AVISO: O texto abaixo contém spoilers de TODOS os livros das Crônicas de Gelo e Fogo, incluindo eventos que ainda podem ou não ser mostrados no seriado da HBO. Então, por favor, se você ainda não leu tudo, monte no seu dragão e quando puder.
Enquanto “Hardhome” terminou em gelo, “The Dance of Dragons” (título referenciado na Arena de Daznak e na história lida por Shireen) foi puro fogo. O episódio dirigido por David Nutter e escrito por D&D adaptou, parcialmente, os capítulos “O Sacrifício”, “O Sentinela”, “A Garotinha Feia”, “Daenerys IX” (todos de a A Dança dos Dragões) e “Mercy”(Os Ventos do Inverno).
Recepção calorosa
Depois do incrível terrível massacre em Durolar Jon, Tormund e o resto da expedição retornam a um lar ainda mais duro (estranhamente, pelo lado oposto da Muralha) para recolherem os cacos e se prepararem para o inverno – o que certamente será menos difícil com Wun Weg Wun Dar Wun ao lado deles.
No livro, o gigante (que, tristemente, nunca será visto por Shireen na série) tem um papel fundamental na revolta dos patrulheiros. É quando ele mata um dos homens de Selyse que Bowen Marsh e os demais decidem dar um basta naquela situação com os selvagens, assassinando o Senhor Comandante. Na adaptação, nós não temos nenhum dos homens da rainha ou do rei na Muralha (pelo menos não até Davos chegar lá), então é difícil dizer se esse detalhe será explorado ou não. Suponho que a morte brutal de qualquer membro da Patrulha (talvez um dos estupradores que conhecemos em “The Gift”) surtirá o mesmo efeito que a de sor Patrek, mas, depois de assistir a cena dos portões neste episódio, acho que talvez isso nem seja necessário. Os corvos já parecem estar esperando o momento certo para apunhalar Jon pelas costas.
Resta saber quem vai desferir o golpe final. Seria o próprio Bowen Marsh, que esteve presente na sequência? Eu seria capaz de apostar no menino Olly. Se não for ele, por que deram tanto destaque à personalidade unidimensional do garoto? “Uma arma carregada só deve ser colocada no palco se ela for disparada em algum momento da história”, e nós sabemos que o Olly é bom atirador.
Ostras, mexilhões e conquilhas
Enquanto Mindinho deu a volta nos Sete Reinos e Tyrion cruzou Essos atrás de Daenerys, Mace Tyrell demorou meia temporada para ir de Porto Real a Bravos.
Em seu (not a) blog, George R. R. Martin falou sobre a possível inclusão de um Maegor III na mitologia da série, rei Targaryen que, assim como o Orys I de “Oathkeeper” não faz parte do cânone:
“Eu suspeito que Maegor III seja um erro, embora eu não possa dizer com precisão…
É verdade que a sucessão Targaryen na série de TV é diferente da dos livros; mais notavelmente, o pai do Rei Louco, Jaehaerys II, foi excluído, como foi estabelecido já na primeira temporada. Da mesma forma que os Roinares ficaram de fora dos títulos reais [embora Daenerys uma vez tenha sido chamada de “Rainha dos Roinares” na série].
Essas mudanças foram simplificações no entanto. Os livros são muito complexos, e os limites práticos de uma série de televisão exigem um pouco mais de simplicidade. Excluir um Rei ou dois cumpre esse papel.
ADICIONAR REIS, porém, é um passo na direção oposta, que é a razão pela qual eu penso que Maegor III tem de ser um erro. E não um que estivesse no roteiro imagino. Bryan Cogman, que é responsável pela continuidade na série de TV, sabe o nome dos Reis Targaryens tão bem quanto eu.
Claro que isso pode ter tido a ver com caracterização, como vocês sugeriram, tendo a intenção de mostrar Mace como um idiota que não conhece a história de Westeros (não é um erro que o Mace dos livros cometeria, mas o personagem da série é uma combinação de Mace e Harys Swyft, e na verdade se parece mais com o segundo).
Óbvio que tudo isso são suposições da minha parte. Vocês deveriam perguntar a David, Dan ou Bryan para uma resposta mais definitiva.
No cânone, existiu apenas um rei Maegor, já que a reputação de Maegor, o Cruel, foi tão negativa. A Inglaterra só teve um rei John pelas mesmas razões. (O príncipe Aerion Chamaviva deu o nome de Maegor a seu filho, mas isso foi visto como provocação e, de qualquer forma, o garoto nunca sentou no Trono de Ferro).”
Outro personagem que poderia ser muito melhor aproveitado se sua história nos livros fosse seguida é o banqueiro Tycho Nestoris. Ter um ator como Mark Gatiss num papel tão esporádico é uma perda para a série.
A direção de arte e a de fotografia realmente capricharam em Bravos. Os cenários que vemos na cidade estão entre os melhores da série, tanto os externos, como o Porto de Ragman, quanto os internos, como A Casa do Preto e Branco e o bordel.
O encontro de Arya com um dos membros do Pequeno Conselho em visita ao Banco de Ferro foi retirado de “Mercy”, capítulo liberado de Os Ventos do Inverno que traduzimos aqui no site. No capítulo, ao invés de Mace Tyrell, é sor Harys Swyft que visita Bravos escoltado não pela Guarda Real, mas pelos homens de Gregor Clegane – dentre os quais está Raff, o Querido, um dos nomes na oração de Arya que a série substituiu, sabiamente, por Meryn Trant. Embora muitos detalhes de “Mercy” tenham sido omitidos da sequência, a preferência de Raff por garotas (muito) mais jovens foi transferido para Trant – como se nós precisássemos de mais um motivo para odiá-lo além do fato de que ele matou Syrio Forel, batia em Sansa, e etc.
Interessante notar que, em seu último capítulo no Dança, Arya mata o Homem Magro utilizando outra face, algo que a série podia ter mostrado antes de direcioná-la a outro alvo, misturando assim tudo que ela fez no curso de três livros em um único plot meia boca.
Até o Homem Gentil, que na série aderiu a aparência (a até o sotaque!) de Jaqen, está convenientemente fechando os olhos para os desvios da pupila. Uma garota nunca se tornará ninguém se tudo o que ela faz é riscar nomes da lista de Arya Stark.
Segunda chance
Com Doran finalmente fora daquela sacada, nós finalmente vimos como o Alcázar de Sevilha (a.k.a Jardins de Água) é bonito por dentro. Vimos também como Alexandre Siddig é sensacional. Na cena em que ele confronta Jaime e Ellaria a fim entender suas razões (algo que nós também queremos entender até hoje), o cara consegue dobrar todos à sua vontade, trazendo o pragmatismo afiado com toque suave do Doran nos livros, mas, ao mesmo tempo, adicionando uma marca própria ao personagem. Apesar de sua aparência frágil, a presença intimidante do príncipe torna o ar espesso com a tensão. É realmente uma tristeza que tenhamos visto tão pouco dele nessa temporada. Assim como é uma pena que Dorne tenha sido tão mal trabalhada.
Estamos no penúltimo episódio, e as Serpentes de Areia continuam sendo as garotinhas chatas que não fazem nada digno de nota. Enquanto isso, os talentos de Indira Varna continuaram a ser desperdiçados com ela dando um chilique a cada cena. Eu até tive um pouco de medo que essa teimosia cega (que cairia bem a Arianne, já que ela tinha mais motivos para se rebelar além da vingança) transformasse Ellaria numa personagem detestada pelo público médio, mas pelo menos ela se redimiu ao inocentar Jaime e Myrcella. O ódio contra os Lannisters acabou de uma hora pra outra, ou foi tudo uma piada (de mau gosto), como o joguinho idiota das Serpentes na cela?
Resumo da ópera: Jaime e Bronn, surpreendentemente, tiveram sucesso em sua missão. Eles conseguiram resgatar Myrcella, e tudo o que lhes custou foi uma inconveniência leve.
Originalmente, Doran envia Nymeria Sand para assumir o lugar de Oberyn no Pequeno Conselho de Tommen. Isso mostra o quanto as mulheres, mesmo bastardas, são valorizadas na Dorne dos livros – e o quanto elas são preteridas na série de TV. Por que motivo Doran abriria mão de sua “refém” e enviaria o próprio herdeiro (que não é o caso de Trystane nos livros) para a jaula do leão? Parece só mais uma desculpa para que os produtores explorem o romance adolescente insosso de Myrcella, mas espero estar errado.
Esse plot foi resolvido de maneira tão horizontal e rasa, que é impossível não fazer a pergunta: todo esse tempo de tela poderia ter sido aproveitado de outra maneira?
Em uma entrevista recente, a atriz Jessica Henwick (Nym) disse que no último episódio teremos uma grande reviravolta™ envolvendo Dorne e as Serpentes de Areia. Será que Doran finalmente vai declarar seu apoio aos Targaryen? Ele mandará as bastardas de Oberyn para Meereen atrás de Daenerys no lugar de Quentyn, Gerris e Archibald? Trystane é Aegon? Sinceramente, eu não espero nada extraordinário, mas que pelo menos justifique a inclusão do núcleo na temporada. Nós não acreditamos em terceiras chances.
Sangue de rei
Nós sabíamos o que ia acontecer. David e Dan foram sempre tão óbvios. Por que outro motivo criar cenas de Shireen com Stannis, Goiva e Davos, senão para fazer com que nós nos ligássemos ainda mais a garota antes de assistir ela ser queimada pelo próprio pai?
Assim como Davos, nós sabíamos, mas não quisemos acreditar. Simplesmente por que o Stannis que nós conhecemos nos livros não faria isso, pelo menos não por causa de comida e cavalos que poderiam ajuda-lo a vencer uma única batalha. Afinal, o mesmo Stannis resistiu por um ano, comendo ratos, papel e botas no cerco à Ponta Tempestade, até ser salvo pelas cebolas do contrabandista.
Ele também não autorizou o sacrifício de Asha, filha de seu inimigo (o já falecido rei das Ilhas de Ferro, Balon Greyjoy), ou dos ‘descrentes’ dentro de seu exército. Por que ele faria isso com a própria filha?
– O que é um cavaleiro sem. um cavalo? – os homens faziam adivinhas. – Um homem de neve com uma espada. – Qualquer cavalo que viesse abaixo era destroçado no mesmo lugar, pela carne. Suas provisões começavam a diminuir também.
Peasebury, Cobb, Foxglove e outros senhores sulistas pediram ao rei para acampar até que a tempestade passasse. Stannis não queria nada daquilo. Nem atenderia aos homens da rainha quando esses vieram pedir para fazer uma oferenda ao seu faminto deus vermelho.
Ela ouvira aquela história de Justin Massey, que era menos devoto do que a maioria.
– Um sacrifício provará que nossa fé ainda arde verdadeira, Majestade – Clayton Suggs disse para o rei. E Godry, o Matador de Gigante, completou:
– Os velhos deuses do Norte mandaram esta tempestade sobre nós. Apenas R’hllor pode pará-la. Devemos dar um descrente para ele.
– Metade do meu exército é feito de descrentes – Stannis respondeu. – Não queimaremos ninguém. Rezem mais. (Capítulo “O Prêmio do Rei”, em A Dança dos Dragões)
Nos livros, as únicas pessoas queimadas com consentimento de Stannis foram traidores e até canibais, tipos que seriam punidos por que qualquer outro rei (ou rainha). Claro que matar seu irmão mais novo usando magia negra é algo monstruoso, mas, pelos deuses, o cara cortou os dedos do homem que salvou sua vida, o que esperavam que ele fizesse com alguém que queria usurpar seu “lugar de direito”?
George R. R. Martin pode ter confirmado que a princesa morrerá no próximo livro (algo já esperado desde A Fúria dos Reis, onde ela tem sonhos proféticos com o fogo), mas eu suspeito que Stannis não tenha relação com o ato. Não seria a primeira vez que os produtores, provavelmente conhecendo o destino de um personagem, mudam completamente as circunstâncias de sua morte em prol da história que eles querem contar (spoiler alert: Barristan). Detalhe: o autor ainda nem escreveu o capítulo em questão.
“- Pode ser que venhamos a perder essa batalha. – O rei disse severamente. – Em Bravos você poderá ouvir que eu estou morto. Pode ser até que venha a ser verdade. Você deverá encontrar mercenários mesmo assim.
O cavaleiro hesitou.
– Vossa Graça, se o senhor estiver morto…
– Você se vingará de minha morte, e sentará minha filha no Trono de Ferro. Ou morrerá tentando.” (Capítulo de Theon em “Os Ventos do Inverno”)
E antes que me acusem de usar passagens do livro para criticar a adaptação (sim, sim, “é uma adaptação”, “são mídias diferentes”, série é série, livro é livro” e etc.), tenha em mente que essa é a proposta da análise. Além disso, na própria série tivemos momentos em que Stannis defendeu Shireen. Além da bela cena de ‘Sons of the Harpy’, na terceira temporada (episódio ‘Kissed By Fire’), Stannis insistiu em ver a menina mesmo quando Selyse afirmou que ela era uma distração. Em ‘The Lion and The Rose’, o rei expressamente proibiu que sua esposa batesse na filha, e em ‘The Gift’, ele enxotou Melisandre da tenda quando ela sugeriu o sacrifício da garota, e a enxotou usando a mesma frase que disse em todas essas ocasiões: “She’s my daughter”.
Que tipo de rei, no meio de uma guerra, mata sua única herdeira e, consequentemente, sua linhagem? Ifigênia não era a única filha de Agamenon. Se Stannis ganhar, tropeçar e bater a cabeça no trono de Ferro, a coroa retorna para seus inimigos? Por que ele simplesmente não usou sanguessugas em Shireen, como fizeram ao Gendry? Por que Melisandre não usou seu GPS para localizar o bastardo de Robert? Por que o Cavaleiro das Cebolas, mesmo sabendo o que estava prestes a acontecer, foi obedientemente para a Muralha quando o rei ordenou? Essa escolha da série tem tantos problemas, que eu nem sei por onde começar.
Em termos de atuação, direção e edição, a cena foi poderosíssima. Quem não ficou com os gritos da pobre Kerry Ingram ecoando na cabeça depois de assistir? Até Melisandre demonstrou certa agonia diante daquilo e a dor de Selyse no final foi palpável. Mas o atalho que nos levou a esse momento tétrico foi escuro e cheio de terrores no que diz respeito ao roteiro. Pra que serve lógica e consistência, se você consegue arrancar lágrimas e espasmos da audiência? Ás vezes penso que os roteiristas têm uma lista de “acontecimentos chocantes” que eles vão marcando com um “x” a medida que concluem os episódios, sem se importar direito em como encaixá-los de maneira orgânica, ou até mesmo se eles encaixam.
Citando o Martin mais uma vez:
“É fácil escrever coisas que são chocantes ou inesperadas, mas elas precisam crescer à partir dos personagens. Crescer a partir das situações. De outra forma, seria apenas o choque pelo choque.”
Talvez D&D tenham optado por escrever a cena desta maneira para que os fãs não sintam pena de Stannis ou odeiem Brienne quando ela fizer ele sentir o gosto da Cumpridora de Promessas. Francamente, eu espero que isso aconteça logo.
O filho pródigo
Depois do fim brutal de Shireen e da frieza de Stannis, quem aparece gloriosamente montando um dragão na Arena de Daznak? Coincidência?! É quase como se a série estivesse nos dizendo quem amar e quem odiar. Como se Daenerys não fosse capaz de ganhar os fãs por seus próprios méritos (plot twist: ela é).
A sequência da Arena de Daznak foi realmente melhor do que eu esperava. O cuidado da produção esteve visível em cada detalhe. Os diálogos entre Hizdahr, Tyrion e Dany foram bem elaborados, considerando que os personagens ainda não se encontraram nos livros, e até Emilia Clarke esteve bem enquanto bancava a rainha no estrado (depois disso, nem tanto). A única coisa que eu não gostei muito aqui foi do Daario girando sua adaga a fim de mostrar o quão caricato ele é. O ator que deu vida ao arauto merece destaque, e é engraçado que ele tenha citado as Graças, sendo que as figuras religiosas de Meereen nunca deram o ar da graça (ha!) na série. Onde elas estavam quando Daenerys crucificou os nobres da cidade na quarta temporada? Ou quando ela decidiu executar Mossador?
As lutas dessa primeira parte também foram decentemente coreografadas. Principalmente a segunda, em que Jorah enfrentou oponentes de diferentes culturas e estilos de luta (tínhamos um dothraki, um homem que podia muito bem ser um dançarino de água bravosi e um campeão meereenense). O momento em que o cavaleiro westerosi atirou a lança na direção de Dany, atingindo um Filho da Harpia que estava prestes a matá-la, foi surpreendente. Que belo trabalho Ramin Djawadi fez com a trilha sonora dessa temporada! Prestaram atenção na faixa sinistra que toca enquanto os assassinos emergem em meio à multidão? E por que diabos eles estavam matando os próprios mestres? Até Hizdahr – um dos principais suspeitos de ser o líder do grupo – acabou sobrando. Quem governará Meereen agora? Tyrion?
Por causa da escamagris, muitas pessoas na internet ficaram preocupadas com a cena em que Jorah toca a mão de Daenerys, mas, pelo nesse close, a mão que ele usa é a não contaminada, o que provavelmente impede que sua khaleesi contraia a doença. Ou assim espero.
Os Imaculados, mais uma vez, mostraram sua incapacidade na hora da luta. Eles não deviam ser uma força de elite? Onde estavam os outros milhares de soldados? Abraçados com prostitutas no bordel?
Em ‘A Dança dos Dragões’, os Filhos da Harpia não aparecem na Arena. Ao invés disso, Daenerys é vítima de uma tentativa de envenenamento que só não dá certo por que Belwas, o Forte, come todos os gafanhotos no lugar dela. Drogon só aparece depois, e bem diferente daquilo que vimos no domingo. No livro, o dragão pousa na arena para se alimentar do corpo da gladiadora Barsena e do javali com quem ela lutara. Drogon pousa como uma ameaça, e não o herói. Tanto que Daenerys tenta domá-lo com um chicote, mas é carregada para longe dali. Na série, parece que ela monta no filho para salva-lo, já que ele poderia acabar morto se permanecesse no local.
Alguns efeitos especiais realmente pareciam um pouco abaixo do padrão que estamos acostumados a ver na própria série, especialmente nos quadros que mostraram Dany voando montada nas costas do dragão (algo que, em minha opinião, podia ter sido evitado). Mas se compararmos com outras séries, o segmento foi, possivelmente, um dos maiores e mais corajosos da televisão. Algo que, dificilmente, outra produção ousaria tentar fazer. Ainda assim, foi meio difícil entrar no clima. A perda de Shireen fez com que eu só conseguisse apreciar a dança dos dragões devidamente na segunda vez que assisti. Até o Drogon da série sabe que não se deve queimar a própria família.