Esse texto NÃO CONTÉM SPOILERS DOS LIVROS e é destinado principalmente para aqueles que não terminaram ou sequer começaram a leitura dos mesmos. Se você já leu ou não se importa em saber o que vai acontecer, confira a análise COM SPOILERS, que em breve deve tá saindo por aí.
Segundo o poema “Fire and Ice”, de Robert Frost, “alguns dizem que o mundo acabará em fogo”, o que certamente é um pensamento compartilhado por aqueles que conhecem e temem a ameaça dos dragões. Mas pelo que vimos nesse episódio, gelo seria o bastante…
Como o título sugere, o tema central de “Oathkeeper” (Cumpridora de Promessas) foi o dever. O dever de Daenerys com os escravos em Meereen… O dever de Jaime com Catelyn Stark… O dever de Olenna com a neta e o de Margaery como futura rainha dos Sete Reinos; o dever de Jon como líder e o dever dos desertores da Patrulha, que mesmo tendo quebrado violentamente seus juramentos, precisaram honrar o acordo de Craster com os Caminhantes Brancos. Aliás, o episódio em si atendeu vários desejos dos fãs. Independente do resultado ter ou não agradado a todos eles, eram coisas que vinham sendo prometidas a um bom tempo. Nós vimos Dany concluir sua cruzada na Baía dos Escravos… Soubemos finalmente o que aconteceu na Fortaleza de Craster… Adentramos um pouco mais a enigmática esfera que rodeia o mito dos White Walkers… Descobrimos a verdadeira culpada pela morte de Joffrey…. Presenciamos a crescente evolução de Jon Snow e Bran, enfim, envolvido no que parece ser um verdadeiro plot. Mas na mesma proporção que essas promessas foram cumpridas, outras foram feitas.
Vamos lá?
O episódio começou com fogo e terminou com gelo, literalmente. Fogo e sangue, pra ser mais preciso. Apesar de tudo, devo dizer que esse começo não foi exatamente o que eu esperei. Queria muito ter visto uma resposta imediata ao discurso de Daenerys visto em “Breaker of Chains”. E quando digo isso, me refiro à escravos atirando seus mestres das muralhas da cidade e coisas do tipo. Mas tudo bem. Os escravos tiveram sua liberdade e nós tivemos um insight bacana da relação de Verme Cinzento e Missandei, interpretados de maneira sempre concisa pelos atores Jacob Anderson e Nathalie Emmanuel. Aliás, essa foi uma característica marcante de “Oathkeeper”. Vimos personagens que normalmente aparecem como coadjuvantes terem, pela primeira vez, cenas que são só sobre eles. Além de Missandei e Verme Cinzento, vimos os desertores da Patrulha em um momento particular e sinistro com as filhas de Craster; vimos os White Walkers em sua morada e Brienne partindo para uma nova jornada ao lado de Podrick.
Enfim, depois de termos nossa dose semanal de Alto Valiriano na cena onde os escravos discutem se devem ou não se rebelar contra os seus mestres, vemos a resposta escrita na parede, com sangue, e no Idioma comum: Kill the masters… Missandei é mesmo uma ótima professora. A cena onde os escravos juntos assassinam aquele mestre é bem impactante… O problema é que para por aí. Já está ficando chato o modo como a série corre das batalhas por falta de tempo e/ou dinheiro. Sim, eu sei que “Game of Thrones não é só sobre batalhas” e, se você lê minhas análises com frequência sabe que eu sou o maior defensor dessa máxima. Mas a sequência foi incrível! Tivemos um show de efeitos especiais sem os quais não seria possível reproduzir toda a beleza da cidade de Meereen… Vimos Daenerys se vingar dos mestres crucificando-os no caminho até seu novo palácio, assim como eles fizeram com as crianças escravas em “Two Swords”… Imagina se tivessem acrescentado um pouco mais de ação ali no meio? Foi o que faltou pra tornar essa passagem verdadeiramente épica. Isso, e os dragões voando junto à bandeira da Casa Targaryen naquela última cena, pra fechar com chave de ouro. Cadê eles? Libera a verba, HBO!
Parece que toda a grana que eles pouparam foi gasta com os lobos gigantes e White Walkers que vimos mais tarde…
Então vamos para a capital, onde Jaime e Bronn treinam mais uma vez. Desde o julgamento de Tyrion no Ninho da Águia – que o diálogo deles nessa cena referencia estrategicamente – nós sabemos que Bronn não luta com honra, enquanto Jaime é o cara que bateu em um de seus soldados quando este, improbamente, perfurou a perna de Ned Stark enquanto eles lutavam (isso aconteceu lá na primeira temporada, em “The Wolf and the Lion”). E é legal ver como eles dois, mesmo sendo tão diferentes, formam uma dupla tão interessante. Os dois atores estão entre os melhores do elenco, sem dúvida, e o texto de Bryan Cogman é excelente, fazendo questão de destacar aquela que talvez seja a única coisa que Jaime e Bronn tem em comum além do título de cavaleiro: Tyrion. Os dois provavelmente são os últimos amigos que Tyrion tem na capital. Foi um alívio ver Bronn defender o Duende, de certa maneira. As últimas cenas entre eles me deram a impressão de que a amizade tinha azedado. Nessa cena deu pra ver que ao menos uma parte dela ainda está ali. Mas é claro que Bronn tem um jeito bem mercenário de demonstrar isso, ou então ele não seria ele.
Por falar em Tyrion, a cena entre dos “irmãos regicidas” foi uma das melhores do episódio. Principalmente em termos de atuação. Como disse em uma análise anterior, é nos piores momentos de Tyrion que Peter Dinklage nos entrega sua melhor performance. É interessante ver como a fragilidade dos Lannisters está sendo bem retratada nessa temporada, e acho que a relação entre Jaime e Tyrion é o elo mais forte dessa corrente. Nesse diálogo percebemos como eles estão mais equivalentes do que nunca, como a própria direção de Michelle MacLaren faz questão de mostrar ao posicionar a câmera de modo que os dois pareçam ter a mesma altura e olhem diretamente nos olhos um do outro. Isso é muito bacana apesar dessa união ter se fortalecido graças à situação nada agradável em que ambos se encontram no momento. No episódio anterior, antes da polêmica cena de estupro no Septo de Baelor, Cersei pediu a Jaime que matasse o irmão deles antes do julgamento, assim como nesse episódio ela pediu que Jaime matasse Sansa, a quem Tyrion faz questão de defender afirmando que, assim como ele, ela não é uma assassina. Não ainda…
Daí, vamos para o barco de Mindinho, onde ficamos sabendo que Sansa de fato está indo para o Ninho da Águia, onde ele se casará com a tia dela, Lysa. Vocês lembram dela, certo? Aquela que amamentava o guri… Enfim, é nessa cena que também conhecemos um pouco mais as motivações do Mindinho. Ele foi provavelmente a única pessoa no mundo que Joffrey “tratou bem” de alguma maneira quando o tornou Senhor de Harrenhal em “Valar Morghulis” (ironicamente, como agradeicmento por ele ter arranjado a aliança entre Lannisters e Tyrells). E foi justamente ele o cara por trás de seu assassinato… O motivo? Ele quer tudo. E “tudo” provavelmente inclui, além de Sansa, o Trono de Ferro. Aidan Gillen é um ótimo ator, e Mindinho um personagem ainda mais fascinante, mas ultimamente eu tenho achado a atuação dele meio forçada. Ele faz de Mindinho o tipo de cara que você encontra na rua e conclui, de imediato, que é um vilão dos menos confiáveis.
O modo como o roteiro foi revelando o verdadeiro plano por trás da morte de Joffrey foi sensacional! Assim como Tyrion acredita na inocência de Sansa, ela também acredita na inocência do marido. Afinal de contas, Tyrion é um bêbado como Dontos, e Mindinho é muito esperto pra acreditar em bêbados. Depois de revelar que as pedras do colar que Sansa usou no casamento eram venenosas, ele diz que seus “novos amigos” queriam muito a morte do rei. E nada melhor do que um bom presente pra fazer com que uma nova amizade cresça forte. Sim, essas são as palavras que ele usa. O que não significa muito se você não sabe que “Crescendo Fortes” (Growing Strong) é o lema da Casa Tyrell. E é exatamente enquanto ele fala isso que somos transportados para a cena em que Olenna e Margaery Tyrell caminham pelos jardins da Fortaleza de Maegor.
No episódio passado, Podrick disse que um homem tinha prometido a ele um título de cavaleiro caso ele afirmasse no julgamento que Tyrion tinha roubado um veneno chamado “Estrangulador”, o mesmo veneno usado por Cressen para tentar matar Melisandre em “The North Remembers” e que realmente se assemelhava a uma pedra. Teria sido o homem enviado por Mindinho? Digo, se ele quer tudo, e isso inclui mesmo o Trono de Ferro, faz bastante sentido o fato de ele querer incriminar Tyrion pelo assassinato de Joffrey, tirando do seu caminho uma das poucas pessoas na capital que poderiam impedir os seus planos.
Se vocês assistirem “The Lion and The Rose” novamente (ou lerem minha análise sobre o episódio), perceberão que Olenna de fato tira uma das pedras do colar de Sansa e que em certo momento a câmera foca o rosto dela bem atrás da taça de Joffrey. Tudo fica ainda mais evidente se vocês contemplarem a ironia das falas da velha, que torna sua culpa ainda mais evidente. “Matar um homem em um casamento é um ato terrível! Que tipo de monstro faria isso?”
Diana Rigg é de fato um monstro. No melhor sentido da palavra, é claro. Que atriz incrível! É uma pena que essa provavelmente tenha sido sua última participação na série. Ouvi-la reclamar do fato de estar passeando sempre naqueles jardins é quase como ouvir os produtores se desculpando por usarem sempre o mesmo cenário. E foi bonito vê-la “passar a tocha” pra Margaery daquela maneira. A história de como Olenna conseguiu conquistar o marido Luthor Tyrell nada mais foi do que uma dica do que a neta deveria fazer em seguida. E para aqueles que até esse ponto ainda não tinham captado a mensagem, a velha praticamente confessa ter matado o rei ao afirmar com toda certeza que Tyrion não foi o culpado. Tudo isso enquanto ajeitava, de modo não muito discreto, o colar no pescoço de Margaery.
Assim como a Mãe dos Dragões, a “mãe da loucura” quer responder injustiça com justiça, mas a dor da perda e o vinho interferem no seu bom senso, se é que ela já teve algum. Enquanto Cersei acusa incansavelmente acusa Tyrion por um crime que ele não cometeu, a verdadeira assassina de Joffrey foge da capital e sua neta invade o quarto futuro rei… Sortudo maldito. Se ele já não estava conseguindo dormir por causa das lembranças dos reis mortos que estiveram naquele mesmo quarto (o javali na parede é uma lembrança de Robert Baratheon enquanto a flecha nele foi cortesia de Joffrey em “Dark Wings, Dark Words”), imagina depois que a Margaery apareceu por lá. Eu já mencionei como Natalie Dormer é magnífica? E ver esse lado mais jogador da Margaery é sempre sensacional. Foi provavelmente por causa de cenas como essa que colocaram um ator mais velho pra interpretar Tommem. E o moleque até que é bom. Depois que ela sai, vemos ele sorrindo, provavelmente imaginando o dia em que vai poder conhecer o Jardim de Cima (ou de baixo, se é que vocês me entendem). Mas convenhamos que, depois de contracenar com uma mulher daquelas, não precisa ser um grande ator pra sorrir com cara de bobo daquele jeito.
Ah, nessa cena também conhecemos Ser Pounce que, infelizmente, assim como Olenna Tyrell, teve sua última participação nesse episódio (apesar do sucesso que fez na internet). Segundo Bryan Cogman, o gato bagunçava muito no set de filmagens, o que é uma pena já que ele parecia mais disposto a defender Tommem do que todos os membros da Guarda Real juntos. Onde estava sor Boros? Será que ele também foi distraído pelos encantos da futura rainha?
Falando na Guarda Real, parece que o único membro dela que realmente tem algum valor é o Senhor Comandante, Jaime. Um homem de quarenta anos sem uma mão. Os outros são, basicamente, figurantes de armadura, o que é meio bizarro. Aliás, o Jaime de “Oathkeeper” dificilmente lembra aquele Jaime que estuprou a irmã no septo em “Breaker of Chains”. Tudo bem, Game of Thrones não segue aquela lógica maniqueísta de que todo personagem é branco ou preto, bom ou mal… Tudo é um grande cinza. Mas diria que o caso de Jaime é um dos mais complexos de todos eles, e por isso ele é sensacional. Nesse episódio, o cara foi retratado como um verdadeiro herói! Quem não ficou feliz quando ele disse “que a espada de Ned Stark deve servir para proteger uma de suas filhas”? Tywin é que não vai gostar nem um pouco de ouvir isso.
De fato, aquela espada de aço valiriano terá muito mais utilidade nas mãos de Brienne do que na única mão do Regicida. E como toda espada boa precisa de um nome (uma frase que estamos ouvindo muito nessa temporada), essa se chamará “Cumpridora de Promessas” (Oathkeeper). Existe nome mais apropriado pra ela? A cena de despedida dos dois tem aquele ar de nobreza que é sem igual! Gwendoline Christie é uma atriz de primeira, e Brienne de Tarth é, sem dúvidas, um dos personagens mais queridos da série. Como não gostar dela? Ela é provavelmente a única pessoa nos Sete Reinos que se encaixa na definição de “cavaleiro”, o que é fantástico por que ela é a única mulher “no ramo”.
E já que Brienne é o “cavaleiro perfeito”, nada mais justo do que ser acompanhada pelo “escudeiro mais fiel que já viveu”. Oferecer Podrick como companheiro de viagem à Brienne foi provavelmente algo acordado entre Jaime e Tyrion em algum momento off-screen daquela conversa que eles tiveram na cela. E que ótima ideia! Ambos são personagens sensacionais. Quem já leu “O Cavaleiro dos Sete Reinos” certamente não teve dificuldade em relacionar Brienne e Podrick aos lendários Sor Duncan e seu escudeiro, Egg. Agora, além dos vários núcleos que a série possui, teremos essa nova jornada pra acompanhar, e ela promete ser bem interessante. Vamos esperar que ao menos essa promessa eles consigam cumprir.
Ver os patrulheiros treinando no pátio de Castelo Negro e Alliser Thorne infernizando a vida de Jon Snow me fez sentir como se estivesse assistindo novamente a primeira temporada, exceto por um detalhe incômodo que parecia fora do lugar: Locke. Que provavelmente era um dos recrutas ladrões que se juntaram à Patrulha em “Breaker of Chains” (eu voltei pra assistir à cena e não consegui vê-lo). Em “The Lion and the Rose”, vimos que ele foi mandado por Roose Bolton em uma busca pelos Starks remanescentes, começando pelo bastardo. E é impressionante como ele conseguiu chegar rápido. No primeiro diálogo fica claro que o objetivo do cara é conquistar a confiança de Jon. É só falar mal do “chefe” e pronto. Fácil, fácil (Jon Snow não sabe nada, logo, é inocente). Teria sido mais fácil ainda se ele dissesse que foi enviado à Muralha depois de cortar a mão do Regicida… Talvez os dois já fossem melhores amigos a essa altura (ou não).
Outra notável adição ao contingente Patrulha foi o pequeno Olly (o nome dele não era Guymon?). Aquele garotinho das batatas, que teve a família massacrada pelos selvagens no último episódio. Não tendo para onde ou para quem voltar, a única alternativa pra ele foi mesmo vestir o negro. Nessa cena, ele afirma ter sido o melhor arqueiro em seu vilarejo, mas certamente não tão bom quanto a Ygritte.
Eu também ouvi a voz dos produtores se desculpando quando vi Samwell reclamar da decisão tomada por ele em “Breaker of Chains”. Como eu comentei na minha análise do episódio, mandar Gilly pra Vila Toupeira foi realmente muito estúpido. Assim como Tyrion e Jaime, Jon e Sam parecem mais próximos do que nunca. Na conversa entre eles descobrimos que Jon sabe da jornada de Bran além da Muralha, assim como Locke, que provavelmente escutou tudo antes de entrar e, por essa razão, se ofereceu para integrar a expedição à Fortaleza de Craster. A cena em que Jon consegue convencer os patrulheiros através de seu discurso é bem bonita, e me lembrou muito uma passagem de “A Sociedade do Anel”. Mas o melhor de tudo foi a cara de Alliser Thorne ao ver os corvos se levantando em apoio ao bastardo. Ele sancionou a expedição acreditando que os desertores dariam um jeito em Jon Snow. E mesmo que eles não consigam, Locke terá várias chances de realizar o serviço. Será que ele e sor Alliser estão juntos nessa?
E o que dizer desse cara que mal conheço, mas já odeio pacas? Com apenas uma cena, Karl Tanner do Beco do Caroço conseguiu superar o finado Joffrey e se juntar à Ramsay no hall dos personagens mais odiados pelos fãs. O modo como ele zomba do Lorde Comandante Mormont enquanto bebe vinho no crânio do próprio é de revirar o estômago de raiva. E o modo como os desertores tratam aquelas pobres mulheres? Não contente com a polêmica cena da semana passada, Game of Thrones nos entrega mais violência e estupro nesse episódio. Como se não bastasse o horror de terem sido abusadas pelo próprio pai durante tanto tempo, as filhas de Craster ainda precisam lidar com isso. A cinematografia dessa cena é bem agradável aos olhos, mas aquilo que ela representa não é, nem um pouco.
O nascimento do último filho de Craster denota que os ex-patrulheiros estão ali a, no máximo, nove meses. É tempo suficiente pra o corpo do Comandante ter se decomposto totalmente daquela maneira? Ou além de estupradores, assassinos e miseráveis os desertores também viraram canibais?
Contando com aquele filho que o próprio Craster abandonou em “The Night Lands”, esse foi o segundo bebê oferecido como “presente para os deuses”. Já estava na hora da série mostrar de alguma maneira o destino dessas crianças. Foi até engraçado o modo como Rast pareceu preocupado ao deixar a criança ali sozinha na floresta. Mas depois ele começa a debochar o pobre Fantasma – que esteve desaparecido desde a última temporada – e voltamos a sentir raiva do maldito. Vocês repararam em como a água congela no chão quando o Caminhante se aproxima?
À essa altura eu já estava com os olhos vidrados na tela. Especialmente quando Bran, Jojen, Meera e Hodor escutaram o choro do bebê. Foi legal ver como Bran parece já ter o total domínio e suas habilidades como warg, de modo que ele consegue entrar na pele de Verão com extrema facilidade. Aliás, um dos pontos altos do episódio foi a presença dos lobos gigantes. Sim, eles já estiveram presentes em vários momentos, mas dessa vez, ao menos pra mim, parecia que eles estavam muito mais bem inseridos nas cenas. Os efeitos especiais foram tão bons que era quase como se Verão e Fantasma estivessem ali mesmo, participando das gravações junto aos atores. Quando pensamos que os lobos vão se encontrar, Verão cai num buraco, o que é o motivo perfeito para Bran e sua trupe irem à Fortaleza de Craster, como Jon havia previsto mais cedo. É a partir daí que as coisas começam a se desenhar de maneira interessante. O grupo é capturado pelos desertores e agora estão na iminência de se baterem com os patrulheiros que estão indo justamente naquela direção. A maneira como os infelizes torturam Hodor e tratam Jojen, Meera e Bran, faz com que nosso ódio por eles cresça ainda mais. Dá pra imaginar por que Bryan Cogman disse que esse episódio foi a coisa mais difícil que ele escreveu.
E eu achando que seria só mais um dia tedioso na vida de Bran…
Então vamos para o big finale, que em minha opinião foi uma das sequências mais bonitas e impactantes de toda a série até então, e um daqueles raros momentos em que ela mergulha de cabeça na fantasia. Nós somos levados às chamadas “Terras de Sempre Inverno”, lar dos Caminhantes Brancos. Nessa passagem é possível notar uma característica marcante de Michelle MacLaren, muito vista nos episódios que ela dirigiu em Breaking Bad e, acredito eu, inédita em Game of Thrones. Ela nos mostra as coisas a partir do ponto de vista de um personagem, que nesse caso, foi o bebê. Além de ser uma técnica extremamente interessante, deve ter poupado muitos gastos com recursos de CGI, que estiveram presentes em praticamente tudo que vimos nessa cena, principalmente nos incríveis cenários.
Depois de colocar o bebê em um altar feito de gelo, através do qual também foram filmados muitos dos quadros que compõem a sequência, o Caminhante se afasta e uma das treze criaturas ali presentes se aproxima, tomando o menino no colo e, com um único toque, transforma-o em um deles. Genial! Em todo momento é perceptível que a intenção da diretora foi nos transmitir o mesmo medo daquela criança. E ela conseguiu. Como sempre, a trilha sonora composta por Ramin Djawadi, constituída por ruídos e pelo som de gelo se quebrando, ditou o tom certo para a construção daquela atmosfera aterrorizante. Vocês repararam em como aquele Caminhante se vestia de maneira mais “civilizada” que os demais? E ele tinha chifres na cabeça que, sim, lembram muito Darth Maul do Star Wars, mas que também se assemelham muito a uma coroa de gelo. Não foi a toa que a HBO se referiu a ele como o “Rei da Noite” (leia sobre ele aqui). Mas será que os White Walkers são mesmo criaturas assim tão organizadas? Se sim, eles são muito mais perigosos do que podíamos imaginar. E a única pessoa que, teoricamente, seria capaz de pará-los, está cativa na mão de um filho da puta vicioso.
Certamente, essas perguntas não serão respondidas na semana que vem, e é com esse receio que terminamos de assistir à esse belíssimo episódio que, dentre outras coisas, serviu pra nos mostrar que os Starks estavam certos o tempo inteiro e o inverno está mais próximo do que nunca.
(Para saber mais a respeito dos Outros e das Terras de Sempre Inverno, acesse nossa wiki)