A maioria dos leitores brasileiros de George R. R. Martin conheceu a obra do autor na década de 2010. É fato, porém, que a escrita das histórias em Westeros e Essos começou muitos anos antes disso, em 1991. O primeiro livro foi publicado cinco anos mais tarde, e muita coisa aconteceu desde então. Que tal conhecer mais sobre a história da escrita das Crônicas de Gelo e Fogo?
Neste artigo, vamos recapitular como Martin começou a escrever sua série monumental, e o processo de escrita e publicação de cada um dos volumes das Crônicas de Gelo e Fogo. Saber dos percalços durante a escrita e a edição de cada livro pode ajudar a entender por que a publicação deles demora tanto.
O material que trazemos aqui está também nas páginas especiais de cada livro, dentro de nosso Guia das Crônicas de Gelo e Fogo. O artigo também inclui informações sobre a escrita do sexto livro, The Winds of Winter. Ao final, um histórico da publicação da obra em português. Boa leitura!
Nem sempre George R. R. Martin foi um autor de fantasia épica, como os leitores podem imaginar ao terem contato com As Crônicas de Gelo e Fogo. O autor flertou com a fantasia em suas primeiras tentativas de escrita, mas quando começou a escrever profissionalmente, na década de 1970, a ficção científica era o gênero predominante em suas obras.
Alguns nomes encontrados nos livros de Gelo e Fogo vêm das primeiras obras de Martin. R’hllor, Argilac, Barristan e o Império Dothrak estavam em uma de suas primeiras tentativas de publicar uma história de fantasia, ainda na década de 1960 (ele revela isso em Dreamsongs, publicado no Brasil como RRetrospectiva da Obra). Em Uma Canção para Lya, de 1974, os protagonistas se chamam Robb e Lyanna, nomes que também seriam aproveitados vinte anos mais tarde. A semente das Crônicas de Gelo e Fogo, porém, ainda estava longe de germinar.
Na década de 1980, o romance de vampiros Sonho Febril elevou Martin a um patamar superior de sucesso. The Armageddon Rag, o livro que deveria catapultá-lo de vez ao estrelato, teve o efeito inverso, porém. Por suas baixas vendas, o romance quase acabou com a carreira literária de George, e o fez procurar uma alternativa.
Na segunda metade da década de 1980, Martin passou a trabalhar principalmente como roteirista em Hollywood, ganhando notoriedade por The Twilight Zone e Beauty and the Beast. Ainda assim, não abandonou totalmente a literatura, lançando a coletânea Tuf Voyaging e começando a publicar o universo compartilhado de Wild Cards no período.
No começo dos anos 1990, porém, ele resolveu voltar à literatura de vez. O plano era escrever o épico Avalon, que, apesar do nome, não teria a ver com mítica ilha da lenda arturiana, sendo ambientado nos Mil Mundos. É nesse momento que surgem As Crônicas e Gelo e Fogo.
George R. R. Martin iniciou a escrita de A Guerra dos Tronos em 1991. Enquanto trabalhava em Avalon, o primeiro capítulo de Bran Stark veio repentinamente à mente do autor. Ele continuou a escrever essa nova história, planejando que ela se passasse em um mundo fictício, mas sem magia. A amiga Phyllis Eisenstein o convenceu a incluir dragões e os outros elementos mágicos. O desenvolvimento foi parcialmente interrompido em 1992, quando Martin voltou a Hollywood temporariamente. Ainda assim, o trabalho continuou (ainda que em ritmo mais lento), e em 1993 ele tinha quase 200 páginas de um primeiro volume.
Nessa época, George projetou um plano geral para sua série de livros. O projeto inicial era que a série fosse uma trilogia, com três conflitos principais: Starks versus Lannisters, a reconquista de Daenerys Targaryen, e os Outros. Os livros seriam A Game of Thrones, A Dance with Dragons e The Winds of Winter, cada um deles mais focado em um dos arcos principais. Martin deu à (então) trilogia o título de A Song of Ice and Fire (“Uma Canção de Gelo e Fogo”).
O manuscrito do primeiro volume logo ultrapassou o tamanho esperado, porém, chegando a 1300 páginas. Martin decidiu dividir o livro, e aproximadamente 300 páginas passaram para o seguinte. Decidiu-se então, que a série seria uma tetralogia, e o segundo livro se chamaria A Clash of Kings. A divisão e o fim da escrita de A Guerra dos Tronos provavelmente ocorreram no fim de 1995 ou começo de 1996.
A primeira publicação de A Game of Thrones ocorreu em 6 de agosto de 1996, nos EUA e no Reino Unido. Antes do livro completo, partes dele já haviam sido lançadas separadamente. No Reino Unido, em maio de 1996, foi publicada uma edição de prévia com os primeiros capítulos. Em julho, os dez capítulos de Daenerys foram publicados como uma novela independente na revista americana Asimov’s Science Fiction. A novela recebeu o título Blood of the Dragon (“Sangue do Dragão”), e venceu o prêmio Hugo da categoria em 1997.
Como vimos anteriormente, A Fúria dos Reis começou a existir durante a escrita de A Guerra dos Tronos. Martin havia passado algumas centenas de páginas para um segundo livro quando percebeu que o primeiro estava ficando grande demais. Começando daí, a escrita foi relativamente rápida. Pouco antes do meio de 1998, o autor tinha aproximadamente 1500 páginas de manuscrito. Mais uma vez, algumas centenas foram cortadas e guardadas para um livro seguinte.
A essa altura, os planos de que a série fosse uma tetralogia já haviam sido alterados, e a ideia passou a ser que ela tivesse seis livros. Eles seriam: A Game of Thrones, A Clash of Kings, A Storm of Swords, A Dance with Dragons, The Winds of Winter e A Time for Wolves. Nessa época, Martin escreveu outro esboço da série de livros (mas esse nunca veio a público, ao contrário do primeiro).
A primeira publicação de A Clash of Kings aconteceu em 11 de outubro de 1998, no Reino Unido. O conto The Hedge Knight (O Cavaleiro Andante), o primeiro na série de Dunk & Egg, foi escrito durante a escrita de Fúria, e publicado na antologia Legends. Ela incluía contos de vários autores consagrados da fantasia, e o de Martin, também ambientado em Westeros, foi um dos destaques. O autor revelou mais tarde que muitos leitores buscaram As Crônicas de Gelo e Fogo a partir dele.
A Tormenta de Espadas foi o livro com a escrita mais rápida de toda a série. Algumas centenas de páginas foram originalmente escritas para A Fúria dos Reis, cortadas porque o livro já estava grande demais. Existem rumores de que todo o arco de Tyrion em Tormenta já estava pronto, por exemplo. Martin trabalhou num ritmo muito acelerado e exaustivo no terceiro livro, inclusive escrevendo durante o dia de Natal de 1999. A escrita terminou em abril de 2000, com o recorde de páginas manuscritas de um livro da série (1521).
Um ponto relevante da escrita desse livro é o planejamento de um salto temporal dentro do universo. Em 1998, Martin decidiu que haveria um intervalo de cinco anos entre os eventos do fim de A Storm of Swords e o livro seguinte (à época, A Dance with Dragons). Adam Whitehead, fã e especialista de longa data da série, aponta que essa decisão forçou o terceiro livro a ser maior do que os anteriores. Martin se viu obrigado a encerrar as várias subtramas sem nenhum gancho, para que elas pudessem ser retomadas em flashbacks no volume seguinte.
Depois da publicação do livro, George revelou (em 2005 e 2017) que o Casamento Vermelho foi a última cena que ele escreveu, depois que todo o resto já estava pronto.
A Storm of Swords foi publicado em 8 de agosto de 2000, no Reino Unido. Lançado em novembro do mesmo ano nos Estados Unidos, foi o primeiro da série a figurar na lista de mais vendidos do New York Times. Em dezembro, os capítulos de Daenerys foram lançados como o conto Path of the Dragon (“Caminho do Dragão”) na revista Asimov’s Science Fiction.
Nos planos de Martin, o livro seguinte a A Storm of Swords seria A Dance with Dragons. O autor havia encerrado vários arcos no terceiro livro, e no quarto escreveria sobre eventos que se passariam cinco anos depois, em um salto temporal. A razão para isso era que os primeiros livros acabaram compreendendo um período menor do que ele havia imaginado inicialmente. Isso significou que os personagens mais jovens continuavam muito novos, e os cinco anos serviriam para que eles crescessem. Assim, em 2000, George começou a trabalhar em A Dance with Dragons como o quarto livro da série.
Após alguns meses escrevendo, porém, Martin percebeu que o salto temporal não funcionaria como ele inicialmente havia planejado, e decidiu abortá-lo. O autor, em declarações posteriores, revelou as razões para essa decisão. O intervalo funcionaria muito bem para personagens que estavam em arcos de aprendizado, como Arya, Bran ou Daenerys, mas não para outros. Ele disse que para personagens como Cersei (que agora teria capítulos próprios) e Jon Snow, os flashbacks incluiriam grandes períodos de “ócio” durante os cinco anos. Martin também mencionou que alguns eventos exigiam reações imediatas, como a morte de Oberyn Martell.
Enfim, a decisão de eliminar o salto temporal custou a Martin meses de trabalho. Alguns capítulos foram reaproveitados mais tarde (como Mercy, de The Winds of Winter), mas centenas de páginas foram efetivamente descartadas. No final de 2001 ele passou, então, a escrever eventos que ocorriam logo depois de A Tormenta de Espadas (e alguns até ao mesmo tempo). Decidiu que A Dance with Dragons seria o quinto livro da série, e que o quarto seria A Feast for Crows.
No início dessa nova escrita, Martin resolveu fazer um novo formato de prólogo, consideravelmente diferente e maior que os anteriores. Ele teria aproximadamente 250 páginas, seria dividido em capítulos e teria o ponto de vista de vários personagens. Em 2003, porém, o autor já havia desistido dessa ideia, e decidido espalhar o material escrito para o prólogo (os capítulos de Dorne e das Ilhas de Ferro) ao longo do livro.
Em 2005, aconteceu com Feast o que vinha acontecendo nos volumes anteriores: o livro estava enorme, com mais de 1600 páginas de manuscrito. Ainda havia o agravante de que, nesse material, alguns personagens já tinham seus arcos completos e outros estavam em estágios iniciais. Mais uma vez, veio a decisão de terminar o livro em algum ponto do material finalizado, e passar o restante para um volume seguinte.
Dessa vez, porém, Martin não julgou ser possível fechar o livro cronologicamente. Seu amigo Daniel Abraham sugeriu, então, que a divisão fosse feita por personagem e geografia. Como os personagens mais ao sul dos Sete Reinos já tinham histórias completas, enquanto Daenerys e os personagens do Norte ainda não, essa solução foi adotada.
Assim, em maio de 2005, antes do esperado à época, George anunciou que o livro estava finalizado. Isso significou também que ele tinha aproximadamente 500 páginas prontas para Dance, que esperava lançar um ano depois.
A Feast for Crows foi publicado pela primeira vez em em 17 de outubro de 2005, no Reino Unido. O livro foi lançado no mês seguinte nos Estados Unidos, e foi o primeiro da série a estrear em primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times. Antes da publicação do livro completo, os capítulos das Ilhas de Ferro foram lançados como o conto Arms of the Kraken (“Braços da Lula Gigante”) na revista Dragon, em agosto de 2002. Três capítulos de Daenerys Targaryen (que acabaram sendo passados para A Dance with Dragons) foram lançados em um livreto na BookExpo de 2005.
Durante a escrita de Festim, Martin também escreveu o segundo conto de Dunk & Egg. Em 2002, perguntado se contribuiria com um novo conto para Legends II, disse que o faria se a antologia fosse existir. À época, ele já tinha planejado o título: The Sworn Sword (A Espada Juramentada). Em fevereiro de 2003 ele estava trabalhando no conto, que foi publicado em Legends II em dezembro daquele ano.
Como aconteceu com outros livros da série, A Dança dos Dragões herdou bastante material escrito originalmente para o livro anterior. É bom lembrar que, no plano original de George R. R. Martin, Dance seria o segundo livro da série, e na programação seguinte passou a ser o quarto (após A Tormenta de Espadas). Agora, era o quinto. De qualquer forma, na finalização de Festim, em 2005, aproximadamente 500 páginas foram cortadas e passadas para Dança.
O plano de George era completar mais 500 ou 600 páginas de manuscrito e publicar A Dance with Dragons rapidamente. Os eventos retratados no livro seriam cronologicamente paralelos aos de Festim. Porém, as coisas não aconteceram bem como planejado.
O livro passou por muita reescrita. Quando voltou a trabalhar nele (após uma extensa turnê de promoção exigida pela editora), Martin não estava satisfeito com o material pronto. Das 500 páginas originalmente escritas para Feast, apenas 200 acabaram em Dance, aproximadamente. George acabou decidindo também que o livro ultrapassaria a cronologia de Festim, o que aumentou o trabalho.
O maior problema, porém, foi o que George R. R. Martin chamou de “nó meereenese”, que o preocupava desde 2005. O autor revelou que teve muitas dificuldades para organizar de forma satisfatória a convergência de vários personagens e arcos em direção a Daenerys Targaryen. Por exemplo, uma versão do capítulo do retorno de Drogon estava escrito no mínimo desde 2003 (um resumo pode ser encontrado aqui, em inglês). Martin relatou que esse capítulo (após ser cortado de Feast) seria o primeiro dela em Dança. Porém, foi sendo empurrado mais para o final à medida em que ele recheava a história, e que vários finais diferentes foram escritos para ele. Martin teve que retrabalhar e reescrever várias vezes a cronologia e os capítulos dos diversos personagens envolvidos nesse arco. No fim, a solução para o infame “nó” foi a inserção de Barristan Selmy como ponto de vista.
Finalmente, no final de abril de 2011, George divulgou que havia terminado o livro, o que foi confirmado por sua editora Anne Groell. Em maio, o autor fez um grande post em seu blog, explicando alguns pormenores da escrita e dizendo que estava terminando a edição. Mais uma vez, o manuscrito ficou grande demais, e alguns capítulos foram cortados e passados para o livro seguinte, The Winds of Winter.
No começo da escrita de Dance, George escreveu também The Mystery Knight (O Cavaleiro Misterioso), uma terceira história de Dunk & Egg. O conto foi escrito rapidamente, sendo finalizado em alguns meses, em novembro de 2005. Em 2007, George disse que várias editoras estavam interessadas no conto. No entanto, ele acabou sendo publicado apenas em 2010, na antologia Warriors, editada por Gardner Dozois e o próprio Martin.
A Dance with Dragons foi lançado em 12 de julho de 2011, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Foi o primeiro volume da série a ser publicado após o início da adaptação televisiva Game of Thrones.
Apesar da aparente falta de notícias sobre The Winds of Winter, na verdade existe uma quantidade considerável de informações sobre o sexto livro das Crônicas de Gelo e Fogo. Desde a publicação de Dança, George e suas editoras já revelaram um pouco sobre o andamento do livro.
Como já foi o caso com Dança, Winds terá conteúdos escritos por Martin em diversas épocas. Como já vimos, o capítulo Mercy (que foi divulgado pelo autor em seu site oficial), teve sua primeira versão durante a escrita de Festim. Além desse, os capítulos que foram cortados de Dança totalizam aproximadamente 100 páginas.
Martin provavelmente voltou ao trabalho em Winds em janeiro de 2012, após um extenso tour promocional do livro anterior. No fim daquele ano, ele revelou que já tinha escrito aproximadamente 400 páginas, das quais 200 estavam finalizadas e 200 pendiam de revisão. Anne Groell disse que em fevereiro de 2013 ele entregou 168 páginas para formalizar um contrato – provavelmente as “200” finalizadas que ele havia mencionado no ano anterior. Em abril, George disse ter um quarto do livro, o que possivelmente corresponde às “400” anteriormente mencionadas (uma vez que ele já disse que Winds terá mais ou menos 1500 páginas manuscritas).
Nos anos seguintes, as informações sobre quantidade de páginas completas ficaram mais escassas, mas ainda assim Martin informou sobre o progresso da escrita. Após parar de escrever roteiros para Game of Thrones e reduzir suas aparições em eventos e entrevistas para se dedicar mais ao livro, o autor fez uma grande postagem em seu blog sobre Winds, em 2016.
Nesse post, George revelou que tinha centenas de páginas e dúzias de capítulos completos, mas que ainda faltavam (no mínimo) meses para terminar a escrita do livro. Esse aparente otimismo não significou muito em termos de publicação, mas dá a entender que de fato o autor já tem uma quantidade considerável de material. No entanto, outra informação relevante que ele divulgou nesse post é que estava tendo que reescrever muito do que já estava pronto (o que ele dissera anteriormente não estar fazendo tanto quanto nos livros anteriores). O perfeccionismo parece ser, mais uma vez, um dos grandes percalços de Martin, portanto.
Atualmente, a perspectiva mais otimista para publicação do sexto livro das Crônicas de Gelo e Fogo é 2019. Em abril de 2018, o autor confirmou que The Winds of Winter não será publicado em 2018. Ele revelou também que algumas de suas editoras sugeriram que ele dividisse Winds, como foi feito com Festim e Dança, mas que vem resistindo a essa ideia.
Além dessas informações esparsas ao longo dos anos, alguns capítulos do livro já foram divulgados por Martin em diversos meios. No total são onze, oito dos quais existem em versões completas, com os outros três incompletos ou resumidos. A maioria vem do material “herdado” dos livros anteriores, mas existe também conteúdo totalmente novo.
O Gelo & Fogo traduziu esses onze capítulos de The Winds of Winter para o português, e eles podem ser lidos aqui. Mais informações sobre Winds, incluindo outros spoilers divulgados ao longo dos anos, podem ser encontradas na nossa página especial do livro.
Quando o planejamento ainda era que As Crônicas de Gelo e Fogo fossem compostas de seis livros, o título do último seria A Time for Wolves (“Um Tempo para Lobos”). Em 2006, Martin revelou ter criado um nome de que gostou mais: A Dream of Spring (“Um Sonho de Primavera”). Segundo ele, o título soa melhor que o anterior, e dá uma ideia melhor do livro que ele quer escrever. Ainda em 1999, ele já havia dito que o contrato dizia A Time for Wolves, mas que não estava muito feliz com o nome e o mudaria se conseguisse inventar algo melhor.
Durante a espera dos leitores por The Winds of Winter, rumores começaram a circular pela web no sentido de que Martin poderia estar escrevendo os dois últimos volumes ao mesmo tempo. No entanto, o autor já esclareceu (mais de uma vez) que não está trabalhando em A Dream of Spring junto com o sexto livro.
Desde que teve que incluir o inesperado Festim dos Corvos na série, Martin pretende terminá-la em sete livros. No entanto, diante do fato de que a série já foi planejada como uma trilogia, depois passou a uma tetralogia e a uma hexalogia, o autor agora evita dar respostas categóricas ou fazer promessas. Ainda assim, desde o lançamento de Dança ele tem reiterado o plano dos sete livros (inclusive em 2018).
George disse que tem toda a história traçada em linhas gerais, mas que os caminhos até os “destinos” é que não são tão claros. Nas palavras dele mesmo, relatadas por um fã em 2005:
Ele compara [escrever as linhas gerais] com sair em uma longa jornada pela estrada. Você tem o mapa e sabe aonde vai, mas não sabe o que vai aparecer depois de cada curva ou se vai ter um lugar legal pra comer ou uma distração no caminho. Acima de tudo, ele diz firmemente que escreve os livros que quer escrever, e se isso significar que ele tem que empurrar as datas de lançamento ou escrever mais livros, bem, isso é o que vai acontecer.
A primeira edição de um dos livros das Crônicas de Gelo e Fogo em português foi da editora portuguesa Entre Letras. Em 2002, ela publicou a primeira metade de A Game of Thrones com o título A Muralha. A editora, entretanto, não continuou a publicar os volumes seguintes.
Em 2007, a editora Saída de Emergência, após adquirir os direitos da obra para Portugal, publicou o primeiro livro dividido nos volumes A Guerra dos Tronos e A Muralha de Gelo. No ano seguinte, A Clash of Kings saiu como A Fúria dos Reis e O Despertar da Magia, e A Storm of Swords como A Tormenta de Espadas e A Glória dos Traidores. E 2009 foi a vez de A Feast for Crows, dividido em O Festim dos Corvos e O Mar de Ferro. A Dança dos Dragões e Os Reinos do Caos, os dois volumes de A Dance with Dragons, foram publicados em Portugal em 2011 e 2012, respectivamente.
No Brasil, a editora Leya adquiriu os direitos de publicação das Crônicas, e publicou os livros completos. A primeira edição de A Guerra dos Tronos foi lançada em setembro de 2010. Em 2011, foram publicados A Fúria dos Reis e A Tormenta de Espadas. Por fim, O Festim dos Corvos e A Dança dos Dragões saíram em 2012.
Em Portugal, as traduções ficaram a cargo de Jorge Candeias. No Brasil, a editora Leya comprou também essa tradução para o português europeu, e procurou adaptá-la para o português brasileiro em seus quatro primeiros volumes.
Candeias manifestou publicamente sua insatisfação (mais de uma vez) com o processo de adaptação, do qual ele não participou. O tradutor considera que a versão brasileira poderia ter sido muito mais polida caso ele tivesse sido consultado, dizendo também que alguns detalhes do texto original que ele se esforçou para manter foram eliminados na adaptação.
A partir de A Dança dos Dragões, a tradução foi feita diretamente para o português brasileiro, assinada por Marcia Blasques. Essa mudança significou também alterações em termos já estabelecidos durante a série. Topônimos, gentílicos e até mesmo nomes de personagens ficaram diferentes em relação aos volumes anteriores.
Por fim, um esclarecimento: as quantidades de páginas citadas no artigo (tiradas diretamente das declarações de Martin) não se referem aos livros impressos, seja nas edições brasileiras ou estrangeiras. A contagem de páginas é feita no processador de texto que Martin usa, o WordStar 4.0 (que roda em DOS, como é possível ver na foto acima). Para referência, uma lista dos tamanhos de cada livro nessa contagem, elaborada por Adam Whitehead:
E então, que tal nossa viagem pela história da escrita das Crônicas de Gelo e Fogo? Espero que tenha contribuído para leitor e leitora conhecerem mais sobre o trajeto de George R. R. Martin de 1991 até agora. Os comentários estão abertos para discussão, participe!