esse colar, ficou bem claro: ele é um substituto para a rede de cabelo que ela usa durante o casamento de Joffrey no livro.
No livro A Fúria dos Reis, Sansa recebe um bilhete em seu travesseiro que diz ‘encontre-me no bosque sagrado se quiser voltar para casa’. Lá ela encontra com Sor Dontos. Ele promete a ela que vai levá-la pra casa em segurança. Depois promete a Sansa que ela irá embora no dia do casamento de Joffrey. Semanas mais tarde, em A Tormenta de Espadas, o bobo entrega uma rede de cabelo decorada com “ametistas negras de Asshai” e pede que ela use no banquete do casamento de Joffrey. Ele diz: “… essa rede é mágica. O que a segura é a justiça. Vingança pelo seu pai… É a sua casa que está aí.”.
Foi muito bacana a rima visual entre este colar e a cena em que vovó Ollena tenta escolher o colar perfeito para Margaery usar na cerimônia que está por vir. Ollena é muito engraçada e também dá as boas vindas a Brienne, elogiando-a e fazendo as vezes da voz da audiência. No livro, ninguém elogia Brienne, nunca.
Mas ela merecia. E isso me leva fazer os últimos questionamentos ao redor deste núcleo: Semanas se passaram desde que Jaime voltou a Porto Real. E aqui acho que está a resposta para a pergunta: Porque não vemos Jaime e Cersei em um ardente reencontro e vemos Jaime e Brienne ainda tão brothers from another mother? Porque a cena de sexo que a série queria mostrar era a de Oberyn, e não a de Cersei e Jaime. Daí algumas coisas parecem estar em suspensão. E isso mostra o esforço dos produtores em fazer este, um episódio de estreia equilibrado.
Por fim, a rima visual mais expressiva foi a de Joffrey e sua patética estátua no pátio em Porto Real, fazendo a passagem de uma cena para outra. Joffrey é um dos poucos personagens que não é cinza. Ele é escuridão. Mas… naquele momento, ele trata Jaime daquela maneira muito mais pelo que ouviu sobre o tio nos últimos tempos. Por ouvir que Jaime e sua mãe tinham uma relação incestuosa. Nisso, acho que é até estranho escrever isso, mas seria bacana saber como seria se Joffrey tivesse uma boa relação com Jaime, ou se ele ao menos tivesse o mínimo de interesse em aprender algo bom sobre a vida e sobre ser rei com seu pai de verdade. Pois o seu pai de criação era um bêbado putanheiro, e sua mãe está indo para o curioso mesmo caminho. Ficou bem óbvio que Qyburn deu a ela o chá da lua overpowered dele. Aliás… na cena ela fez questão de não ser discreta a falar com ele sobre isso. No fim das contas, queria que Jaime soubesse. Do mesmo jeito que Robert não escondia as coisas dela.
Além do Mar Estreito: Where is Daario?
Dá pra sentir que a mesma dificuldade que Martin tem de escrever o núcleo de Dany reflete em sua história da série. Há muito CGI (imaculados, dragões, paisagens surreais), muitas frases de efeito. Seus dragões cresceram e não podem ser domados, nem por sua mãe… Drogon está assustador. Crescendo rápido demais, é verdade, mas também estão as crianças Stark e até Tommen, como veremos no episódio que vem. O recast de Daario na minha opinião foi algo que a série tentou tratar com naturalidade do ponto de vista da produção e não em função da história. Se você não gostou, entenda que Daario não é um personagem feito para se gostar mesmo… Ele é exatamente daquele jeito nos livros: intrometido, exagerado, exibido. Missandei mais velha é um trunfo sensacional, faz Daenerys sentir-se mais protegida, embora não seja muito legal terem sumido com seu khalasar na série. É uma rainha com ótimos amigos. Acredito que ela seja a única personagem dessa série que consegue se gabar disso. Aquela galera chamando ela de Mhysa, no entanto, é bem verdadeiro e dá até uma aflição. É muita coisa pra ela tentar colocar em ordem.
Como Verme Cinzento pode ter algum interesse em Missandei eu também não compreendo. Ele é castrado e isso não é mencionado nos livros, uma vez que Missandei é apenas uma garotinha neles.
Sobre as flores que Dany ganhou do mercenário… uma cena bem a cara do personagem. Tem uma galera achando que pode até ser um easter egg para os fãs dos livros, cada flor para uma das três cabeças do dragão. Interprete como quiser.
Na Muralha: ‘Thenns… I fucking hate Thenns’.
Jon Snow, assim como Jaime, está de volta ao lugar que pertence. Voltou para um mundo muito diferente do que conhecia antes. Depois de duas temporadas ao Norte da Muralha, deve ser triste perceber no que Westeros se tornou. Muitas pessoas morreram, incluindo a maior parte da família dele, e Westeros é agora um lugar irreconhecível. Tanto Jon quanto Jaime são personagens que buscam ser justos saindo da curva do que o dever dita, justamente por terem visto coisas que ninguém mais viu, mas ao mesmo tempo terem a oportunidade de voltar para casa. A cena em que é julgado por Alliser Thorne, Janos Slynt e Aemon foi muito bem feita, principalmente por Janos que é ótimo em fazer papel daquele babaca intragável.
Esse pensamento que Jon tem em relação a Robb não é deste livro, mas do primeiro livro (A Guerra dos Tronos) muito antes de seu irmão morrer. E isso deixou essa sensação de que Jon foi um pouco insensível, não é?
Ainda sobre os capítulos de Jon que foram adaptados nesse episódio, percebemos algumas diferenças. Quando Jon volta, Aemon limpa e trata seus ferimentos e Grenn conta a ele que Winterfell foi queimada e que Bran e Rickon foram mortos pelas mãos de Theon. Jon ainda pensa que deve ter havido um engano, pois ele viu um lobo gigante cinza em Coroadarainha. E que talvez então, Bran esteja vivo na pele se seu lobo… além do fato de que, quando Jon chega a Castelo Negro não há quase ninguém lá, muito menos Thorne e Slynt (esses dois só chegam no finalzinho do livro, e julgam Jon junto ao Camisa de Chocalho) antes de mandá-lo matar Mance.
Em contrapartida vemos a apresentação dos Thenns, e na série a função deles será a de mostrar que os selvagens são maus, e o que verdadeiramente os separa de um mundo civilizado. Quando Mance diz que jamais se ajoelhará ou pagar impostos, dá até pra entender. Mas quando vemos esses Thenns tão cheio de manias e cultura propria, essa ideia de ‘não ajoelhar’ fica bem clara. Não é uma questão de querer se ajoelhar ou não. É uma questão cultural. George R. R. Martin trabalha muito bem isso na história, desde Daenerys até Jon. Isso é muito empolgante. Nos faz refletir sobre questões do nosso mundo real. Os Thenns são um povo bastante peculiar, e acho que a caracterização ficou muito bacana (sei que muita gente não achou isso, mas algumas coisas são bem subjetivas mesmo). Colocá-los como canibais para aumentar o poder de antagonismo é um artifício bacana. Nesse universo a gente sabe que os canibais são o povo de Skagos, e sabemos que é lá que o garoto Rickon e Osha provavelmente se encontrarão. Talvez isso nos aproxime de Rickon enquanto ele não volta.
No Norte: “Fine little blade, maybe I’ll pick my teeth with it.”
Eu gosto de pensar na insanidade de Arya, ao praticamente forçar o Cão a confrontar Polliver para poder ter sua Agulha de volta. Arya é uma personagem que já passou por tanta coisa horrível, que é como se por dentro ela não tivesse mais uma noção de medo ou perigo, mas isso não quer dizer que ela seja necessariamente é corajosa. Nos livros vemos ela se tornando gradualmente uma assassina profissional, na ideia mais terrível que alguém poderia conceber disso. Afinal de contas, há pouco tempo atrás ela era uma garota nobre que gostava de brincar com os irmãos e seus lobos e tinha sonhos e uma cama quentinha e comida farta em sua mesa, e uma mãe para lhe dar banho e educação. Essa é a mesma garota que se coloca em uma situação quase suicida. Que começa a sentir prazer ao enfiar a espada em um homem. A Maisie Williams é uma atriz de quem eu gosto muito, e ela se tornou uma garota tão inteligente nos últimos anos (como podemos ver aqui, a propriedade que ela tem em falar sobre os temas da série e sua personagem).
E então ela recupera aquele último pedacinho de Winterfell que ela ainda pode chamar de seu. Mas a que preço? Agora ela já não é mais Arya. É só uma galinha do Cão, e tem que ser assim para que continue sua vingança sem ser reconhecida. Cada vez menos Arya, cada vez mais qualquer outra coisa. E em pouco tempo, Ninguém.
Como vocês já devem saber, a diferença na adaptação está no fato de que nos livros, neste momento, Arya mata o personagem Cócegas, e não Polliver. Mas Polliver também está presente na cena e quem o mata é o proprio Cão. Cócegas, por sua vez, foi morto por Jaqen H’ghar na segunda temporada da série. Nos livros, quem mata Lommy é Raff, o Querido, mas para ver os desdobramentos disso você teria que ler o capítulo de Winds of Winter que foi divulgado sabiamente dias antes da exibição deste episódio.
Esse post foi ilustrado com imagens garimpadas do Tumblr: Caps of Thrones, este aqui, e este.