AVISO: Sim, a pedido de algumas pessoas, decidi voltar com as análises com spoilers, pelo menos até surgir o primeiro comentário dizendo que “a série é a série e o livro é o livro” (como se todo mundo não soubesse). Então, espero que gostem e, se você não leu tudo, melhor correr para o mar.

O oitavo episódio da quinta temporada de Game of Thrones, dirigido por Miguel Sapochnik e escrito por D&D, adaptou os capítulos “Cersei X” (de O Festim dos Corvos) mais uma combinação dos capítulos “Gata dos Canais” (também do Festim) e “A Garotinha Feia” (de A Dança dos Dragões).

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“Havia boatos de que Game of Thrones estava na pior. ”  Bem, estava. Depois de pequenas decepções com os primeiros cinco episódios da temporada e da grande decepção que foi ‘Unbowed, Unbent, Unbroken’, ficou difícil sentir entusiasmo com qualquer coisa que a série mostrasse. Nem o antecipado encontro de Daenerys e Tyrion no razoável ‘The Gift’ conseguiu me despertar curiosidade ou interesse. Com ‘Hardhome’, a temporada levantou dos mortos (literalmente). Não só por causa da sequência final, mas por que foi um episódio redondo, marcado por cenas relevantes, belas atuações e um roteiro surpreendentemente coeso. Não é à toa que se tornou um dos episódios mais bem avaliados da série, e talvez até da TV.

Meereen

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Daenerys e Tyrion… que conceito. Agora, os dois estão realmente juntos. A ficha só caiu no momento inicial deste episódio, quando Dany tenta descobrir o que fazer com seu novo presente.

Nos livros, é meio óbvio que o encontro dos dois não vai acontecer dessa maneira tão… planejada. Ao final de A Dança dos Dragões, Tyrion está passando por maus bocados no cerco à Meereen, enquanto Daenerys passa por maus bocados longe da cidade, no meio do nada. Mas acelerar as coisas é algo que os produtores sempre insistiram em fazer para que a mãe de dragões não ficasse “quatro temporadas presa em Meereen”. Até Barristan sofreu com essa decisão. Se Sor Vovô, um velho e sábio cavaleiro westerosi, estivesse ali para aconselhar Daenerys, por que motivo ela precisaria de Tyrion? Na série, o “nó de Meereen” não passa de um número apresentado por uma das garotas no bordel de Mindinho.

Apesar dos pesares, foi satisfatório ver os novos aliados estreitando laços ao conversarem sobre seus terríveis progenitores (que, talvez, seja o mesmo!) e tudo que eles têm em comum. Rolou até uma disputa com frases de efeito, mas os atores se preocuparam em fazer com que o diálogo parecesse minimamente crível e não transbordasse com o peso dos personagens.

O discurso da Destruidora de Rodas foi bem contextualizado, embora tenha deixado claro que a rainha precisa ler “O Cavaleiro dos Sete Reinos”, “A Princesa e a Rainha”, “O Príncipe de Westeros” ou “O Mundo de Gelo e Fogo” para entender que a família dela criou a roda em questão. É estranho que Tyrion tenha omitido os Martell do seu discurso a respeito das Casas de Westeros que poderiam (ou não) apoiar Daenerys. Para o bem ou para o mal, eles estão presentes nessa temporada, além de terem sido a única família que resistiu à conquista de Aegon e a única que, nos livros, expressou algum interesse em apoiar um governante Targaryen – mesmo que não seja Dany.

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Perceberam que as estátuas da Harpia tiveram as faces removidas?

E o que dizer sobre Jorah? Depois de tudo que o cara passou, ele foi expulso da cidade como um cachorro. Nem mesmo Tyrion, com sua lábia +10, foi capaz de ajudá-lo. Tudo que o anão pode fazer foi impedir a execução do cara (embora eu duvide que Dany realmente fosse mata-lo). Mas sejamos sinceros: graças à escamagris, ele não tem muita vida pela frente, e é por isso que prefere passar seus últimos dias lutando para ganhar sua khaleesi de volta. Todos os homens devem morrer, afinal. Mesmo que alguns acabem sendo revividos eventualmente.

Bravos

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A sequência em Bravos foi ricamente trabalhada. Acompanhar Lanna vivendo sua rotina ao vender suas ostras, mexilhões e conquilhas enquanto Arya repassava a história para Jaqen com cortes pontuais foi uma mudança de ritmo interessante em relação a tudo que já vimos na série. A mulher que Arya disse ser sua primeira cliente do dia é a mesma que estava com Salladhor Saan na casa de banhos em “The Laws of God and Men, o que é um detalhe que conta positivamente para a questão da continuidade. E o gato preto que cruza os pés dela foi uma clara referência à Gata dos Canais, identidade assumida por ela em ‘O Festim dos Corvos’ (onde Lanna é a jovem filha da prostituta chamada Esposa do Marinheiro).

Já o Homem Magro faz parte de “A Garotinha Feia”, capítulo do Dança onde Arya troca de rosto a fim de servir ao Deus de Muitas Faces. Se ela continuar com o treinamento, será que os produtores terão coragem de substituir Maisie Williams, mesmo que por alguns episódios da sexta temporada?

Porto Real

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Nos livros, Cersei, assim como Margaery, é “despida de suas roupas elegantes” e colocada numa cela onde, além de uma cama, ela encontra um exemplar do livro “A Estrela de Sete Pontas” e uma septã que lhe traz comida e pergunta se ela está pronta para se confessar – nada tão violento quanto o que vimos na televisão. Mas considerando que a Fé Militante da série é mais radical e fundamentalista que a original, faz sentido que a rainha esteja naquela situação. Afinal, ela está presa sob suspeita de fornicação, incesto, traição e o assassinato do rei, enquanto a pobre Margaery se encontra no mesmo estado só por ter defendido o irmão.

A visita de Qyburn também veio dos livros, onde ele diz à Cersei que o jovem Tommen sente falta da mãe, mas ninguém permite que ele a visite, o que é bem compreensível já que ele é um menino de 10 anos. Ele também menciona o retorno de Kevan, que foi chamado por Pycelle e Harys Swyft para colocar ordem na capital, e até faz uma visita à sobrinha. Será que veremos o epílogo de ‘A Dança dos Dragões’ na série? Varys sempre faz falta.

Eu achei que ficaria mais contente ao ver as ações de Cersei se voltarem contra ela, mas senti um pouco de pena. Talvez por que a situação dela neste episódio, como mencionei acima, é bem pior do que eu imaginava. A Septã Unella é assustadora! E a cela parece mais escura e decrépita do que aquelas por onde Tyrion passou ao longo de sua jornada, por exemplo.

O que me deixou realmente satisfeito foi apreciar a atuação de Lena Headey como uma Cersei que, mesmo tendo que beber água de uma poça no chão, se recusa a dobrar os joelhos. Lena tem nos mostrado o melhor da rainha este ano, mas algo me diz que ainda não vimos o melhor da atriz. Se a produção fizer tudo certo, a caminhada da penitência pode até render algumas indicações a prêmios.

Sendo assim, o trabalho continua.

Winterfell

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Originalmente, Sansa não faz a mínima ideia de que os irmãos estão vivos, assim como Jon, já que Sam promete não contar a verdade sobre a missão de Bran além da Muralha. Os únicos que sabem a verdade são Theon, os Manderly, que descobrem tudo por meio do escudeiro Wex; Davos, que descobre por meio dos Manderly; e o próprio Ramsay que, no segundo livro (ainda se fazendo passar por Fedor), convence Theon a matar os filhos do moleiro para enganar os nortenhos.

Na série, além de Theon, Ramsay, Roose, Jon e Sansa, ainda temos os Umber em Última Lareira, que é para onde, supostamente, Osha levou Rickon no final da terceira temporada. Por que motivo eles ainda não iniciaram uma rebelião contra os Boltons? Será que veremos isso algum dia na série ou “o Norte se lembra” continuará sendo só uma frase bacana para se usar nos trailers?

Esse é um dos elementos que eu mais sinto falta na adaptação do núcleo de Winterfell. A constante sensação de insegurança que paira sobre o castelo em “A Dança dos Dragões”. Não só pela aproximação do exército de Stannis, mas também pelos conflitos envolvendo os Manderly, Freys e os clãs do Norte. Como se a fortaleza dos Stark estivesse viva e, de alguma forma, defendendo-se contra os invasores. Isso sem falar nas visitas de Fedor ao Bosque Sagrado. Não seria incrível ouvir a voz de Bran saindo do represeiro?

A noite estava sem vento, a neve caía direto de um frio céu negro e, mesmo assim, as folhas da árvore-coração farfalhavam seu nome. Theon, elas pareciam sussurrar, Theon.
Os velhos deuses, ele pensou. Eles me conhecem. Sabem meu nome. Eu era Theon da Casa Greyjoy. Era um protegido de Eddard Stark, um amigo e irmão de seus filhos.
– Por favor – caiu de joelhos. – Uma espada, é tudo o que peço. Deixem-me morrer como Theon, não como Fedor. – Lágrimas escorriam por seu rosto, impossivelmente quentes. – Eu era um homem de ferro. Um filho … um filho de Pyke, das ilhas.
Uma folha caiu, roçando em sua testa e pousando na lagoa. Flutuou na água, vermelha, cinco dedos, como uma mão ensanguentada …. Bran, a árvore murmurou.
Eles sabem. Os deuses sabem. Eles viram o que eu fiz. E por um estranho momento parecia que era o rosto de Bran escavado no tronco pálido do represeiro, encarando-o com olhos vermelhos, sábios e tristes. O fantasma de Bran, ele pensou, mas aquilo era loucura. Por que Bran iria querer assombrá-lo? Ele sempre gostara do menino e nunca lhe fizera nenhum mal. Não foi Bran quem nós matamos. Não foi Rickon. Eram apenas filhos do moleiro, do moinho em Água de Bolotas. (Um Fantasma em Winterfell, A Dança dos Dragões)

O maior problema de Sansa e Theon é estarem inseridos neste arco que, se não é o pior da temporada (esse posto fica com Dorne), é certamente o mais complicado. A cena em questão foi boa, como todas as outras envolvendo Sophie Turner e Alfie Allen (exceto uma). Os atores são excelentes, a fotografia é singular, mas… É só isso. De qualquer forma, o fato de Sansa saber sobre Bran e Rickon pode dar forças para que ela resista às atrocidades do marido. Vamos torcer, mas sem muitas esperanças.

(A melhor coisa que saiu dali foi esse gif.)

Toda a ideia de reunir vinte bons homens e penetrar a base inimiga a fim de transformá-la num “festim para os corvos” foi algo que vimos na quarta temporada, quando Yara tentou invadir o Forte do Pavor – que, vejam só, estava aos cuidados do próprio Ramsay – e falhou miseravelmente. Para a sorte do bastardo, Stannis não tem cachorros.

Castelo Negro

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A constante ameaça dos outros patrulheiros e a necessidade de um meistre são bons motivos para que Jon envie Samwell, Goiva e o bebê para a Cidadela. Sabemos que os Tarly serão escalados para a próxima temporada, então é bem provável que eles passem por Monte Chifre no caminho, ao invés de cruzarem com Arya em Bravos. O pequeno Sam terá crescido alguma coisa até eles chegarem lá?

Quem cresceu mesmo foi o Olly que, de mero figurante, acabou sendo promovido a membro da Patrulha, assassino da Ygritte, intendente do Senhor Comandante e agora, provavelmente, crescerá para se tornar o Bowen Marsh dos livros. Embora muitos dos homens de Castelo Negro não consigam compreender por que Jon está forjando essa aliança, em minha opinião, ela parece ser a escolha mais fácil de fazer. Há milhares de inimigos, entre Caminhantes e cadáveres reanimados, formando um exército quase imortal para atacar os vivos. Existe sequer uma escolha?

O conselho de Sam pode ter convencido o garoto das boas intenções de Jon Snow, ou simplesmente ter dado a coragem necessária para que ele mate o bastardo “pelo bem da Patrulha”. Pensem no quão trágico isso seria.

Enfim, acho que essa cena funcionou mais como um prólogo para a outra metade do episódio. A metade que deu nome a ele, e que fez os fãs mais céticos vibrarem.

Durolar

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Talvez seja desnecessário lembrar que, mesmo nós, leitores, não sabemos o que aconteceu em Durolar nos livros. A única coisa que sabemos pelos relatos da expedição liderada por Cotter Pike é que foi algo terrível envolvendo selvagens, canibalismo, coisas mortas nas árvores, na água (!) e talvez até escravistas. Se todas essas coisas, ou ao menos uma delas, for verdade, nós ainda iremos descobrir. Mas a a série fez bem em se adiantar nesse sentido, colocando um protagonista no meio do massacre para nos arrancar dos sonhos de primavera sobre quebrar rodas e matar septãs. O inverno chegou, e é isso que importa.

“Em Durolar, com seis navios. Mares selvagens. Melro perdido com toda a tripulação, dois navios lisenos encalhados em Skane, Garra fazendo água. Muito ruim aqui. Selvagens comendo seus próprios mortos. Coisas mortas nos bosques. Capitães bravosi levarão apenas mulheres e crianças em seus navios. A feiticeira nos chama de traficantes de escravos. Tentativa de tomar Corvo da Tormenta derrotada, seis da tripulação mortos, muitos selvagens. Oito corvos partiram. Coisas mortas na água. Enviar ajuda por terra, mares devastados por tempestades.

Do Garra, pela mão de Meistre Harmune. ” (Jon XII, A Dança dos Dragões)

A morte de Camisa de Chocalhos comprovou que Mance realmente se foi, assim como o bardo Abel, suas lavadeiras e toda a aventura deles em Winterfell. Mas convenhamos que o plot de Abel não é lá essas coisas, principalmente se pensarmos que já cortaram tramas mais importantes como a de Arianne, Quentyn, Griff e cia. Com tanta gente indo na direção de Winterfell, eu duvido que a série precise de mais alguém.

Os líderes selvagens foram bem representados no encontro, embora nenhum pareça de fato um “ancião” como Tormund deu a entender. Os destaques, além do gigante Wun Wun, foram Karsi, interpretada brilhantemente pela atriz dinamarquesa Birgitte Hjort Sørensen, e o thenn Loboda, que nem tiveram os nomes mencionados no episódio. Foi engraçado ver como esses dois conseguiram conquistar o público em tão pouco tempo, mesmo sendo personagens que não fazem parte do cânone. Quando David e Dan finalmente conseguem criar personagens exclusivos para a série que agradam o público em geral, eles decidem mata-los minutos depois.

Pelo menos foram mortes épicas.

Loboda foi o único que se opôs a aliança proposta e recusou o vidro de dragão que Jon ofereceu como presente. I fucking hate Thenns, mas, ainda assim, ele morreu ajudando o “Rei Corvo” a recuperar suas adagas.

Até o momento, a maioria dos selvagens que conhecemos tiveram grau de compaixão e empatia reduzido ou quase inexistente. No caso de Karsi foi diferente. Suas ações – ou, no caso, sua falta de ação diante do fim – mostraram um coração que é raramente visto em ambos os lados da Muralha. Principalmente porque, muitas vezes, esse é o tipo de coisa que leva à morte. No entanto, é uma característica de todas as pessoas que merecem ser salvas, e isso só mostra o quanto Jon está certo. Karsi lutou gloriosamente, mas foi incapaz de destruir a coisa que ela voluntariamente daria (e deu) a vida para proteger: crianças. Espero que façam uma boa canção sobre ela.

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Para aqueles leitores que ainda estão confusos, os Caminhantes Brancos (ou Outros) são uma raça antiga cujos poderes mágicos são relacionados com o gelo, o frio e a morte. Os wights são apenas os cadáveres reanimados que os Caminhantes usam como seu exército. Apesar de ter sido previamente estabelecido que é necessário o uso de fogo para matar um wight, este episódio mostrou que fatiá-los ou mesmo pisá-los, como Wun Wun preferiu fazer, pode ser suficiente. Os Outros, no entanto, só poderiam ser mortos pelo vidro de dragão – teoria aparentemente refutada já que a espada de Jeor Mormont, Garralonga, conseguiu realizar o truque, o que não foi tão surpreendente se considerarmos que Valíria é o lugar onde os Targaryen nasceram e onde os dragões surgiram pela primeira vez.

Em A Dança dos Dragões existe até uma menção ao “aço de dragão”, que Sam afirma ser uma poderosa arma contra os Caminhantes e todos acreditam ser um outro termo para designar o aço valiriano, embora ninguém tenha tido a oportunidade de testar.

“- Já sabíamos tudo isso. A questão é: como os combatemos?

– A armadura dos Outros é à prova da maior parte das lâminas comuns, se é possível crer nas histórias – Sam respondeu – e as espadas que usam são tão frias que estilhaçam o aço. Mas o fogo os afugenta, e são vulneráveis à obsidiana – recordou-se daquele que enfrentara na floresta assombrada, e o modo como parecera se derreter quando o ferira com o punhal de vidro de dragão que Jon lhe fizera. – Encontrei um relato da Longa Noite que fala do último herói a matar Outros com uma lâmina de aço de dragão. Supostamente não conseguiam resisti-lo.

– Aço de dragão? – Jon franziu as sobrancelhas – Aço valiriano?

– Esta também foi minha primeira ideia.

– Então, se eu conseguir convencer os senhores dos Sete Reinos a nos dar suas lâminas valirianas, tudo será salvo? Isto não será tão difícil – a gargalhada que soltou não tinha qualquer alegria. – Descobriu quem os Outros são, de onde vêm, o que querem?

– Ainda não, senhor, mas pode ser que simplesmente tenha lido os livros errados. Há centenas que ainda não folheei. Dê-me mais tempo e encontrarei tudo o que houver para encontrar. ”  (Samwell I, O Festim dos Corvos)

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Algumas pessoas estão comparando Durolar com a batalha da Água Negra, o que para mim não é uma comparação tão válida por que, primeiramente, o que aconteceu em Durolar não foi uma grande batalha, e sim um grande massacre, como os produtores fizeram questão de apontar no vídeo ‘Por Dentro do Episódio’. A Patrulha da Noite e o povo livre não estavam lutando para vencer, mas para sobreviver, assim como os Caminhantes que, aparentemente, vieram apenas mostrar o que são capazes de fazer com os vivos. Mas o líder deles não contava com a ameaça representada por Jon e sua espada que, não, não é a Luminífera. O que vimos nesse episódio não prova que Jon é Azor Ahai. Como Sam, ele é só um cara com o tipo certo de equipamento.

Certamente foi uma sequência carregada de ação, como Blackwater. Mas foi uma sequência de ação, ou uma sequência de horror? O que eu sei é que foi feito com muito cuidado, e isso provavelmente explica por que este segmento – que levou dias para ficar pronto – foi a primeira coisa que eles gravaram para a quinta temporada. O resultado foi incrível!

A tensão nos portões antes do exército dos mortos surgir no meio da neve, aquela atmosfera de desespero, a fotografia, as coreografias das lutas, os extras, os efeitos especiais (muitos disseram que os wights corriam rápido daquele jeito para esconder as imperfeições no CGI, mas quem liga?), o fogo da cabana se extinguindo a medida que o Outro passava por ele, os cenários e enquadramentos que lembravam pinturas, a trilha sonora tétrica, os caminhantes em seus cavalos simbolizando os Cavaleiros do Apocalipse, os mortos se atirando do penhasco, a fúria cega do gigante, o Rei da Noite com sua coroa de gelo, os cadáveres levantando com olhos azuis… Tudo tão perfeito que é até difícil descrever cada passagem.

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Confesso que tenho medo da série não conseguir superar a si mesma depois dessa. Medo de que todos os grandes acontecimentos vindouros – a chegada de Drogon na Arena de Daznak, a caminhada de Cersei, as adagas na escuridão – pareçam “pouco” perto do que vimos aqui. Mas como a Velha Ama costumava dizer: O que nós sabemos sobre o medo? Durolar provou que a série é capaz de surpreender, mesmo no meio da Longa Noite que vinha sendo esta quinta temporada.

Jon Snow pode levar a fama, mas somos nós que não sabemos nada. E talvez isso seja bom, no fim das contas.