Se existe uma qualidade que define a sétima temporada de Game of Thrones, tal qual os doze condenados que atravessaram os portões de Atalaialeste rumo ao desconhecido, é a pretensão. Às portas do fim, a série vem assumindo riscos tão grandiosos quanto os conflitos que ela apresenta. Já foi o tempo em que a audiência esperava cegamente que diferentes personagens se encontrassem nas infinitas viagens pelo Mundo Conhecido. Ultimamente, “vilões” e “mocinhos” tem se cruzado pelo mapa com a velocidade da câmera que percorreu a mesa pintada de Pedra do Dragão no primeiro plano do episódio. Mesmo entendendo como essa rapidez favorece o grand finale, são os longos interlúdios que mais fazem falta.

A série vende momentos marcantes – batalhas teatrais, casamentos traiçoeiros e mortes dramáticas –, mas estes só têm significado por causa de eventos menores. Estes nos dão motivo para amar ou odiar os indivíduos que movimentam as engrenagens desse sistema.

No geral, a sétima temporada tem sido um turbilhão que evita tramas elaboradas em favor de grandes acontecimentos. Depois de temporadas de atrasos e promessas, David Benioff e Dan Weiss estão entregando clímax após clímax, com um fanservice a cada turno. É preciso cuidado para que isso não se torne tão emocionante quanto exaustivo.

Pior que esperar temporadas inteiras para que certos personagens cruzem caminhos, é perceber que os roteiristas não sabem bem o que fazer com eles quando isso finalmente acontece. Esse problema pode ser bem observado em Winterfell, onde vimos a implume disputa de poder entre Jon e Sansa ser transferida, sem muita cerimônia, para Sansa e Arya. A divergência entre os irmãos Stark era mesmo tão necessária?

É fácil condenar Arya pela facilidade com que ela se deixou levar pelas tramoias de Mindinho, mas, como Daenerys disse, “É preciso ver para conhecer”, e Arya não testemunhou a transformação de Sansa como nós fizemos. Assim como Sansa não conhece as circunstâncias sob as quais a irmã adquiriu suas habilidades. Esse choque entre as duas era esperado, assim como seria em qualquer outra família, mas é estranha a maneira como esse plot está sendo conduzindo enquanto o único irmão que de fato pode enxergar a verdade está sendo (propositalmente?) deixado de lado.

Arya e Sansa foram forçadas a crescer muito rapidamente, em circunstâncias brutais, mas os mesmos padrões restabelecem-se agora que elas estão juntas. Arya não confia muito nos motivos de Sansa, e sabe o quão poderosa — e perigosa — seria a carta escrita pela irmã, se mostrada aos senhores nortenhos. Sansa estava certa ao afirmar que essa rixa só ajuda os inimigos, mas esqueceu que ela mesma “desafiou” Jon quando viu problemas na liderança dele. As duas são mais parecidas do que pensam.

Mas então, nenhum lado da guerra (a não ser, curiosamente, o do Rei da Noite) está mostrando uma frente unificada. Em Pedra do Dragão, Tyrion e Dany discutiram sobre a brutalidade nas ações da rainha no último episódio, e o anão argumentou de forma convincente que é importante enxergar as coisas do ponto de vista do inimigo se quiser derrotá-lo. Também vimos Cersei ameaçar Jaime no final do episódio passado. É natural que relações relativamente novas (ou recentemente renovadas) estejam mostrando esses tipos de fraqueza. Do ponto de vista dos inimigos em cada lado, no entanto, essas cisões são invisíveis, e o verdadeiro medo de Sansa não deveria ser rachar primeiro, mas sim rachar primeiro na frente dos outros.

No fim deste episódio, Jon finalmente dobrou o joelho para Daenerys, em um ato mais simbólico que físico. Arya não parece confiar completamente em Sansa, mas entregou a ela a adaga dada de presente ao Bran, o que pode (ou não) representar o início/confirmação de um acordo entre elas.

É importante ressaltar que, ao contrário de Sansa, Arya e Bran mudaram a ponto de perderem parte da humanidade, mas isso não significa que o sofrimento deles foi pior. Como a própria personagem testificou, Sansa sofreu horrores indescritíveis, mas os roteiristas ainda não encontraram uma boa maneira de mostrar sua progressão — exceto quando ela mostra ser uma líder competente na ausência de Jon. A direção também parece favorecer o ponto de vista da Arya, e o resultado disso é uma Winterfell caliginosa, suscetível às intervenções de Mindinho.

Para mim, a hostilidade excessiva da Arya ainda parece incoerente e infantil, uma conveniência de roteiro implementada depois de momentos que indicaram uma aparente ruptura da personagem com as múltiplas identidades que ela assumiu ao longo dos anos. Para alguém que nunca quis ser uma lady, ameaçar tomar o rosto, o título e os belos vestidos de Sansa não faz o mínimo sentido — a não ser que a ameaça tenha outro intento.

Sansa foi sincera quando ressaltou que ela recuperou Winterfell. Se ela quisesse mesmo roubar o lugar de Jon, ela já o teria feito. Arya pode ser jovem, mas suas viagens deveriam tê-la endurecido para as realidades do mundo, as complicações da corte e os compromissos da honra. Tanto tempo longe de casa parece desperdiçado se a garota retoma os preconceitos que tinha na primeira temporada, principalmente no que diz respeito à irmã.

Essas inconsistências fizeram com que a própria Sansa tomasse decisões um tanto questionáveis. Ela não dá crédito aos vassalos do Norte, não querendo confrontá-los com o significado e o contexto da carta que foi forçada a escrever anos atrás. Tudo bem. Como o próprio texto reconhece, os lordes nortenhos são uns cretinos, mas a Senhora de Winterfell tem sido retratada como uma governante idônea, e o receio de confrontar homens aparentemente satisfeitos com seu trabalho meio que contradiz isso. Enviar Brienne a Porto Real também pareceu controverso, mesmo que isso a mantenha fora dos jogos de Mindinho. Não existe ninguém mais capaz de defender (e até unir) as filhas de Catelyn do que a Donzela of fucking Tarth.

O talento de Gwendoline Christie está sendo desperdiçado com a monumental quantidade de nadas que Brienne tem feito nessa temporada. O lado bom dessa jornada à capital é que, pelo menos, poderemos vê-la interagir com personagens diretamente envolvidos na trama principal (incluindo Jaime).

Eu acredito e torço para que este subplot não passe de uma distração, fazendo o público acreditar na inimizade entre Arya e Sansa, apenas para surpreendê-los com a eventual morte de Petyr Baelish. Uma falsa contenda entre as irmãs é, certamente, a maneira mais preguiçosa de alcançar este fim, mas condiz com o estilo dos nossos showrunners, que preferem um choque final a um desenvolvimento coeso. Teria sido muito mais interessante ver as irmãs Stark (e até Bran) em plena cooperação, usando suas habilidades complementares de corte e espada para derrubar Mindinho, mantendo os cavaleiros de Robin Arryn leais a Winterfell. Isso certamente faria jus às jornadas das personagens, e tornaria a queda do Senhor Protetor do Vale muito mais gratificante.

Em suma, essa briga de irmãos não é apenas chata, mas também vazia considerando tudo o que está acontecendo em outros lugares. Por que lutar um contra o outro quando todos sabem que, de fato, a morte está literalmente chegando aos Sete Reinos? A morte é o inimigo real, o primeiro e o último. E o que dizemos ao Deus da Morte?

E por falar na batalha real… Apesar da oportunidade de ver personagens tão interessantes lutando lado a lado e testemunhar o primeiro confronto direto com o exército dos mortos, a parte épica de “Beyond the Wall” pareceu meio oca depois de pesados os sacrifícios necessários para alcançar esse momentum. Não, eu não estou me referindo ao Viserion, mas à lógica em si. As licenças poéticas sempre foram uma parte intrínseca da série, onde personagens e informações sempre viajaram na velocidade do plot, mas, ainda é um pouco fácil acreditar que Gendry tenha conseguido enviar uma mensagem a Daenerys no tempo certo para que ela e seus dragões chegassem e salvassem o dia.

O tempo em si não é nem o maior problema. Segundo Linda Antonsson, co-fundadora do fórum Westeros.org, que colaborou com George R. R. Martin em “O Mundo de Gelo e Fogo”, seriam necessárias 28 horas ininterruptas de voo para que a rainha chegasse a Atalaialeste. Mais as horas de voo (e de descanso) do corvo que carregou a mensagem de Gendry, podemos estimar que toda a jornada levou de 3 a 4 dias, o que me parece tempo suficiente para um lago congelar (especialmente na presença de Caminhantes Brancos). Não obstante, é nas variáveis que mora o perigo. Qual a probabilidade de Gendry chegar a Atalaialeste no tempo, viajando sozinho, sendo esta a primeira vez que ele pisou no Norte, em absoluto?

Usar cálculos, para explicar tais coisas, está longe de ser o ideal, posto que a história não se passa no nosso mundo. Porém, mesmo uma série de fantasia com dragões, mortos-vivos e sídhes de gelo, precisa responder racionalmente por elementos que jamais foram estabelecidos dentro de sua dimensão ficcional. E já que é uma série de fantasia, teria sido muito mais crível ver Daenerys seguir a própria intuição, ou mesmo sonhar com os acontecimentos além da Muralha, partindo para o Norte antes que o esquadrão suicida alcançasse a montanha com ponta de flecha. Ela não seria a primeira Targaryen a sofrer com os chamados “sonhos de dragão” que, ao contrário dos teletransportes, fazem parte da diegese d’As Crônicas de Gelo e Fogo. Brincando com essa possibilidade, a séria ainda levantaria um dilema interessante: a rainha seguiria viagem se soubesse que um de seus filhos poderia morrer?

Outra pergunta que, com o perdão do trocadilho, ficou martelando minha cabeça foi: por que diabos o Cão não quebrou o gelo com o martelo de guerra quando a hora chegou? Certo. “Homens inteligentes não caçam zumbis do outro lado da Muralha”, apenas os bravos. É neste ponto que a semelhança entre os sete samurais e os criadores da série, supracitada no primeiro parágrafo desta análise, termina.

David e Dan foram pretensiosos ao arrancar personagens queridos de suas terras, despindo-os de suas antigas motivações e atirando-os em uma clássica missão kamikaze pela salvação da humanidade. O que faltou foi a coragem para fazer com que o grupo sofresse as consequências dessa insensatez heroica. Depois que os figurantes sem nome (ou número exato) começaram a morrer, foi meio difícil acreditar que os protagonistas compartilhariam o mesmo destino, mesmo depois que Thoros de Myr, o único healer membro do grupo capaz de ressuscitar os demais, acaba vítima de um urso da neve zumbi. Funny old life.

O sacerdote foi um dos poucos personagens da adaptação que, para mim, conseguiu superar a versão original dos livros, e parte disso se deve ao carisma do comediante Paul Kaye. Eu ainda não entendo porque matar ele quando Beric deveria estar morto há anos. Acredito que Thoros tinha uma importância muito maior para a trama do que seu companheiro, sem falar na singularidade de ser o único servo masculino do deus vermelho. Além disso, a morte de Beric, depois de revivido tantas e tantas vezes, daria uma cena interessantíssima, que simbolizaria a falta de poder de R’hllor sobre as terras dominadas pelo Grande Outro.

Enfim, os personagens remanescentes tiveram imunidade suficiente para completar a missão sem perder um dedo sequer. E quando a coisa pareceu apertar, o deus ex machina entrava em ação. Essas previsibilidades tiraram parte da graça dos momentos mais catárticos de “Beyond the Wall”. Claro que se analisarmos aspectos técnicos como cinematografia, efeitos visuais, direção, atuações e até a escolha das locações, a última metade do episódio foi uma verdadeira obra-prima.

Entretanto, em termos de narrativa, o ouro esteve nas interações que serviram como prelúdio para a catarse, aqueles que simplesmente restabeleceram as conexões entre os personagens e nos deram razão para nos preocuparmos com suas vidas, a despeito de suas plot armors.

O destaque vai para cena em que Jon tentou devolver a espada da Casa Mormont para Jorah, demostrando, de maneira menos estulta, o senso de honra dos Starks. Por vergonha, respeito e amor pelo pai, Jorah recusou o presente. Iain Glenn é um puta ator, e o mesmo pode ser dito de Kristofer Hivju (Tormund) e Rory McCann (Sandor Clegane), dois homens aparentemente rudes que disputaram, praga por praga, as falas mais divertidas do episódio.

Game of Thrones sempre teve um interesse secundário no divino e no papel que os deuses aparentemente desempenham na vida dos personagens. Esse tópico apareceu quando Tyrion classificou as divindades de Westeros como o equivalente onipotente de seu primo simplório, que esmagava besouros sem motivo ou cuidado. Está presente também nos poderes sobrenaturais de Melisandre, ou no Cão, que vive questionando o tipo de justiça ou propósito divino que pode existir em um mundo onde coisas tão terríveis acontecem. E vem à tona mais uma vez quando dois homens que retornaram dos mortos se mostram loucos por assumirem o que aconteceu com eles, mas sem saberem o por quê.

Jon e Beric sugerem que, talvez, seja suficiente saber que há pessoas a serem protegidas e que suas segundas chances deram a oportunidade de continuar protegendo-as. Esse discurso é um pouco florido, mas dá sentido à luta que eles estão prestes a embarcar, além de funcionar como uma bela pedra sobre um assunto que a série não tem tempo para trabalhar (ou talvez nem saiba como). “Nós somos o escudo que guarda os reinos dos homens.” Claro e simples.

Em um episódio chamado “Beyond the Wall”, era de se esperar que víssemos pouca coisa dos outros pedaços de Westeros. O debate sobre a sucessão de Daenerys foi o único que aconteceu, geograficamente, ao sul do Gargalo, o que não diminui em nada sua relevância.

Engraçado notar que, na adaptação, a esterilidade da rainha nunca foi propriamente estabelecida. Até a profecia de Mirri Maz Duur omitiu a parte em que o ventre de Dany “ganharia vida e daria à luz um filho vivo”.  D&D não dão ponto sem nó (bem, só alguns). Se essa questão foi levantada a essa altura, significa que 1) Daenerys pode nomear Jon seu sucessor quando souber das origens do bastardo ou 2) o casal logo terá um filho.

Pensar nisso me fez lembrar algo um tanto perturbador: na Casa dos Imortais, onde foi que Daenerys reencontrou Khal Drogo e o bebê que, supostamente, seria Rhaego? Isso mesmo. ALÉM DA MURALHA. Será que aquilo significou alguma coisa?

Tyrion estava certo sobre os riscos que a Daenerys estava disposta a tomar, e ele não continuaria repetindo essas advertências sem que algo acontecesse para justificá-las. Game of Thrones não funciona bem se um lado tiver uma grande vantagem sobre o outro, e a Mãe de Dragões tinha três grandes vantagens. Para nossa tristeza, o jogo precisava virar.

Foi a partir do resgate que o episódio entrou em plena marcha. Eu desafio qualquer um a dizer que o coração não pulou um centímetro quando o fogo começou a cair sobre o exército do Rei da Noite. Nós sabíamos que ia acontecer (a cena anterior fez questão de deixar isso explícito), mas, ainda assim, foi extraordinário. Saber que as vítimas do ataque eram pilhas de ossos reanimados foi um benefício que não tivemos em “The Spoils of War”, e isso certamente minimizou o horror de presenciar, mais uma vez, a glória terrível dos dragões em voo.

Todavia, os heróis não tiveram uma vitória limpa. Se Daenerys tivesse simplesmente chegado, matado centenas de wights, e saído dali com todo mundo, a sequência teria sido ainda mais criticada.

A batalha propriamente dita, que aconteceu com atores de verdade, no chão, foi marcada por vários clichês dos filmes de ação, além de várias rimas visuais com a Batalha dos Bastardos (como Jon e Tormund lutando lado a lado, ou a montanha de corpos) e com o ocorrido na Arena de Daznak (o grupo principal cercado pelos inimigos quando Drogon finalmente chega).

Vimos Tormund ser salvo pelo Cão assim como o grupo foi salvo pelos dragões de Daenerys e assim como Jon foi posteriormente salvo por Benjen. O tumulto gerado pelo engalfinhamento de homens e zumbis usando praticamente o mesmo figurino não ajudou muito, mas o diretor tirou vantagem disso para realçar o enxame inabalável de criaturas que ameaçavam os protagonistas.

Muitos não aceitaram bem a brevidade do retorno de “Mãos-Frias”, que se despediu do sobrinho para morrer logo em seguida. Eu admito que fiquei um pouco triste com o fato, mas se pensarmos que o cara estava condenado a uma sobrevida solitária nas Terras do Sempre Inverno, fica mais fácil aceitar que ele provavelmente queria aquela morte. Uma morte heroica, digna do Primeiro Patrulheiro que Benjen um dia foi. A cena em que ele manda Jon partir sem ele até lembrou um pouco a última aula de Arya e Syrio Forel, em “The Pointy End”.

Daenerys não poderia continuar exibindo seus dragões sem uma perda, e, tematicamente, ver um dragão morrer pelas mãos do Rei da Noite foi melhor do que teria sido ver um deles cair por causa do scorpio de Qyburn. Embora tenha servido para instaurar uma espécie de equilíbrio entre gelo e fogo e feito Dany aderir à causa de Jon, a morte de Viserion foi muito, muito triste de se assistir. Muito mais do que eu podia imaginar.

Eu não gostei muito da atuação contida de Emilia Clarke na primeira vez que assisti, mas depois de rever a cena algumas vezes, percebi que a rainha estava em estado de choque pela morte de um dos filhos. Uma cena posterior, com a mãe lamentando sua perda, teria sido muito bem-vinda para reforçar a importância que os dragões têm para ela, mas os produtores não acreditam que seja possível expor os sentimentos de um personagem forte sem que este pareça fraco — principalmente se o personagem for uma mulher. Por isso, preferiram uma cena em que Daenerys espera pelo crush no topo da Muralha (prioridades).

Se você acompanha o site a mais tempo, lembra que eu sempre tive certa aversão ao possível relacionamento amoroso de Daenerys e Jon, mesmo admitindo que o cânone deva seguir na mesma direção. Contudo, como dois dos personagens em que a série mais investiu ao longo dos anos, as cenas envolvendo o “casal” tem se sobressaído se comparadas a outras — ainda que personagens igualmente interessantes tenham tido seus papéis sacrificados em prol dessa união (como Tyrion, que tem servido como pouco mais do que um cupido ultimamente). Parte disso se deve à inegável e surpreendente química entre os atores, e o incrível trabalho de Ramin Djawadi com a trilha sonora amarra de maneira satisfatória mesmo aquilo que, de outra maneira, poderia parecer forçado ou fora do lugar.

Falando em coisas forçadas: Dany estava olhando a barriga trincada do Jon ou as cicatrizes do atentado que ele sofreu em Castelo Negro? Ela provavelmente o confrontará a respeito de qualquer uma das duas coisas no próximo capítulo dessa novela.

Ah! A conversa de Jon com Tormund sobre o orgulho de Mance Rayder parece ter sido fundamental para que ele decidisse dobrar o joelho. Os dragões fizeram o resto.

Quem escreve histórias de fantasia entende que promover o enfrentamento entre seres místicos é complicado, pois você nunca sabe que tipo de poder vai nascer deste encontro, ou que tipo de poder será considerado “um pouco demais”. Game of Thrones passou por cima dessas complicações audaciosamente ao mostrar o Rei da Noite transformando Viserion em seu novo animal de estimação, tirando proveito das lendas e teorias relativas ao Dragão de Gelo de uma maneira que não pareceu tão estapafúrdia ou distante do universo da série.

Na minha última análise, eu fiz alguns comentários acerca da lenta marcha dos Caminhantes Brancos em direção aos reinos dos homens. Talvez eles estivessem esperando por esse momento? O Rei da Noite sempre esteve um passo à frente de Bran em suas visões, então eu não me surpreenderia se soubesse que a criatura previu a chegada dos dragões de Daenerys. Os caminhantes até tinham duas lanças extras para os irmãos de Viserion.

Como o príncipe “Ragger” dizia nos livros: “o dragão tem três cabeças”. Agora, uma delas possui olhos azuis profundos e gélidos como a morte. 


NOTAS FINAIS

✖ Making the Eight: Esse foi o oitavo (e provavelmente último) episódio em que Porto Real não foi mostrada. Os outros foram “The Kingsroad” (primeira temporada); “The Rains of Castamere” (terceira temporada); “The Watchers on the Wall” (quarta temporada); “Kill the Boy” e “The Dance of Dragons” (quinta temporada); “The Door” e “Battle of the Bastards” (sexta temporada).

✖ O Norte não lembra bem: Foi bizarro ver Arya acusar Sansa de estar posando na manhã da execução de Ned Stark sendo que, na ocasião, a garota estava gritando desesperada — e até desmaiou. Arya não chegou a ver o desmaio, mas eu revi a cena algumas vezes para ter certeza. A garota, escondida nos pés da estátua de Baelor até olhou para o estrado enquanto Sansa implorava pela vida do pai, mas os gritos dela podem ter sido abafados pela multidão — ou Arya achou que tudo não passava de encenação.

Pouco importa. Não podemos exigir que Arya lembre de tudo o que aconteceu naquele dia, embora, neste mesmo episódio, ela lembre bem de momentos com o pai que, obviamente, antecederam a execução dele. Talvez, a raiva de ver que Sansa agora é Senhora de Winterfell no lugar de Catelyn esteja obscurecendo o julgamento da jovem que, por anos, não pensou em nada além de vingar a morte dos pais. É irritante, mas compreensível.

✖ Vocês Starks são difíceis de matar: O modo como Jon saiu da água lembrou a cena do episódio “The Broken Man”, onde Arya fez o mesmo depois de ser esfaqueada numa ponte, em Bravos.

✖ São seus olhos: Não. Bran não estava “wargando” Garralonga na cena do gif acima. Era só neve.

✖ 20 mil bons homens: Sansa afirmou que “20,000 homens” lutam pelos Stark, o que não parece coincidir com números anteriores e pode se tratar de um erro de cálculo ou um simples exagero. No início desta temporada, Jon disse que havia menos de 10 mil soldados deixados no Norte – embora seja possível que este número se refira exclusivamente aos soldados do próprio Norte, e não aos Cavaleiros do Vale, que chegaram a Winterfell durante a batalha contra Ramsay Bolton.

Visto que o Vale permaneceu neutro durante a maior parte da Guerra dos Cinco Reis, seu exército deve conter uma força total de 20 ou até 30 mil homens.

✖ Kill the masters: A descoberta de que matar um Caminhante também destrói os wights revividos por ele foi bem interessante. O fato de um único morto-vivo ter sobrevivido a essa descoberta para ser levado a Porto Real foi inacreditavelmente oportuno.

✖ Implausível: Em entrevista à Variety, o diretor Alan Taylor admitiu que a linha do tempo do episódio é confusa, e afirmou que a série fez uso de “uma coisa chamada de impossibilidades plausíveis, que é o que você tenta obter no lugar das possibilidades implausíveis”. Beleza. Agora está tudo explicado.

✖ Em tempos de Jonerys: Os fãs de “SanSan” não ficaram muito felizes quando Sandor afirmou que não gostava de ruivos. Por outro lado, fãs de “Briemund” se deleitaram com o diálogo entre ele e Tormund.

✖ Creme e dourado: O vestido que Daenerys usou para montar seus dragões rumo ao Norte possuía cores parecidas com as das escamas de Viserion, contrastando com o preto que ela comumente usa para evocar a imagem de Drogon.

✖ A sombra de uma cobra: É triste e poético que Viserion tenha morrido no mesmo episódio em que seu “homônimo” foi lembrado por ser um irmão cruel para Dany. Coincidentemente, a última vez que Viserys a chamou desse jeito foi na cena em que ele morreu.

✖ “Tem de haver outro”: Rhaegal não morreu por que é claro que Jon vai montar o dragão com o mesmo nome do pai dele, certo?

✖ Fazedor de Correntes: Muitas pessoas tiveram dúvidas a respeito da corrente usada pelo Rei da Noite para “pescar” o cadáver de Viserion. Mas quem disse que os elos da corrente eram feitos de ferro? Com a habilidade de manipular gelo dos Caminhantes, tudo é possível.

“Gelo. Mas não como um gelo comum. Os Outros podem fazer coisas com gelo que não podemos imaginar e criar substâncias com ele”

(George R. R. Martin, quando perguntado em uma entrevista sobre o material utilizado para criar as espadas dos Caminhantes)

Mais inacreditável ainda é o fato de terem conseguido recuperar o corpo dragão sendo que, minutos antes, ninguém ali sabia nadar.

✖ Quebradora de Rodas: Se a série precisa referenciar a si mesma, poderia escolher uns discursos melhores…


O Podcasteros do episódio deverá sair em breve.