Em 24/03/2015, a Editora Leya divulgou nota a respeito do livro, que se encontra ao final deste artigo.


Então, O Mundo de Gelo e Fogo chegou e foi um sucesso entre os fãs. E é claro que não poderia ser diferente, afinal o conteúdo é vasto e muitíssimo bem cuidado e trabalhado, um deleite para os fãs. O novo livro até põe lenha na fogueira de algumas teorias já existentes, e dá origem a algumas novas. Entretanto, uma obra tão ambiciosa não ficou imune a erros, seja na edição original ou na brasileira.

García, Antonsson e Martin com a edição gringa de O Mundo de Gelo e Fogo, que conteve erros de concordância interna.

As primeiras edições gringas do livro contaram com inúmeras inconsistências, que foram percebidas e apontadas pelos leitores no fórum do Westeros.org, website administrado pelo próprio Elio García, co-autor do livro. Elio (“Ran”, no fórum) esclareceu o que havia saído realmente errado e o que eram “inconsistências deliberadas” (passagens que aparentemente são erros, mas na verdade são condizentes com os narradores não-confiáveis com os quais estamos acostumados na série).

A seguir, uma lista de erros confirmados por Elio nas edições gringas (e suas respectivas correções), muitos dos quais provavelmente foram também transportados para a edição da LeYa (as páginas se referem à edição da Bantam):

  • A irmã de Edwyle Stark, Jocelyn Stark, se casou com Benedict Royce, não com “Benedict Rogers” como diz a árvore genealógica (Fonte);
  • Aelinor nasceu Penrose, e não Targaryen (como Jeor Mormont menciona em A Fúria dos Reis). Aelinor Penrose era primo de Aerys I;
  • 1ª impressão, p. 231: Robert matou Rhaegar em 283 DC, e não em 282 DC;
  • 1ª impressão, p. 159: “son of the late prince Aegon” está errado. Jaehaerys era o irmão mais novo de Aegon;
  • Laenor Velaryon aparece como o irmão mais velho na árvore genealógica, entretanto ele era o mais novo, como descrito em “The Rogue Prince”, e no Not a Blog de GRRM;
  • The Rogue Prince está errado. Foi Orwyle quem cortou os dedos de Viserys I, e não Gerardys;
  • Na página 59, é dito que Alys Harroway foi a primeira das noivas a ficar grávida em 48 DC. Na verdade isso ocorreu em 44DC;
  • Na árvore genealógica Stark, Rodwell Stark e Donnor Stark não estão em negrito, enquanto que Bran os listou como Senhores na série principal. Foram confirmados como sendo Senhores de Winterfell (essa correção já deve ter saído na 3ª impressão);
  • Jaehaerys se tornou rei com 14 anos em 48 DC (nasceu em 34 DC) e se casou com sua irmã assim que atingiu a maioridade (16 anos: 50 DC). É dito que o casamento durou 46 anos, fixando a morte de Alysanne em 96 DC. Porém, algumas páginas adiante sabemos que ela morreu pouco menos de um ano depois de sua filha Gael em 99/100 DC. Os 46 anos ainda estão corretos. São mencionadas duas Brigas. É dito que a Segunda Briga durou 2 anos, e a outra durou 1 ou 2 anos. Foi confirmado que essas Brigas não entraram na contagem de “anos casados”;
  • Vários anos aparecem como sendo quando Tywin se tornou Mão do Rei, e e de seu casamento com Joanna Lannister, que ocorreu um ano depois. Os anos corretos são: Tywin nasceu em 242 DC, o noivado de Genna e Emmon Frey ocorreu em 252 DC, Tywin se tornou Mão em 262 DC, e portanto Tywin se casou com Joanna em 263 DC;
  • As seções sobre as Terras Fluviais e sobre os Homens de Ferro se contradizem no que concerne a aonde os homens de ferro de Harwyn levaram os navios pelo Ramo Azul (norte ou sul). Uma consulta ao mapa mostra o lugar correto, porém;
  • Morgan Hightower é o irmão mais novo de Martyn Hightower. Patrice é a tia virgem deles, e não a tia virgem do Alto Septão;
  • Stannis Baratheon nasceu em 264 DC;
  • O torneio de aniversário de 272 DC ocorreu em Porto Real (como diz a página 116), e não em Lannisporto (como diz a página 124);
  • A grafia correta de “Joffery Lydden” é “Joffrey Lydden”;
  • Rhaena Targaryen (filha de Aenys I e Alyssa Velaryon) nasceu em 23 DC. A escolha de palavras no que se refere a um possível noivado entre ela e Maegor (25 DC) é para significar a idade de Maegor durante o próprio casamento, e não a idade que tinha quando foi feita a proposta (que portanto ocorreu em 23 DC, quando Maegor tinha 11 anos);
  • Não está claro se Aegon (filho de Rhaegar e Elia) nasceu nas últimas semanas de 281 DC ou nas primeiras semanas de 282 DC;
  • “Black Aly Blackwood” é tia de Benjicot Blackwood, e não sua irmã (como diz o livro);
  • Na p. 259 Lomas Longstrider está grafado como “Loras”;.
  • 1ª edição, p. 150: no mapa das Terras Fluviais, “High Road” aparece como “River Road”.

A edição traduzida da Editora Leya, infelizmente, a exemplo da original, veio também com erros, o que não é exatamente uma novidade para os fãs. Para além de questões de concordância dentro do universo e inconsistências como as apontadas acima, porém, a edição nacional contou também com erros gramaticais e ortográficos, além de problemas na própria tradução. Alguns desses erros chegaram a alterar passagens e causar sentido diverso do texto original. Com ajuda do pessoal do Fórum Ice and Fire (brasileiro) e de outros colaboradores, compilamos alguns dos equívocos da edição da Leya.

Na seção dedicada a Aegon II, que inclui também um relato da Dança dos Dragões, vemos nas p. 74-75 da edição nacional:

“A mensagem que o Príncipe Daemon mandou para Pedra do Dragão, depois de saber da morte de Lucerys, foi: ” Olho por olho, um filho por outro. Lucerys será vingado.” Ele era o príncipe da cidade e ainda tinha muitos amigos, nas tavernas e bordeis de Porto Real. A principal delas era sua amante Mysaria, o Verme Branco. Ela garantiu vingança, contratando um caçador de ratos brutal que entrou para a historia como Sangue e Queijo. Graças à sua profissão, o caçador-de-ratos conhecia todos os segredos dos túneis de Maegor. Esgueirando-se até a Fortaleza Vermelha, Sangue e Queijo capturou a rainha Helaena e seus filhos…  e então ofereceu à esposa de Aegon II uma escolha brutal: qual de seus filhos devia morrer? Ela chorou, implorou e ofereceu a própria vida em vão. No final, escolheu Maelor – o mais novo e considerado jovem demais para entender. Em vez disso, Sangue e Queijo matou o príncipe Jaehaerys, enquanto a mãe berrava aterrorizada. Então Sangue e Queijo fugiu com a cabeça do príncipe, fiel à palavra de que iria atrás apenas de um dos filhos de Aegon.”

Pela leitura dessa passagem (e da também da página 75), o que se entende é que um indivíduo chamado “Sangue e Queijo”, um “caçador de ratos brutal”, foi contratado por Mysaria, não é mesmo?

Não foi isso o que ocorreu, porém. Vamos ao texto original (p. 74 e 75 da 1ª edição da Bantam):

“The words Prince Daemon sent to Dragonstone after having learned the news of Lucerys’s death were, “An eye for an eye, a son for a son. Lucerys shall be avenged.” He was the Prince of the City, and he still had many friends in the stews and brothels of King’s Landing. Chief of them was his once-paramour, Mysaria, the White Worm. She arranged his vengeance, hiring a brute and a rat-catcher known to history as Blood and Cheese. Thanks to his profession, the rat-catcher knew all the secrets of Maegor’s tunnels. Slipping into the Red Keep, Blood and Cheese seized hold of Queen Helaena and her children … and then offered Aegon II’s wife a brutal choice: which of her sons would die? She wept and pled and offered her own life to no avail. In the end, she named Maelor—the youngest, and deemed too young to understand. Blood and Cheese killed Prince Jaehaerys instead, as his mother screamed her horror. Then Blood and Cheese fled with the prince’s head; true to their word that they were only after one of Aegon’s sons.”

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Sangue (o bruto, à esquerda) e Queijo (o caçador de ratos, à direita). Na edição nacional, cita-se “Sangue e Queijo” como um único personage. Imagem: “Blood and Cheese”, por Will Owen.

Dessa leitura se percebe algo substancialmente diferente sobre Blood (Sangue) e Cheese (Queijo): na verdade se tratava de dois homens, um deles um caçador de ratos e o outro um bruto, que ofereceram a Helaena a escolha de qual de seus filhos deveria morrer. E a palavra deles foi cumprida, afinal Jaehaerys morreu e Maelor viveu. O fato de se tratar de duas pessoas é comprovado também por uma leitura do conto The Princess and the Queen, que contém um relato mais detalhado da Dança e do próprio episódio com Sangue e Queijo. Uma mudança significativa, não?

Na página 19 há outro problema que reside essencialmente na tradução. Encontramos a seguinte passagem na edição nacional:

(…) Lá, ainda sob a proteção dos reis dos Primeiros Homens, os Filhos da Floresta cuidavam dos majestosos represeiros entalhados que existiam no topo (trinta e um, segundo o Arquimeistre Laurent, em seu manuscrito Lugares Antigos do Tridente). Dizem que quando os guerreiros de Erreg começaram a cortar as árvores, os Primeiros Homens lutaram ao lado dos filhos, mas o poder dos ândalos era grande demais. Ainda que tenham feito um valente esforço para defender seu bosque, os Primeiros Homens e seus filhos foram todos assassinados. Os contadores de histórias agora afirmam que os fantasmas dos filhos da floresta ainda assombram o monte à noite”.

Temos aí duas questões. Primeiro, a falta de padrão em se usar ou não maiúsculas ao se referir aos filhos da floresta. E segundo, uma confusão quanto a que “filhos” foram assassinados junto com os Primeiros Homens. Vamos ao texto original (p. 19 da Bantam):

There, while under the protection of the kings of the First Men, the children of the forest had tended to the mighty carved weirwoods that crowned it (thirty-one, according to Archmaester Laurent in his manuscript Old Places of the Trident). When Erreg’s warriors sought to cut down the trees, the First Men are said to have fought beside the children, but the might of the Andals was too great. Though the children and First Men made a valiant effort to defend their holy grove, all were slain. The tale-tellers now claim that the ghosts of the children still haunt the hill by night.

Aqui vemos que o padrão é definido em se referir aos filhos da floresta (“children of the forest”) sempre em minúsculas, e pela leitura do texto depreende-se facilmente que foram eles que foram mortos pelos ândalos em Coração Alto juntamente com os Primeiros Homens, e não os filhos destes.

Alguns erros se tratam de inconsistências aparentemente menores, mas que também podem causar confusão e alterações de sentido. Na página 41 encontramos a seguinte passagem:

O Rei Loren da Rocha sobreviveu, cavalgando através de uma parede de chamas e fumaça até estar em segurança, quando viu que a batalha estava perdida. (…)

O texto original se refere a “Loren of the Rock“. Naturalmente, “rock” aí é nada menos que o “rochedo” de Rochedo Casterly, o acidente geográfico que dá nome também à fortaleza da casa Lannister, e que vem sendo chamada assim por Jorge Candeias desde a primeira edição de A Guerra dos Tronos. O correto seria, portanto, “Rei Loren do Rochedo”.

Chegamos então, às questões de dois Harren das Ilhas de Ferro. O primeiro não poderia ser outro senão o infame Harren, o Negro, um dos adversários de Aegon I na  Conquista.

Nenhum rei em Westeros foi mais temido do que Negro Harren, cuja crueldade se tornou lendária por todos os Sete Reinos. (…)

Ao longo do relato da Conquista, vemos inúmeras referências ao personagem como “Harren, o Negro“, à exceção da passagem acima e de uma na página 36 em que ele é também mencionado como “Negro Harren“.

O erro não reside em fazer essa diferenciação, o que é na verdade um acerto. No texto original, há também menções a ele como “Harren the Black” e “Black Harren“, alternadamente. A questão porém, é que é há uma diferença fundamental de sentido em se referir a alguém como “Harren Negro” e como “Negro Harren”. Este último, obviamente traduzido na ordem de palavras do original “Black Harren“, pode dar a impressão de se tratar de um personagem de pele escura, o que não é o caso. Na verdade esse é um problema que vem desde a primeira tradução de A Guerra dos Tronos, quando o personagem foi mencionado pela primeira vez por Aemon como “Negro Harren” (cap. 60, Jon VIII).

Na esteira desse Harren, na página 52 do livro vemos também menção a um suposto neto seu, Harren, o Vermelho, que também é mencionado como “Vermelho Harren“. Há aí um padrão, mas imagino que soaria bastante melhor (e evitaria confusão) se eles fossem “Harren Negro” e “Harren Vermelho”. Foi essa a escolha, inclusive, para a própria tradução oficial do nome de outro nascido do ferro: o homem de Theon “Black Lorren“, um dos mais ferozes guerreiros das Ilhas de Ferro, se tornou mais acertadamente “Lorren Negro” desde A Fúria dos Reis, e não “Negro Lorren”.

Uma questão parecida, mas com algumas diferenças, é a da tradução do apelido de Bethany Blackwood, a esposa de Aegon V cuja identidade finalmente descobrimos. Ela era apelidada de “Black Betha”, por seus cabelos pretos e olhos escuros. Em “O Mundo de Gelo e Fogo”, na página 108 e na árvore genealógica Targaryen, encontramos menção ao apelido de Bethany como “Negra Betha“. Além do problema de sentido potencialmente confuso – dá também margem para o entendimento de se tratar de uma personagem negra, quando não é o caso – há no caso de Betha também uma inconsistência com os livros anteriores.

O Navio de Davos recebeu o nome de "Betha Negra" na tradução de A Fúria dos Reis, mas a Rainha que inspirou seu nome foi chamada "Negra Betha" no "Mundo". Ilustração: "Black Betha", por Ignazio Bazán Lazcano para a Fantasy Flight Games ©.
Betha Negra, o navio de Davos em A Fúria dos Reis. Ilustração: “Black Betha”, por Ignazio Bazán Lazcano para a Fantasy Flight Games ©.

O navio de Davos Seaworth em A Fúria dos Reis é chamado também “Black Betha“, muito provavelmente em homenagem à própria Bethany, já que Stannis é bisneto de Aegon V. Ocorre que na edição nacional, o nome do navio foi traduzido como “Betha Negra” (pode ser conferido em inúmeros capítulos de Davos, inclusive na Batalha de Água Negra, e no Apêndice do livro). Por uma questão de concordância interna, além de um melhor sentido, no “Mundo” o ideal seria também se traduzir o apelido de Bethany Blackwood como “Betha Negra“.

Um erro recorrente é a tradução do apelido de Brynden Rivers, o Corvo de Sangue. No livro, em inúmeras passagens em que foi mencionado, o personagem foi citado como “Sangue de Corvo”, ao contrário do significado original (“Bloodraven“, que advém da mancha de nascença que tem no pescoço, avermelhada e aparentemente no formato de um corvo) e da própria tradução utilizada em O Cavaleiro dos Sete Reinos: “Corvo de Sangue”.

Outros problemas na tradução têm a ver também com a revisão. São erros de ortografia, gramática, ou palavras que simplesmente não foram traduzidas.
Logo à página 33, quando Yandel trata do cenário político westerosi antes da invasão de Aegon I, nos deparamos com este trecho:

Os Reis da Campina tinham mordiscado seus domínios a oeste, os dorneses assediaram as regiões ao sul, e Harren, o Negro, e seus homens de ferro tinham tomado para si o Tridente e as terras ao norte da Torrente da Água Negra. O rei Argilac, o último Durrandon, deteu esse declínio por um tempo (…)

Essa forma verbal, referente a “deter”, na verdade não existe. A forma correta seria “deteve”.
Na página 68, na seção dedicada a Viserys I Targaryen, temos um erro dos mais comuns de nossa língua, mas que definitivamente não pega bem se encontrado em um livro. Na coluna da direita encontramos a seguinte passagem:

(…) Viserys ergueu Daemon, devolveu sua coroa e o beijou nas duas faces; apesar de toda a turbulência entre eles, Viserys amava o irmão de verdade. Aqueles que estavam no torneio aplaudiram – mais nenhum mais ruidosamente do que Rhaenyra, que também amava o tio arrojado.

Nessa situação, o correto seria o uso de “mas”.
Página 235, “Dorne”. Vemos aqui o que é provavelmente um ato falho que passou batido pela revisão:

O mais meridional dos Sete Reinos é também o mais inóspito… e o mais estanho aos olhos (…)

A palavra correta seria, naturalmente, “estranho”.

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Inúmeros problemas na genealogia Targaryen.

Na mesma linha de situações que provavelmente não foram revisadas, encontramos problemas nas árvores genealógicas. Nesses casos, na Árvore Genealógica dos Targaryen algumas palavras simplesmente não foram traduzidas e ficaram como no original:

  • o apelido de Maegor I está entre parênteses, só que em inglês: “The Cruel“;
  • o fruto da união de Alyn “Punho de Carvalho” Velaryon e Baela Targaryen consta como “Issue“. Essa palavra não é o nome do filho ou filha do casal. Significa “descendência”, “prole” ou mesmo “herdeiro” em inglês;
  • o apelido de Daena Targaryen foi traduzido como “O Desafiante“. Daena, como se percebe pela própria legenda (se é que ainda havia alguma dúvida), é mulher.
  • Jenny de Pedrasvelhas, esposa de Duncan Targaryen, consta como “Jenny of Oldstones“;
  • Tyanna da Torre, esposa de Maegor, aparece como “Tyanna of the Tower“;
  • Kiera de Tyrosh, esposa dos Príncipes Valarr e Daeron, consta como “Kiera of Tyrosh“.
  • há ainda um erro que foi herdado da edição original: Joffrey Velaryon aparece como “Joffery Velaryon“.

Ressalto que a intenção deste artigo não é fazer crítica gratuita ao trabalho da Leya ou de Márcia Blasques, tradutora da obra. De fato, exigir que uma obra desse porte ficasse incólume a alguns erros menores seria absurdo. Seus próprios autores, afinal, que certamente dedicaram muitas horas a mais em sua produção e revisão, não conseguiram esse feito, como provam as inúmeras inconsistências encontradas nas edições gringas.

Suponho que a pressa para se lançar o livro em uma data próxima à da edição original (e do Natal) tenha comprometido uma revisão adequada, mas o que se vê no resultado final acaba por ser inegavelmente desrespeitoso ao leitor-consumidor, que recebe um livro com erros de ortografia e gramática, e muitas vezes sequer percebe estar lendo conteúdo alterado. Também desrespeita em certa medida os próprios autores, à medida em que seu texto original sai modificado, por mais ínfimos que pareçam ser os problemas na edição. Se a pressa pela data de lançamento foi de fato o motivo para uma revisão menos cuidadosa, não é justificativa razoável.

Por mais que García e Antonsson também não sejam “inocentes” por terem deixado passar muitas questões percebidas por leitores mais atentos, considero que a natureza desses erros seja diferente de alguns dos que apareceram na edição nacional. Não acho que seja demais exigir que nesta pelo menos não haja erros de ortografia ou gramática, e nem ruído considerável na tradução que comprometa o sentido original de passagens do livro. Penso que tal exigência tem seu lugar em relação a qualquer livro, mas especialmente em uma obra do calibre de O Mundo de Gelo Fogo: um livro de dimensões maiores que o normal, encadernação e papel de qualidade superiores, com inúmeras ilustrações, certamente foi projetado para ser um artigo de colecionador ou algo próximo disso. Seu próprio preço nas livrarias comprova que não se trata de um livro “comum” (ainda que mais recentemente o valor nas lojas tenha caído drasticamente). De qualquer forma, diante das circunstâncias e e características que envolvem o livro, penso que certos erros são ainda menos admissíveis.

E você, o que acha? Concorda que O Mundo de Gelo e Fogo merecia uma revisão mais precisa, ou considera que pequenos erros podem ser perdoados para se ter o livro em mãos mais cedo (se é que foi esse mesmo o motivo)? Encontrou mais algum erro durante sua leitura? Poste nos comentários!

Atualização: após a publicação do artigo a Editora Leya entrou em contato com o Game of Thrones BR e divulgou a seguinte nota a respeito da edição nacional:

A LeYa Brasil já está trabalhando nas correções para a próxima reimpressão da obra “O Mundo de Gelo e Fogo”.
Quanto aos erros da edição original, que serviu de base para a tradução, estamos aguardando as alterações oficiais para incorporá-las à nova edição.