George R. R. Martin aniversário
George abre um presente de aniversário. Fonte: Twitter do autor.

George R. R. Martin completa 70 anos de idade hoje. Para comemorar a data, a equipe do Gelo & Fogo preparou uma pequena espécie de homenagem a esse autor que tanto influencia em nossas vidas.

Nosso “presente” é uma lista com 70 fatos e curiosidades sobre a vida e a obra de Martin – que vai muito além de As Crônicas de Gelo e FogoGame of Thrones.

O post foi feito a quatro mãos, por Ana Carol Alves, Arthur Maia, Rayane Molinario e Felipe Bini.

  1. George nasceu em Bayonne, Nova Jersey, em 1948. A família – pai Raymond, mãe Margaret, e duas irmãs mais novas, Darleen e Janet – vivia em uma casa de três quartos nos projetos habitacionais de baixa renda da cidade. Eles não tinham carro e nunca viajavam nas férias.
  2. Quando nasceu, George foi batizado como George Raymond Martin. O segundo “R”, para Richard, foi adicionado como nome de crisma, aos 13 anos.
  3. O pai de Martin era de descendência italiana e sua mãe era meio irlandesa. Raymond era estivador por profissão, e George passou boa parte da infância observando o tráfego marítimo local nas docas de Bayonne. Essas memórias inspiraram sua história Night Shift.
  4. George R. R. Martin San Diego Comic Con 2014
    George R. R. Martin com um pin de tartaruga em seu boné. Foto: Gage Skidmore. Wikimedia Commons.
    Na infância, Martin teve diversas tartarugas de estimação, que viviam em um castelo de lata. Elas eram os “reis, cavaleiros e príncipes” do mundo que inventava sobre elas. George diz que o personagem que mais se parece consigo é O Grande e Poderoso Tartaruga, de Wild Cards, e usa frequentemente um “pin” de tartaruga em seus bonés ou seus ternos.
  5. Seu pai não tinha o costume de ler (ele gostava de assistir futebol americano e outros esportes, uma paixão compartilhada com George) e sua mãe ocasionalmente comprava bestsellers, e lia livros de Beatrix Potter para ele na infância. Há uma história sobre uma doninha que sua mãe lia, e que ele se lembra de sentir muito medo, aos três anos de idade.
  6. Martin escrevia e vendia histórias para outras crianças da vizinhança. Encerrou seus negócios quando suas histórias começaram a assustar as crianças locais, o que levou as mães de seus amigos a reclamarem com os pais de Martin.
  7. Suas fantasias favoritas de Halloween eram sempre de fantasmas e monstros. Ele gostava muito mais de se sentir assustador do que se vestir de caubói ou palhaço.
  8. Ele sempre foi um grande fã da Marvel e da DC Comics quando criança, e tornou-se um membro ativo do fandom pré-Internet, contribuindo para fanzines e clubes de correspondência.
  9. Entre os primeiros correspondentes de George esteve Howard Waldrop, que também, além de amigo de Martin, se tornou um premiado autor de ficção científica.
  10. Carta de GRRM na “Fantastic Four” número 20, em 1963. Reprodução.
    George escreveu várias cartas que foram publicadas em HQs da Marvel. A primeira delas, na edição número 20 de Fantastic Four, em 1963. Martin já encontrou Stan Lee várias vezes em convenções, mas diz que Lee nunca se lembra de quem ele é.
  11. Martin diz ter sido o primeiro na fila para a primeira Comicon de Nova York – a primeira convenção de quadrinhos da história, que contou com aproximadamente 100 pessoas.
  12. Martin teve uma longa amizade com o falecido quadrinista Len Wein (co-criador de personagens como o Monstro do Pântano para a DC e de alguns dos mais populares X-Men, como Wolverine, Tempestade, Noturno e Colossus, para a Marvel Comics).
  13. Sua música favorita é The Pilgrim, Chapter 33, de Kris Kristofferson, e sua banda favorita é o Grateful Dead.
  14. A cor favorita de Martin é púrpura, e sua estação do ano favorita é o outono.
  15. Ele odeia a época do Natal, e explicou que é o feriado que mais o deixa estressado, pois sempre está tentando finalizar algum roteiro, história ou romance que prometeu a alguém “até o final do ano”.
  16. Embora diga que gosta de todos os seus “filhos”, o personagem favorito de Martin em As Crônicas de Gelo e Fogo é Tyrion, mas ele já disse que provavelmente se parece mais com Sam, e que gostaria de ser como Jon Snow.
  17. George também diz que Tyrion é o personagem mais fácil de escrever, enquanto os mais difíceis são Bran Stark e Daenerys Targaryen.
  18. GRRM torce para os New York Giants e New York Jets na NFL. Na MLB, ele torce pelos New York Mets.
  19. Graduou-se e completou um título de mestre em jornalismo pela Northwestern University, no Illinois, em 1971. Também deu aulas de jornalismo na Clarke University, em Iowa, na segunda metade da década de 1970.
  20. GRRM se tornou um escritor em tempo integral no final da década de 1970, após a morte repentina de seu amigo Tom Reamy, que acabara de iniciar sua carreira de escritor. George decidiu sair de Iowa e se mudar para Santa Fe, onde vive até hoje.
  21. Seu blog pessoal foi criado em 2005, e chama-se Not a Blog. Segundo GRRM, ele não teria tempo de alimentar um blog com frequência e relatar os passos de seu dia-a-dia (que era o que as pessoas faziam em blogs na época), por isso resolveu batizá-lo com esse nome.
  22. George R. R. Martin e Parris McBride
    O casamento de Parris e George, em 2011. Fonte: blog do autor.
    Conheceu Parris McBride, sua esposa, em 1975, em uma convenção em Nashville. Encontrou-a novamente nos anos 80, após se divorciar, e estão juntos até hoje. George e Parris se casaram em fevereiro de 2011, em uma cerimônia na sala de estar de sua casa, onde trocaram anéis celtas (e deram uma festa na Worldcon do mesmo ano).
  23. O casal se identifica como “acumuladores“: eles possuem uma casa anexo na mesma rua, apelidada de “Armazém”. Dois quartos são para George, o terceiro é para os figurinos de O Senhor dos Anéis de Parris.
  24. No Armazém, também funciona o escritório. Lá, GRRM ostenta uma torre de biblioteca com sua coleção de livros, que tem um conjunto de vitrais com emblemas de cinco Casas de Westeros. Martin também coleciona miniaturas de fantasia, e o Armazém é repleto de peças do gênero.
  25. Um das comidas favoritas de George é a mexicana, e ele já se revelou um pouco esnobe quanto à especialiade: diz que a do Novo México é a melhor de todas as variedades.
  26. A primeira turnê de A Guerra dos Tronos, em dez cidades americanas, foi um fiasco. Na maioria dos locais, as sessões de leitura e autógrafos não chegaram a cem pessoas. Na sessão de St. Louis, não só ninguém apareceu como quatro pessoas que estavam na livraria foram embora.
  27. George conta que costumava responder a todas as cartas de fãs, nos dias em que os leitores ainda enviavam cartas aos cuidados dos editores. Hoje, a quantidade de e-mails e cartas que recebe vão muito além da sua capacidade de mantê-las, mas ele ainda tenta ler todos os emails que recebe, mesmo quando não consegue respondê-los.
  28. Martin não gosta de viajar de avião. Ele não gosta dos sistemas de segurança de vôos, por causa dos protocolos que são sempre invasivos, com buscas, interrogatórios e outras dificuldades.
  29. No entanto, ele adora viajar de carro. Ele acha que viagens de carro são especialmente boas se você puder utilizar rotas e estradas alternativas. Parando para comer em pequenos restaurantes, bebendo em pequenas cidades, e visitando atrações da estrada (quanto mais estranhas, melhor).
  30. GRRM e seu Tesla
    GRRM e seu Tesla Modelo S púrpura customizado. Fonte: blog do autor.
    George dirige um Tesla Modelo S personalizado com a cor púrpura. Mesmo assim, ele ainda tem seu antigo Mazda RX-7.
  31. GRRM chama seus assistentes carinhosamente de minions. Hoje, cinco pessoas trabalham com George em sua casa, e a ocupação principal delas é garantir que o mínimo de interferência externa chegue a ele, para que ele possa escrever.
  32. Ele escreve seus livros apenas quando está em casa, e já disse que trabalha melhor pela manhã. Não escreve quando viaja, em quartos de hotel ou em aviões. Ele usa um antigo processador de texto, o Wordstar, que roda em DOS (mas em um computador moderno).
  33. Quando escreve, George começa lendo o trabalho do dia anterior, e reescreve conforme o fluxo. Ele tem os arquivos em seu computador e pedaços de papel ao redor de sua sala de estudo para lembrá-lo das biografias dos personagens, eventos e lugares históricos. Ele admite que é um escritor lento e que seu processo consiste em reescritas.
  34. Martin teve um breve envolvimento amoroso com a escritora Lisa Tuttle no início da década de 70. O término desse relacionamento inspirou a história Esta Torre de Cinzas.
  35. George foi casado com Gale Burnick, de 1975 a 1979, quando morava em Chicago e Dubuque.
  36. GRRM foi um objetor de consciência da Guerra do Vietnã, e realizou dois anos de serviço alternativo. Já disse, porém, que teria combatido com satisfação os nazistas na Segunda Guerra Mundial.
  37. Ele já admitiu que é fascinado por histórias de guerra. Ele entende que no passado a literatura era usada para celebrar a glória da guerra e, depois a geração hippie dos anos 1970 escreveu sobre a feiúra dela. George acredita que há verdade em ambas – uma ideia bastante estabelecida em seus romances.
  38. Ele é declaradamente um liberal americano. Ainda assim, diz que sempre busca ler textos de pessoas que pensam diferente dele nestes assuntos, para desafiar suas próprias opiniões e preconceitos.
  39. Sobre política no ramo da literatura, Martin defende medidas de inclusão em eventos literários, para que criadoras e criadores de variadas origens e culturas e gêneros tenham destaque em premiações do ramo e fomentem a indústria com ideias plurais. Ele também é bastante expressivo contra escritores misóginos, homofóbicos e racistas.
  40. George R. R. Martin e Maisie Williams
    George R. R. Martin e Maisie Williams no Jean Cocteau Cinema, em 2014. Fonte: blog do autor.
    George adquiriu e renovou um cinema histórico em Santa Fe, o Jean Cocteau. Quando houve uma polêmica sobre a exibição de A Entrevista nos cinemas americanos, ele se manifestou publicamente dizendo que o Jean Cocteau exibiria o filme.
  41. George é o terceiro escritor mais poderoso de Hollywood, segundo o Hollywood Reporter. Embora George tenha dito que isso significa menos do que parece, a Forbes estima que ele ganhe cerca de US$ 15 milhões por ano.
  42. Devido às baixas vendas de seu quarto romance, The Armageddon Rag, em 1983, Martin precisou abandonar seu quinto romance, Black and White and Red All Over. Ele então passou a trabalhar em Hollywood.
  43. Ele trabalhou durante quase uma década em Hollywood. Na primeira metade, escreveu episódios para The Twilight ZoneMax Headroom e Beauty and the Beast. Com o passar do tempo, especializou-se no desenvolvimento de pilotos, mas a rejeição constante de seus projetos o fez desistir da carreira.
  44. Ele criou duas séries de TV que foram rejeitadas pouco antes de irem ao ar: Doorways, no começo dos anos 90, e Starport, na segunda metade da década. Foi o cancelamento de Doorways que levou o autor a voltar a escrever A Guerra dos Tronos, em 1993.
  45. Martin não é favorável a fanfics. Além de considerar violação de direitos autorais, acredita que criar histórias usando personagens de outros autores não contribui para o desenvolvimento de um escritor.
  46. Entre seus livros favoritos, estão O Senhor dos AnéisO Grande GatsbyArdil-22 e The Prince of Tides.
  47. Entre seus filmes favoritos, estão Guerra dos Mundos (a versão original), O Gigante de Ferro e Planeta Proibido (que ele considera o melhor filme de ficção científica já feito).
  48. Entre suas séries de TV favoritas, estão Família Soprano, Deadwood, Roma, Mad MenBreaking BadI, Claudius.
  49. George R. R. Martin no piloto de Game of Thrones
    George R. R. Martin como um pentoshi, no piloto de Game of Thrones. Fonte: Westeros.org.
    Martin gravou uma ponta como um convidado no casamento de Daenerys no piloto não-aprovado de Game of Thrones. Ele já apareceu como uma versão zumbi de si mesmo na série Z Nation, fez uma ponta no filme Sharknado 3, e fez uma participação em Robot Chicken.
  50. O editor e escritor Gardner Dozois foi o responsável pela primeira venda de Martin como escritor profissional, resgatando a história descartada O Herói. No ano seguinte, os dois se conheceram e logo se tornaram grandes amigos.
  51. Embora a geração dos anos 50 seja conhecida como a “Era de Ouro” da Ficção Científica, Martin prefere a geração dos anos 60 e início dos 70, quando, segundo o autor, os três maiores nomes eram Roger Zelazny, Samuel R. Delany, and Ursula K. Le Guin.
  52. Desde a infância, George é fã do escritor Jack Vance. Ele organizou uma antologia junto com Gardner Dozois para homenageá-lo, Songs of the Dying Earth, para a qual escreveu a história A Night at the Tarn House, que se passa no universo criado por Vance. Homenageou o autor também com a casa Vance em As Crônicas de Gelo e Fogo.
  53. Seus personagens de séries literárias favoritos eram Elric de Melniboné de Michael Moorcock, Solomon Kane de Robert E. Haward, Magnus Ridolph de Jack Vance e Nicholas van Rijn de Poul Anderson.
  54. O xadrez foi parte importante da vida de Martin: ele usou a crescente popularidade do jogo nos Estados Unidos na década de 1970 para pagar as contas, trabalhando para uma empresa que organizava torneios no meio-oeste. O jogo também influenciou sua história Variantes Inúteis.
  55. Wild Cards, a série de livros de super heróis organizada por Martin e escrita por mais de quarenta autores diferentes, foi criada a partir de uma partida de RPG que George jogou com amigos escritores em 1983. Segundo ele, as histórias eram muito boas para ficarem só entre eles.
  56. A primeira história de Martin a ganhar uma adaptação audiovisual foi Recordando Melodyque no início dos anos 80 virou um episódio da série de TV The Hitchhiker.
  57. A convenção favorita de Martin é a Worldcon, à qual ele faltou a apenas uma edição nos últimos 30 anos. No evento, George tradicionalmente organiza a Hugo Losers Party (“Festa dos Perdedores dos Hugos”), cuja primeira edição foi em seu quarto de hotel, em 1976.
  58. Martin é um reciclador de ideias. Como ele mesmo afirmou “na minha ficção, assim como na vida real, eu nunca jogo nada fora”. Por esse motivo, é possível encontrar semelhanças em suas obras, tais como nomes, jargões e ações.
  59. George R. R. Martin e um lobo
    George com um dos lobos do santuário Wild Spirit. Fonte: Youtube.
    Parris e George apoiam o o santuário Wild Spirit, no Novo México, que resgata e acolhe lobos e cães-lobos. George já fez vários leilões beneficentes em favor do santuário, incluindo um em que o maior doador seria um personagem no próximo livro.
  60. Bastante expressivo sobre a questão dos refugiados, ele defende que os Estados Unidos foram construídos por imigrantes, e que essas pessoas deveriam ser recebidas de braços abertos, especialmente em Santa Fé, sua cidade atual.
  61. Sobre morte e violência em sua obra, expressa seu posicionamento comparando dois filmes: se identifica mais com a maneira que A Lista de Schindler lida com o tema, do que o jeito divertido em que vemos Indiana Jones aniquilando dezenas de nazistas em sua franquia.
  62. Quanto ao sexo, ele acredita se tratar de uma parte importante dos seres humanos – a maneira como interagimos uns com os outros, uma parte importante de quem somos. Não apenas o ato físico do sexo, mas nossos desejos sexuais e como nos vemos como criaturas sexuais.
  63. Martin se considera um “feminista de coração”. Ele disse que se declarou assim por um bom tempo, mas que se considerar que homens não podem ser feministas, então ele não é. Ele diz, porém, que entende o termo como tratar homens e mulheres de forma igual.
  64. Embora ele tenha afirmado ter sido católico, Martin não se considera religioso, mas um tipo de ateu agnóstico. No entanto, ele acha a temática da espiritualidade fascinante.
  65. A cena mais difícil que Martin já escreveu foi a do Casamento Vermelho em As Crônicas de Gelo e Fogo. Ele adiou o trabalho até escrever todo o resto em A Tormenta de Espadas.
  66. Na última estimativa, As Crônicas de Gelo e Fogo venderam mais de 70 milhões de cópias ao redor do mundo, colocando a obra como a série de fantasia épica mais popular publicada desde O Senhor dos Anéis. A editora HarperCollins originalmente esperava que A Game of Thrones vendesse apenas 5.000 volumes de capa dura.
  67. Martin não relê os próprios livros mais de uma vez, por diversão. Ele já disse que o máximo que faz é reler os últimos capítulos de algum personagem quando volta a escrevê-lo, para ajudar manter o mesmo tom.
  68. O fã clube oficial de George se chama “Brotherhood without Banners” (A Irmandade sem Bandeiras), que existe desde 2001. George pessoalmente “nomeava cavaleiros” os primeiros membros do grupo, depois que eles cumpriam certas tarefas.
  69. Ele apoia um coletivo de arte de Santa Fe chamado Meow Wolf, e contribuiu com mais de 2 milhões de dólares com o grupo para transformar um velho boliche em um centro artístico chamado The House of Eternal Return (“A Casa do Eterno Retorno”).
  70. O primeiro prêmio que Martin recebeu foi em 1975, um Hugo pela novela Uma Canção para Lya, quando tinha 27 anos. Ao longo da carreira, ele venceu mais três Hugos. Ao todo, já conquistou 16 Locus, três World Fantasy, dois Nebula, um Bram Stoker, e diversos outros prêmios, num total de 43. Além disso, venceu três Emmys com o crédito de produtor executivo em Game of Thrones.
George R. R. Martin
George R. R. Martin por Sanaa Al-Hassani.

Este é o fim de nossa nossa pequena homenagem, mas não de nossa admiração por George. E achamos que ela é compartilhada pelos leitores do site também, não é mesmo?

Assim, a equipe do Gelo & Fogo e seus leitores desejam um feliz dia de seu nome, George R. R. Martin!