AVISO: O texto abaixo contém spoilers de TODOS os livros publicados das Crônicas de Gelo e Fogo. Se você ainda não leu… bem, que a Mãe te julgue com misericórdia.

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Chegamos ao décimo (e último) episódio da quinta temporada de Game of Thrones e, com algum atraso, à nossa última análise. Espero que gostem!

Escrito por David Benioff e D. B. Weiss e dirigido com todo o cuidado pelo veterano David Nutter, “Mother’s Mercy” (Misericórdia da Mãe), curiosamente, adaptou mais capítulos dos livros do que qualquer outro episódio que vimos esse ano. Tivemos elementos de Samwell I (O Festim dos Corvos) / Jon II (A Dança dos Dragões), Theon I (ADdD), Mercy (Os Ventos do Inverno), Gata dos Canais (OFdC), Daenerys X, Jon XIII, Cersei I e II (todos de ADdD). 

Vamos lá?

Salto de fé
Por mais que eu goste de Stannis, a verdade é que, na minha cabeça, ele sempre foi melhor chefe militar do que rei. Infelizmente, sua última batalha aconteceu off-screen. Teria sido incrível presenciar os esforços de um dos comandantes mais talentosos de Westeros, e saber por quanto tempo seus homens resistiriam a uma força imensamente superior. Certamente mais que os (vinte?) minutos necessários para que Sansa conseguisse sair da sua torre, acender a vela, confrontar Myranda e fugir com Theon enquanto Ramsay cruzava os portões de Winterfell. Os piores sempre retornam com vida.

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“Eu teria te seguido até o fim, meu irmão, meu capitão, meu rei.”

A decisão dos produtores foi compreensível. Provavelmente as incríveis sequências de ação em Durolar e na Arena de Daznak estouraram o orçamento da temporada, então se essa batalha precisou mesmo ser omitida para que esses eventos recebessem o devido tratamento, que seja. Afinal, a visão aérea do exército de Stannis sendo cercado fez com que soubéssemos imediatamente quem iria ganhar.

Algumas pessoas acreditam que a última frase de Stannis pode ter salvado sua vida, afinal, o dever de Brienne naquele momento era resgatar Sansa. Mas por que outro motivo David e Dan trariam de volta o desejo de vingança de Brienne (algo que ela já conseguiu superar a essa altura dos livros) e transformariam Stannis num filicida derrotado se não fosse para matá-lo e acabar de uma vez com o núcleo de Pedra do Dragão? Por mais que eu goste do personagem (e do ator), ele não tem muito mais o que fazer na série.

"Só saltando a cabeça do leão ele provará seu valor."
“Só saltando a cabeça do leão ele provará seu valor.”

Assim como Sansa, Stannis deu um salto de fé quando queimou a filha acreditando que aquela atrocidade lhe traria algum benefício, mas o problema é que nesse mundo fé e loucura costumam se confundir. Quando Stannis viu que seus homens desertaram, sua esposa cometeu suicídio e até Melisandre o abandonou, tudo o que ele pode fazer foi esperar até cair morto na neve. Por que outro motivo ele não mandou batedores antes de cercar Winterfell? Se for pra continuar idiotizando o personagem (como fizeram com Mindinho, Davos, Brienne, Melisandre, Jaime, Ellaria e tantos outros), é melhor que ele tenha morrido mesmo, com o farrapo de bravura que ainda restava.

O mais engraçado de tudo é que Balon Greyjoy (que a essa altura dos livros já está morto), acabou “ganhando” a Guerra dos Cinco Reis sem dar as caras na tela. Stannis não deveria ter esperado os três usurpadores das sanguessugas morrerem antes de queimar a filha com tanta convicção?

No livro, depois que Theon e Jeyne Poole conseguem fugir com a ajuda de Abel (Mance) e das lavadeiras (esposas de lança), eles encontram Stannis e seu exército, que ainda se preparam para atacar Winterfell. Quem eles encontrarão na série? Brienne e Podrick? Asha/Yara (que também está com Stannis no momento do encontro)? Algum senhor nortenho que realmente se lembra? Por incrível que pareça, eu ainda tenho fé que alguma coisa boa venha desse salto.

A dádiva da misericórdia

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A conclusão do arco de Arya foi plenamente satisfatória quando desconsideramos que o treinamento dela poderia ter sido mais bem explorado se, ao longo da temporada, tivéssemos mais momentos de aprendizado e menos maus-tratos repetitivos. Mas vamos fingir que a garota mergulhou profundamente em seu treinamento com os Homens sem Face, e foi forçada a desistir de uma grande parte dela no processo, porém, como a irmã, nunca conseguiu renunciar a parte mais importante dela mesma, o que ficou evidente na sua incapacidade em abandonar a Agulha e no assassinato de Meryn Trant.

A morte do cara foi graficamente brutal, mas merecida. Que cena! Quem aí não se sentiu tão vingado quanto Syrio Forel quando Arya rasgou a garganta do facínora? O fato de ela ter usado o rosto da menina que matou em “Unbowed, Unbent, Unbroken” para se infiltrar no bordel foi uma boa sacada dos showrunners.

Agora, pelo menos, Arya entende o preço da vingança, e sabe que se quiser riscar mais nomes da sua lista, não poderá fazê-lo enquanto estiver servindo ao Deus de Muitas Faces. É uma verdadeira encruzilhada. Será que ela vai continuar no caminho disciplinado dos Homens sem Face, ou abandonará seus ensinamentos em prol de um caminho mais sombrio? Nos livros, nós sabemos o que acontece, mas, levando em conta que quase tudo já foi mostrado (fora de ordem) na série, e que essa se desvia cada vez mais da rota estabelecida pelo cânone, eu apostaria na segunda opção. Afinal, agora que Arya está cega, qualquer caminho será escuro.

Beijo de despedida

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Aquele barco é o mesmo que Cersei enviou de presente para Myrcella em “First of His Name”? Quem se importa?

O momento pai e filha entre Jaime e Myrcella foi como o beijo de Ellaria – inicialmente doce, mas com resultado mordaz. Embora eu não consiga imaginar o Jaime dos livros ostentando a medalha de Melhor Pai do Ano (o que não foi difícil de conseguir na série, já que tivemos pais queimando as próprias filhas), a cena foi muito bem trabalhada. Pena que também tenha sido ineficaz do ponto de vista dramático, já que os roteiristas não conseguiram desenvolver bem esse plot ou fazer com que nos importássemos suficientemente com os personagens ali envolvidos. Que péssima maneira de construir algo sobre a morte de um personagem tão querido quanto o Oberyn.

Em “The Wars to Come”, quando vimos Cersei visitar Maggy, a Rã, a bruxa disse que seus filhos teriam coroas e mortalhas de ouro. Se Benioff e Weiss decidiram, por algum motivo, cortar a parte da profecia referente ao valonqar, porque também não cortaram este trecho, já que Myrcella morreria sem jamais ter sido coroada (ou sequer cogitada) como rainha?

Quando soubemos que o último episódio traria uma grande reviravolta para o núcleo de Dorne, achei que Doran fosse finalmente tirar o dragão do armário, declarando seu apoio aos Targaryen e, finalmente, colocando os Martell no mapa (e nos discursos) de Daenerys. Em vez disso…

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O que Ellaria estava pensando? Assassinar uma princesa com um beijo envenenado não e algo tão original a ponto de ela acreditar que o veneno não será traçado até ela. A tempestade que essa morte irá causar tem tudo para ser catastrófica. Imaginem quando Cersei descobrir o que aconteceu com a filha? Haverá uma guerra definitiva entre Lannisters e Martells. E quanto a Trystane? Ele é basicamente um prisioneiro dos Lannisters agora, e Doran não ficará feliz quando souber que Ellaria ajudou a colocá-lo nessa posição. É bem possível que o príncipe cumpra sua promessa e mande executar a viúva do irmão e suas filhas (o que, a essa altura, seria um favor a todos nós).

Falando nas Serpentes da Areia, mesmo com roupas diferentes, as três conseguiram se igualar no quesito inexpressividade. A frase “ousada” que Tyene sussurra no ouvido de Bronn disse mais do que devia sobre a série. A Tyene dos livros não é exatamente uma “boa garota” mas, ainda assim, por ser filha de uma septã, foi enviada a King’s Landing disfarçada como tal, a fim de se tornar amiga do Alto Pardal, enquanto Nym assume o lugar do pai no Conselho. Não seria muito mais interessante ver esse lado estadista das garotas ser explorado? Mas que bem faz um roteiro orgânico, cheio de personagens interessantes, papéis bem definidos e tramas bem costuradas se a gente precisa mesmo é de bad pussy??

O que fizeram com Dorne esse ano não foi sequer uma adaptação dos livros. Foi uma paródia.

(Para não dizerem que não falei das flores: a melodia de “Jaws of the Viper” é singular).

Shame

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A cena da caminhada parece ter sido tirada diretamente do romance de George R. R. Martin. É certamente uma das cenas mais poderosas de “A Dança dos Dragões” e foi maravilhosamente traduzida para a TV. Apesar de todas as coisas terríveis que Cersei já fez, e de todas as vidas que ela arruinou, é difícil saborear alegremente tanta humilhação. A cena não trata a personagem como uma vilã recebendo seu devido castigo, mas como uma mulher que precisa suportar os espinhos e farpas de uma sociedade brutalmente sexista.

Como uma leoa, Cersei atravessou tudo com coragem, mostrando ao povo da capital que um Lannister paga suas dívidas. No livro, quando próxima a Fortaleza de Maegor, ela vacila e corre para chegar aos portões. Eu gostei de ver que a série omitiu esse detalhe. A personalidade que eles criaram para a rainha – uma mãe disposta a sacrificar o próprio filho diante dos horrores da guerra – dificilmente condiz com alguém que correria em uma situação como aquela.

E então não foi mais possível segurar as lágrimas. Elas queimavam pelas bochechas da rainha como ácido. Cersei deu um grito agudo, cobriu os mamilos com um braço, deslizou a outra mão para esconder sua fenda e começou a correr, forçando o caminho pela fileira de Pobres Irmãos, abaixando-se enquanto se arrastava colina acima. No meio do caminho, tropeçou e caiu, ergueu-se, então caiu novamente dez metros adiante. A próxima coisa que soube é que estava rastejando, correndo para cima de quatro, como um cão, enquanto a boa gente de Porto Real abria caminho para ela, rindo, zombando e aplaudindo.

Então a multidão ficou para trás e pareceu se dissolver, e lá estavam os portões do castelo diante dela, e uma fileira de lanceiros em brilhantes meios-elmos e mantos carmesins. Cersei ouviu o som rude e familiar de seu tio rosnando ordens, e viu um clarão branco de ambos os lados enquanto Sor Boros Blount e Sor Meryn Trant caminhavam na direção dela com armaduras claras e mantos nevados.

Alguns enquadramentos lembraram a cena da execução de Ned Stark diante do povo de KL.
Alguns frames lembraram a cena a execução de Ned Stark diante do povo da capital.

O arco de Cersei foi um dos mais bem trabalhados esse ano. Sua queda foi deliberada. Todas as (péssimas) decisões que ela tomou formaram pequenas ondas que só cresceram ao longo da temporada (é claro que, nos livros, isso acontece em proporções muito maiores). O desempenho de Lena Headey foi fantástico, e eu não duvido que ela receba algum prêmio pela atuação. O trabalho de David Nutter também foi primoroso. Sobre a questão da dublê de corpo: em alguns momentos foi possível perceber diferenças no rosto e no pescoço da rainha, decorrentes do uso de CGI. Mas nada disso chegou a prejudicar a beleza visceral da sequência. Quem perdeu tempo tentando identificar essas pequenas falhas, também perdeu um dos momentos mais impactantes de toda a série.

Confesso que achei estranha a ausência de Tommen na Fortaleza Vermelha. No livro, Kevan diz que o rei não deve presenciar a vergonha de sua mãe… mas o Tommen da série não é um menino de dez anos, embora muitas vezes se comporte como um. Também senti falta de Margaery e Olenna. Não seria interessante se as duas estivessem ali no momento da entrada de Cersei? Suponho que o olhar de Pycelle, alguém que a rainha pisoteou por anos, tenha sido o suficiente para fazer com a rainha se sentisse (ainda mais) humilhada. Não é que o Gran Meistre e Kevan conseguiram mesmo escapar da Aranha?

Outro personagem que sumiu foi o Mindinho. Acho que ele estava se escondendo, com vergonha por ter “apostado” em Stannis. Sei como é.

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Mesmo que Cersei esteja longe de ter sido finalizada, sua jornada nessa temporada lembrou para nos lembrar que, dentro deste universo, ninguém é intocável. Depois de perder o filho na última temporada, Cersei teve que enfrentar a perspectiva de perder o poder que ela tanto cobiçava, e ano que vem ainda terá que lidar com a realidade de ter perdido a filha. Para uma das jogadoras mais ambiciosas do jogo dos tronos, as coisas não parecem nada boas. Nos livros ela ainda perde o apoio de Jaime que, depois de descobrir as traições da irmã, ignora seu pedido apaixonado de socorro.

Pelo menos ela tem Qyburn, e é ele que lhe, aparentemente, oferece o maior presente de todos: vingança.

O nó de Meereen

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Depois de uma guerra de palavras na Sala do Trono de Meeren, o #TeamDaenerys finalmente consegue chegar a um acordo. Jorah e Daario vão procurar Daenerys – tarefa que, nos livros, é coincidentemente relegada aos companheiros dothraki da rainha, Aggo e Rakharo, Tyrion, Missandei e Verme Cinzento (as três cabeças do dragão?) ficam para governar a cidade. É isso mesmo que vocês leram.

É engraçado ver como Tyrion fica, naturalmente, assustado com a tarefa estabelecer ordem em uma cidade tão volátil quanto Meereen, mas com a orientação e assistência de seu velho amigo Varys, tudo pode dar certo – ou incrivelmente errado.

Nem preciso dizer que, ao final de A Dança dos Dragões, depois da partida Daenerys, o caos na Baía dos Escravos vira responsabilidade do Rei Hizdahr e da Mão, Barristan (dois personagens que foram mortos na série para dar espaço a Tyrion), enquanto o Duende ainda está às voltas na guerra contra Yunkai, e Varys está abrindo caminho para Aegon conquistar Westeros.

É bom ver Peter Dinklage e Conleth Hill (nós também sentimos falta dele) reunidos para governar novamente. A cena deles nesse episódio, inclusive, lembrou, visualmente, a cena do episódio “The Prince of Winterfell”, onde os dois conversavam [sobre Daenerys] nas muralhas de Porto Real. Os dois formam um bom time, e os diálogos cômicos entre a dupla certamente trarão uma energia animada à seriedade quase sempre tediosa de Meereen. Ultimamente, as coisas ficaram um pouco pesadas demais em Game of Thrones, então qualquer mudança que traga alguma leveza ao universo da série será muito bem-vinda.

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“YOU DON’T HAVE ENOUGH BADGES TO TRAIN ME!”

O último capítulo de Daenerys no Dança mostra o encontro entre ela e o khalasar de Khal Joqho (um dos companheiros de sangue do Drogo), mas nem na minha imaginação a passagem conseguiu ser tão magnífica quanto o que vimos na série. Audiovisual precisa mesmo desses recursos. Os efeitos especiais nessa sequência foram impecáveis ao denotar a personalidade arredia de Drogon e dar forma à abordagem quase performática dos cavaleiros dothraki.

Totalmente fora de propósito foi a ideia que Dany teve de deixar o anel como uma pista do seu paradeiro… Um anel. No meio daquela imensidão. A não ser que ele tenha GPS, David e Dan só podem estar brincando com a inteligência dos telespectadores. Se bem que nada parece ser tão impossível para Daario, que conseguiu enxergar o Filho da Harpia escondido atrás da parede em “The House of Black and White”.

Por mais preocupante que seja ver Daenerys em mais uma jornada com os dothraki, é bom saber que ela saiu de Meereen. O tempo dela na Baía dos Escravos certamente ainda não acabou, mas a possibilidade de vermos a rainha finalmente voltar seus esforços para as terras verdes de Westeros parece cada vez mais forte.

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Et tu, Olly?
A expressão de Davos quando descobre que Shireen não sobreviveu à campanha de Stannis foi de dar pena, assim como a vergonha nos olhos de Melisandre. O velho marinheiro sempre foi mais próximo da princesa do que seu próprio pai.  O que acontecerá com ele, agora que Stannis foi dado como morto? E a dívida com o Banco de Ferro? Quem vai pagar? Talvez o Cavaleiro das Cebolas encontre algum outro líder para seguir, ou alguma outra causa para servir, como ir atrás dos garotos Stark, por exemplo – algo que acontece nos livros, mas em circunstâncias muito diferentes.

Por outro lado, a Mulher Vermelha voltou para o lugar onde ela está no final de A Dança dos Dragões, embora seu espírito e sua fé estejam longe dali. O que Davos fará quando descobrir que Shireen foi queimada por Melisandre (e tudo por nada) é difícil dizer.

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“Where is your God now?”

Em O Festim dos Corvos, é Jon que envia Sam, Gilly, o filho de Mance Rayder, Dareon e o próprio Aemon para Vilavelha. Eu não entendi bem por que motivo mudaram as motivações do Matador na série, mas fiquei com a sensação de que ele queria mesmo fugir dali, embora os motivos apresentados sejam bem compreensíveis. Deixar a viagem deles para o season finale foi uma decisão sábia, pois deixa o público realmente ansioso pelo que virá e praticamente confirma os boatos de que conheceremos os Tarly na sexta temporada.

Por falar em Sam… Por que o Fantasma da série apareceu para defendê-lo quando os estupradores atacaram Gilly em “The Gift”, mas não fez nada quando seu dono foi assassinado pelos patrulheiros? Será que tinha acabado o dinheiro do CGI? Nos livros, Fantasma é preso pelo próprio Jon por estar nervoso devido à presença de um javali que pertence a um troca-peles selvagem e o último nome que o bastardo chama antes de morrer é o do lobo, não do Olly (que nem existe na história original, como vocês devem saber).

Então Bowen Marsh parou diante dele, lágrimas correndo pelo rosto.
– Pela Patrulha. – Acertou Jon na barriga. Quando tirou a mão, a adaga ficou onde ele a havia enterrado.
Jon caiu de joelhos. Pegou a adaga pelo cabo e a arrancou. No ar frio da noite, a ferida soltava fumaças.
– Fantasma – sussurrou. A dor tomou conta dele. Espete neles a ponta aguçada. Quando a terceira adaga o atingiu entre as omoplatas, ele deu um grunhido e caiu com o rosto na neve. Nunca sentiu a quarta faca. Apenas o frio …

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A cena das adagas na escuridão aconteceu de maneira um pouco diferente no livro, onde Jon recebe uma carta de Ramsay Bolton (a famosa ‘Carta Rosa’) dizendo que Stannis está morto e que ele quer sua esposa e seu “Fedor” de volta. Jon acredita que a esposa em questão é sua irmã, Arya, e fica preocupado, naturalmente. Na adaptação, enquanto Aemon recebeu notícias de Daenerys do outro lado do mundo, Jon morreu sem saber nada a respeito de Sansa. No Dança, é essa notícia que faz com que ele decida ir para Winterfell, a fim de salvar sua irmã e fazer Ramsay pagar. Mas a Patrulha não toma partidos, e essa decisão não é bem aceita pelos irmãos juramentados. Eles atacam o Senhor Comandante antes da partida, depois que o gigante Wun Wun mata um dos homens da rainha Selyse (que está sã e salva em Castelo Negro).

Enquanto a decisão de realizar uma expedição até Durolar, onde vários irmãos da Patrulha foram mortos em prol dos selvagens, parece motivo suficiente para o motim dos patrulheiros. Mas a Carta Rosa e o fato de que Jon estava disposto a quebrar seus votos em resposta a ela deram mais iminência à sua morte. No livro, o assassinato foi uma resposta furiosa a uma série de decisões questionáveis, enquanto na série, os corvos tiveram dois episódios para mastigar e executar seu plano.

Pela República!
“Pela República.”

Mesmo que o resultado seja o mesmo, o acontecimento, no livro, força o leitor a questionar os motivos da Patrulha. Será que eles tiveram justificativa? Pessoas que assistem apenas a série não terão esse tipo de problema, pois a própria estrutura da cena fez com que aquilo parecesse um assassinato frio e premeditado.

Muitas fãs especulam que essa não foi a última vez que vimos o bastardo de Ned Stark. Alguns teorizam que, assim como Varamyr, ele escorrega para a pele de Fantasma enquanto está sendo esfaqueado, e que será trazido de volta ao seu corpo através de alguma magia primitiva. Outros já propõem que ele voltará como um “wight do bem” como Mãos Frias, ou mesmo como um White Walker (!). Embora eu prefira a primeira teoria, a mais comum no fandom é a de que ele será revivido por Melisandre. O retorno dela à Muralha reforça essa hipótese.

Existe também uma cena exclusiva da série na terceira temporada, em que Melisandre conversa com Thoros de Myr sobre como ele consegue reviver Beric Dondarrion com o poder do Deus Vermelho. Parece improvável que esse encontro tenha sido inventado sem nenhum motivo.

Sobre o Olly e o momento final do episódio: o fato de terem usado o mesmo personagem para fazer a mesma coisa, pelo mesmo motivo, em duas temporadas diferentes… seria cômico se não fosse trágico. A cena em si foi perfeita, principalmente depois que os patrulheiros saem e a câmera se aproxima do corpo de Jon e nós não sabemos se nos despedimos ali mesmo ou esperamos alguma reação. Todo o desespero diante dessa incerteza deu à música tema dos Starks, Goodbye Brother”, um sentido todo especial.

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“Vocês Starks são difíceis de matar.”

O fato é que, pelo menos até ano que vem, a vigia de Jon terminou (assim como a nossa). Mas sugiro que sigam o conselho de Sam e não se preocupem com o bastardo. Seja no corpo de Fantasma ou depois de receber o beijo da vida de R’hllor, ele sempre volta.