O texto a seguir possui spoilers do livro A Tormenta de Espadas que ainda não foram adaptados na série de TV. Leia por sua conta. O episódio adaptou trechos dos capítulos Sansa V (pág 624), Jaime VII (pág 632), Tyrion IX (pág. 669) e Dany V (pág.583). Para ler a nossa análise que não compara a série com cenas dos livros, clique aqui. Este foi um episódio em que vimos personagens tentando ‘ensinar’ ou ‘dar uma lição’ em outros mais frágeis para que eles se concentrem e estejam preparados para os novos tempos que batem a porta. Algumas pessoas o apelidaram de “mais episódio preparatório” por pura preguiça, mas Breaker of Chains foi um episódio recheado de cenas excelentes, porém infelizmente ofuscado por uma cena tão mal pensada e executada que jamais deveria ter sido exibida. Nunca um episódio de Game of Thrones foi tão temático, em todas as cenas o tom de ‘ensinar uma lição’ foi empregado estrategicamente. E claramente a série acabou perdendo a mão ao tentar empenhar-se tanto nesse sentido.
O episódio começa exatamente onde o último terminou, Cersei grita por Tyrion e Sansa e a menina foge ao som dos sinos do Septo, em uma sequência muito bem orquestrada: Tywin grita, Cersei grita, todos estão em alerta na cidade inteira. Hm, estão? Não estão, e através dos becos ela e Dontos conseguem chegar ilesos ao seu barquinho para não mais voltarem ao ambiente hostil pelo qual foram abusados durante os últimos meses. Vemos que já anoiteceu quando eles alcançam o barco de Mindinho, que mata Dontos e conta a Sansa que foi ele mesmo quem fez aquele peculiar colar que ela usa. O clima, a névoa, a imponência das embarcações, tudo nessa sequência é muito bonito, muito bem desenhado e filmado. No livro, essa cena é quase idêntica a da série, no entanto é Sansa quem descobre sozinha que sua rede de cabelos tinha ‘pedras mágicas’. Nesse capítulo ela diz uma de suas frases mais simbólicas: “Os deuses ouviram minhas preces. Minha pele se transformou em porcelana, marfim e aço”. Isso é Sansa sentindo coragem e força. Quando se revela no livro, Petyr conta abertamente que foi ele quem planejou as justas dos anões no casamento para humilhar Tyrion, além de ter ajudado a arquitetar o envenenamento em si. Quando Sansa questiona o motivo dele querer ver Joffrey morto, ele responde: “Eu não tive motivos. Mantenha sempre seus inimigos confusos. Às vezes, a melhor maneira de confundi-los é fazer movimentos que não têm propósito. Lembre-se disso quando jogar os jogos dos tronos”. Mindinho também conta que tirou a virgindade de Catelyn e diz que Sansa deveria ter sido filha dele, e que ele deveria ter se casado com Cat. Por isso quis cuidar dela. Creepy! Bom… Dontos deveria estar em Game of Thrones recorrentemente desde que apareceu pela primeira vez no início da segunda temporada, assim o impacto da morte do personagem poderia ser mais significativo. Mudando de assunto, ver Sansa ludibriada por Mindinho é algo muito bacana. Pensando como a personagem, ser resgatada de uma situação terrível por um dos caras que claramente era amigo de sua mãe e uma das pessoas mais poderosas e inteligentes do reino, deve ter dado uma sensação muito bacana de segurança para ela, algo que ela não sentia há muito tempo. Enquanto isso, é clara a sensação que Petyr é um predador, chegou tão perto dela para lhe dar boas vindas que pensei que ele ia comer a cara dela. O sussurro, a entonação maluca que ele dá as palavras… oh Sansa, onde foi que você se meteu? E enquanto Sansa pensa estar indo para casa em segurança, nos jardins de Porto Real, Margaery e Olenna conversam sobre a morte de Joffrey. Gente, a justaposição dessas duas cenas é ótima porque vemos muito claramente que Margaery, mesmo sendo tão astuta e inteligente, é usada pela avó para cumprir os propósitos da família. No final das contas, ela e Sansa estão na mesma posição. Só que enchergam o jogo de maneiras diferentes. Nos livros inclusive Margaery tem apenas 16/17 anos, quase a mesma idade de Sansa que tem 13/14. Mas enquanto Sansa sonhava em casar-se com um príncipe, Margaery sonha ser rainha. No final das contas, poucos desses sonhos tornam-se reais. Ou se tornam sim, mas não do jeito que desejamos, é como Olenna diz: “Você fez um trabalho maravilhoso em Joffrey. O próximo deve ser mais fácil.” Nesse episódio fica bem óbvio que em breve Margaery e Tommen se casarão e com a total alegria e empenho dos vovôs e vovós do mal. Apesar do recast, Tommen continua a ser muito fofinho, e Marge continua sendo uma garota muito mais velha e experiente do que ele. Na cena seguinte estamos no Septo de Baelor, e Joffrey está sendo velado pela mãe e irmão, com pedras nos olhos. A abordagem de Tywin a Tommen e brilhante! No entanto, o que poucas pessoas perceberam é que Tywin usou este momento não para ensinar Tommen, mas para ensinar Cersei. Ela deveria saber de tudo aquilo que Tywin estava contando ao pequeno leão. Mas ela, assim como Joffrey, não teve interesse em se importar com problemas reais, com coisas maiores do que seu proprio umbigo. Quando Tywin discorre sobre um rei ser bom, santo, forte ou sábio, ele está jogando na cara da filha que aquilo deveria ter sido ensinado a Joffrey. E que ela, como rainha regente, deveria ter considerado também. Quando ela tira o menino de perto da mãe e do irmão morto para tentar colocar ideias de casamento em sua cabeça, é um movimento que mostra que ele está tirando Tommen das garras da mãe, para que ele possa criar o menino, para que ele possa ser um bom rei (e claro, para que seja sábio o bastante para sempre escutar o pequeno conselho, principalmente a Mão). E então Jaime chega, cumprimenta Tommen em um gesto muito bacana (que nunca o vimos fazer com Joffrey… na verdade ele nunca fez isso com ninguém) e caminha até a irmã para desenrolar-se em uma das cenas mais mal feitas e terríveis da história dessa série. Posso dizer, com a possibilidade do leitor achar que sou uma pessoa sádica, que sou fascinada por essa cena quando ela acontece nos livros. É insana, suja, horrível. Nela temos as coisas mais perversas que George R. R. Martin pensa sobre sexo e sobre o ambiente em que a história que ele se propôs a contar se passa. É sexo incestuoso ao lado do caixão do filho desses dois irmãos, gêmeos. Filho esse que acabou de morrer envenenado, rasgando a garganta sem conseguir respirar. A série transformou isso em uma cena de abuso que não é tão complexa como as camadas que essa relação originalmente suger
e. Desde domingo a noite uma quantidade considerável de textos sobre essa cena foram publicados pela internet, e eu não queria me estender muito nisso porque acho que muito já foi dito. Mas fico triste, muito triste de saber que essa cena foi pensada assim, além de todos os desdobramentos terríveis que estão em curso (como a posição contraditória do diretor Alex Graves e as inflamadas discussões que não se embasam no problema e não propõe soluções, apenas apontam seus sintomas e causam o caos). Que gosto amargo essa adaptação deixou. Que tragédia. Game of Thrones é aclamada por ter tragédias bem escritas. Veja o Casamento Vermelho, que verdadeira criação violenta e sádica que, mesmo com suas mudanças, foi respeitosa com os personagens envolvidos, com o arco da história e com o texto original. Não, é? O Jaime que perdeu a mão por salvar a Brienne de um estupro, que sentiu ódio ao ver Aerys estuprando e espancando Rhaella e ódio ao saber que Robert estuprava e batia em Cersei não é o mesmo cara que faz o mesmo com a propria Cersei. Me desculpe Jaime Lannister da série de TV que mata parentes (a gente não se esqueceu de A Man Without Honor, viu HBO?) e estupra irmãs, você não existe para nós, leitores. Um beijo para Lena e Nikolaj que tiveram que passar por essa merda horrorosa. Espero que daqui pra frente escrevam coisas mais coerentes e bacanas pra vocês. Nos livros Jaime fica sabendo da morte de Joffrey na estrada a caminho de casa e na hora fica preocupadíssimo com a irmã. Sim, com ela, sem pensar em nenhum momento no filho. Sem um pingo de vergonha na cara. Aqui está nosso anti-herói incestuoso, quebrado e bizarro. Aqui já temos Jaime em sua essência, não precisamos nem de uma análise muito profunda. Depois de fazer amor loucamente com uma irmã em luto, ela menstruada (olha o simbolismo), os dois com saudades e ao mesmo tempo com raiva. Jaime a pede em casamento enquanto ela pede para que ele mate Tyrion. Cersei chama Tyrion de monstrinho retorcido. Daí vem a quebra da relação deles. Muito melhor, muito mais louco, muito mais interessante, muito mais bem escrito. Não estou falando que essa cena é ‘bonita’ no livro, é bizarra pra caramba mas é genial. Martin escreve muito bem Jaime, mas melhor ainda Cersei. Estamos todos muito curiosos para saber quais serão os desdobramentos disso na série. Por que olha, que horror… Nas Terras fluviais, Arya e o Cão estão em Feirajusta. Ele considera atravessar o Mar Estreito para lutar como um mercenário nos Segundos Filhos. Ela, enquanto espera chegar segura a casa da tia Lysa, pensa em como gostaria de conhecer Bravos um dia. A atuação da menina Maisie estava muito inspirada nesse episódio, lembrei-me muito na Arya espirituosa da primeira temporada. Talvez porque ela esteja menos sombria nessa cena, afinal de contas o Cão precisou ser mais. Tudo nessa cena pareceu fora de seu eixo, apesar de ter sido uma cena engraçada e bem feita para a série de TV. Primeiro Arya, que depois de ter riscado Polliver de sua lista de vingança pareceu ter se encontrado com quem ela realmente é (o que é ainda mais sombrio, que uma garota tão jovem encontre paz assassinando pessoas). Depois o Cão que bateu e roubou o ouro do pobre camponês que lhe alimentou, deu um teto e um emprego. Além do proprio camponês que, curiosamente, falava muito bem e aceitou uma família de estranhos em sua casa lhe indicando até onde ficava a sua prata. Mas ok, Arya precisa ter um pouco de perspectiva e não confiar mais nele para poder partir e ser uma gata nos canais de Bravos em breve. E eu curto pra caramba essas cenas que mostram gente humilde se ferrando na mão de marginais de merda. E vocês sabem porquê? Daenerys é a única pessoa nessa porcaria de mundo que liga pra essa galera. Antes de virarem os olhos pra heroína mais expressiva dessa história, pensem que a jornada dela é a mais nobre e foda nesse sentido. Sinto falta de Arya sonhando com Nymeria e sua alcateia, correndo pela noite e principalmente de Arya treinando. Ela passou as três últimas temporadas sem fazer nada disso. Muita gente levantou a bola que o Cão não deveria ter roubado o pobre homem porque ele tem uma conduta como cavaleiro, e que até já citou na série que não roubou Joffrey antes de fugir de Porto Real por isso. E nos livros ele também mostra uma conduta muito limpa quando volta para pegar o ouro que Dondarrion roubou dele e não machuca ninguém no processo. Mas a gente já viu o Cão fazendo várias loucuras… no capítulo do Casamento Vermelho ele rouba um comerciante pra fingir que vai entrar no castelo para vender carne, lembram-se? A questão principal é que no momento em que eles encontram uns camponeses no livro, O Cão considera trabalhar para eles por um tempo pra ganhar dinheiro e comida e poder levar Arya para a tia com mais segurança. Mas são os camponeses quem o tratam mal e os expulsam de lá. Como na série o camponês foi o bonzinho, inverteram-se os papéis. Em Castelo Negro a série vai desenvolvendo seus personagens: garotada nova sendo registrada, muitos estupradores, últimos filhos e ladrões. Sor Alliser Thorne e Janos Slynt dando aquela boa e velha escrotizada em Sam, Sam tendo a brilhante ideia de enviar Gilly para um puteiro para que ela não seja assediada (?) e por aí vai. Sinto falta de Sam estudando os paranauês na biblioteca da Patrulha. Sam é letrado e gosta disso. Ele vivenciou algo que ninguém compreende com um White Walker. Ele deveria estar focado nisso, e Gilly poderia ajudá-lo com sua sabedoria. Mas não, vamos mandar a garota para o lugar mais escuro, sujo e fedido de todos. Poxa, Sam. Quando os selvagens chegarem não haverá lugar seguro no norte e até faria sentido levá-la a Vila Topeira se, como nos livros, fosse um abrigo subterrâneo. Mais tarde no episódio nós voltamos para as terras geladas de Westeros. Um homem é morto por uma flecha de Ygritte, que atravessa seu crânio, tudo isso enquanto ele conversava com o filho sobre o jantar. Os selvagens matam e esquartejam o corpo dos pais do garoto na frente dele. Styr faz questão de dizer que eles serão sua refeição, e que o garoto deve correr até a Patrulha e avisar que eles estão chegando. E Game of Thrones é excelente em fazer isso, em mostrar como é a vida dessas pessoas inocentes em tempos de guerra e principalmente, como é necessário fazer escolhas. Jon e seus irmãos de negro decidem ficar na Muralha e defendê-la, mas, ao saber que Karl pode encontrar Mance antes disso, Jon decide partir e encontrar os desertores para que Mance não saiba que a Patrulha só tem meia duzia de zé-ruelas que não sabem sequer pegar em uma espada direito. Essa abordagem viking dos selvagens funciona muito bem na história. É claro que aqui temos o elemento do canibalismo, mas eu acho que a série de livros faz muito bem em retratar a ideia dos vikings com os homens de ferro mais tarde em O Festim dos Corvos. E tomara que isso não se perca ou fique repetitivo quando a história chegar ao ponto onde iremos conhecer Euron e Victarion. A tempestade chegou em Pedra do Dragão e Davos aborda um Stannis que já
deveria estar a meio caminho da Muralha já que esse foi o cliffhanger da temporada passada. Mas ele não está. Cheio de sotaques e dentes cerrados o rei sem juramentados e sem carne boa pra comer no jantar anuncia que Joffrey está morto. E com orgulho pois, segundo ele, tudo isso é graças as sanguessugas e ao poderoso sangue de Gendry. E ele reclama e reclama e reclama, que Gendry deveria ter sido morto, que não tem porta estandartes (apenas pequenas famílias como os Peasebury, Musgoods e Haighs), que não tem dinheiro. E Davos, como um leal amigo e Mão promete providenciar tudo o que puder. Me lembrei que Stannis fazia parte do pequeno conselho durante o reinado de Robert, e que raramente visitava o irmão ou se posicionava, argumentava, se importava de forma inteligente. Davos por sua vez se importa, corre atrás. Vemos ele encontrando a Princesa Shireen para dar continuação as suas aulas de leitura. Essa é uma daquelas coisas muito bonitas que a série criou além dos livros e que é muito bonito de assistir. Tirando a referência muito legal a Monty Python nessa cena (“knight” e “k- niggit) que já é por si só muito legal, vemos a menina Shireen mostrando o livro “A Vida e Aventuras de Elyo Grivas, Primeira Espada de Bravos“. E, mesmo engatinhando em sua leitura, Davos tem um insight muito bacana ao lembrar-se de Bravos e do Banco de Ferro. Stannis esteve no pequeno conselho em Porto Real e sabe das dívidas que a coroa tem com o banco. Stannis precisa de dinheiro para contratar espadas para ir a Muralha. Esse é Davos matando dois coelhos para Stannis. No bordel de Mindinho, Ellaria Sand, Olyvar, Oberyn e várias garotas fazem uma festinha. Aquele tipo de cena em que a HBO usa sexo gratuitamente sem precisar descaracterizar um personagem só porque acordou com vontade de quebrar a internet. E Oberyn continua a chocar a sociedade (mesmo vestindo suas calças), dizendo que quem não faz sexo com homens e mulheres está perdendo “metade do prazer do mundo”, pois o único momento em que ele escolhe apenas um lado é quando precisa lutar. E aí ele escolhe Dorne. Vamos todos levantar de nossas cadeiras nesse momento e dar uma salva de palmas, pessoal? (Esperando. Já voltaram? Ok.) E repetindo um daqueles momentos clássicos de Game of Thrones, onde alguém interrompe um bacanal pra conversar algo sério, Tywin chega no recinto. Tywin acusa Oberyn veladamente de ter envenenado Joffrey, mas o Víbora tem um excelente e honesto álibi. Oberyn acusa Tywin de mandar assassinar sua irmã com os bebês e Tywin não tem um excelente álibi, muito menos vergonha na cara. Depois de encarar o vovô Lannister, Oberyn decide que quer a Montanha. E Tywin aceita, colocando Oberyn como juíz do julgamento de Tyrion (para salvar o filho?); e como parte do pequeno conselho do rei. Tywin estar ciente de Daenerys e preocupar-se com os selvagens é novidade. No entanto, os dragões da série estão tão grandes que até faria mais sentido ele saber… Como ele sabe? Tenho um palpite e tem muito a ver com o capítulo de Dany que está sendo adaptado nesse episódio. Falo mais sobre isso depois. E aí chega a cena bonita que vale por um episódio inteiro. Podrick e Tyrion, desculpando-se e se despedindo. Dos Payne, casa juramentada ao Lannisters, conhecemos bem dois: o garoto Podrick e o carrasco Ilyn. E os dois são peças muito importantes no processo da história. Podrick é um menino muito quieto e tem 12 anos de idade quando aparece no primeiro livro, tímido e corajoso. Sem dúvida o melhor escudeiro que já existiu <3. Essa despedida foi realmente bonita, ambos emocionados e tristes, pois agora estarão sozinhos. Tyrion está condenado e não tenta puxar ninguém para junto de sua cova como qualquer outro Lannsiter faria. Todos foram comprados ou ameaçados, para vê-lo morrer. Mas mesmo estando no mais fundo dos poços, a situação de Tyrion pode piorar. Seu julgamento certamente será mais humilhante do que o que Joffrey fez com ele durante o casamento real e agora Joffrey não está mais vivo para termos quem culpar, vejam só que curioso. Shae é o elemento que mais traz o sentimento de angústia em toda essa história. Como será que os produtores irão desenrolar sua participação na série? Será igual a dos livros? Tem muita gente achando que Shae pode ocupar o lugar de Tysha nos livros, indo para onde é que as putas vão. Seria um pensamento tão inocente, esse? Nos livros é tio Kevan quem sempre visita Tyrion em sua cela o auxiliando, conversando e tentando resolver tudo de maneira bem civilizada. Tio Kevan rocks. É nesse capítulo do livro que Tyrion faz sua aliança com Oberyn, além de descobrirmos onde Bronn se meteu, então é mais legal comentarmos isso mais tarde. Por fim, Dany. Meereen é alcançada, imponente com suas grandes muralhas, pirâmides e harpias de bronze. Vemos saindo de seu portão principal o campeão da cidade, que seria o equivalente a Oznak zo Pahl do livro. Dany escolhe Daario para ser seu campeão e, antes depois da luta, Dany desfere um discurso muito bonito diretamente aos escravos da cidade, dizendo que não é sua inimiga, mas como a inimiga de seus mestres. E esses mestres, hein? Suas roupas são muito parecidas com as do povo de Qarth na série. Nos livros eles são descritos com muita excentricidade: vestidos ao estilo tokar com enormes franjas os quais você mal consegue mexer ao usar, muitas jóias, óleo nos cabelos… mas se nem Daario ganhou sua barba azul, né? Dany não tem esse discurso no livro, mas no livro temos Belwas defecando nos portões da cidade. Oh, well. Quando os pequenos barris voam das catapultas e vemos que eles se quebram contra as colunas principais mostrando coleiras quebradas de escravos libertos… que símbolo. Que força. Pode ser clichê, pode ser cansativo pra quem acha que suas cenas são repetitivas, dona Daniela Targaryen. Mas isso foi bonito. As paradas mais loucas da jornada de Dany acontecem nesse cenário, e acho que todo mundo está bem ansioso pra ver como isso será mostrado na série. Como os dragões irão interagir com aquelas pessoas e como Dany fará pra liderar uma quantidade tão gigantesca de pessoas agora? Nos livros Dany precisa entrar na cidade urgentemente porque seu povo está literalmente morrendo de fome. Dany é aconselhada neste capítulo por mais dois amigos: Belwas o Forte e Ben Mulato Plumm por quem os dragões de Dany nutrem uma curiosa afeição. E olhem que curioso, é só nesse capítulo de Dany que sabemos que Arstan é Vovô Barristan e que Dany descobre que Jorah era espião de Robert. Mais cedo neste episódio, Tywin revela saber da existência de Dany, Drogon, Rhaegal e Viseryon. Ou seja, Jorah… seus dias e
stão contados. E falando em antigas amizades, onde raios se meteu o khalasar de Dany? Qual a lógica de chamá-la constantemente de khaleesi se a HBO sumiu com todos os dothrakis dessa série? Achei muito curioso como esse episódio usou crianças em seu elenco. Do baby Sam a menina Sally, do garoto que Styr assombrou a Tommen. Isso reforça aquela ideia do tema de ‘ensinar lições’ que eu coloquei no começo desse texto. E em contrapartida vimos personagens colocando seu caráter a prova como Davos provando-se para Stannis, Daario provando-se para Dany e Dany provando-se para o povo. Jaime e o Cão brincando com a audiência, nos fazendo sentir mal por gostarmos de anti-heróis, provando a nós suposto verdadeiro caráter. E claro, Mindinho provando seu poder ao desafiar a sanidade das pessoas com sua face maquiavélica no sentido mais literal da palavra.
Quanto a Jaime e Cersei: não estava nos livros, não faz sentido pro arco do personagem (nem Cersei, nem Jaime), foi de mal mau gosto, foi gratuito. Estou inteiramente ciente que o trabalho de George é cheio de maus tratos a mulheres, homens e crianças, violência, pobreza e horror, bem como pede uma história inspirada em medievalismos, guerra e mundo antigo. Mas ele utiliza isso em função da história. Leia Mercy, onde também temos uma personagem muito querida sendo abusada. Mas acontece em função da porcaria da história. O estupro gratuito da Cersei foi um recurso escuro e sem sentido. Escrevo isso como leitora apaixonada da obra de Martin, ou seja, uma pessoa que já se chocou com muita loucura que ele escreveu. Você que não leu pode ter sentido-se indiferente a isso, como a cena de Ros, ou a menina que estava sendo abusada na taberna no episódio Two Swords. Mas isso tem que acabar. Queremos mais Arya treinando, mais Sam estudando. E menos putaria, por favor, HBO.