Estamos na segunda edição de Assim Falou Martin, em que apresentamos declarações de George R. R. Martin, autor de As Crônicas de Gelo e Fogo. Os registros desta edição estão originalmente no Westeros.org, que gentilmente autorizou que traduzíssemos para o português
Os relatos publicados hoje são de novembro de 1998, e incluem postagens em fóruns e correspondência com fãs. Em alguns casos, as perguntas feitas pelos fãs não foram registradas, mas é possível presumir quais são pelo contexto. Tentamos, na tradução, manter a escrita original, na medida do possível. As ilustrações são por nossa conta (e claro, dos autores).
Para acessar a coleção completa de AFMs publicados, clique aqui. Boa leitura!
Post em fórum. 5 de novembro de 1998.
Sim, em última instância Egg vai se tornar rei, mas é um longo e tortuoso caminho, e o assunto de muitas histórias posteriores… que espero escrever depois de terminar todas as milhões e zilhões de palavras que ainda tenho que escrever para AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO.
Os Targaryens se intercruzaram bastante, como os Ptolomeus do Egito. Como qualquer criador de cavalos ou cães pode lhe dizer, intercruzamentos acentuam tanto as falhas quanto as virtudes, e empurram uma linhagem em direção aos extremos. Também existe, às vezes, uma linha tênue entre a loucura e a grandeza. Daeron I, o rei menino que liderou uma guerra de conquista, e até o santo Baelor I poderiam ser considerados “loucos”, se vistos sob uma luz diferente. (E tenho que confessar, adoro personagens cinza e aqueles que podem ser interpretados de muitas formas diferentes. Tanto como leitor quanto como autor, quero complexidade e sutileza em minha ficção.)
Por último, alguns fãs estão lendo demais na cena em GUERRA DOS TRONOS na qual os dragões nascem – o que quero dizer é que nunca foi o caso todos os Targaryen serem imunes ao fogo em todos os momentos.
Post em fórum. 11 de novembro de 1998.
A verdadeira tristeza é que não houve uma LEGENDS há dez anos, para que pudesse ter sido incluída uma história de Fafhrd/Mouser de Fritz Leiber, e uma história de Âmbar de Roger Zelazny.
Post em fórum. 17 de novembro de 1998.
Essa é uma explicação, de qualquer forma.
A outra é que o autor simplesmente deu uma escorregada e não o mencionou por descuido.
Mas de qualquer forma, ele estava lá, definitivamente. Existe até um momento em A FÚRIA DOS REIS em que ele se lembra daquele banquete.
Post em fórum. 18 de novembro de 1998.
Os sete novos deuses dos Ândalos são o Pai, a Mãe, o Guerreiro, o Ferreiro, a Donzela, a Velha e o Estranho.
Os deuses antigos dos Primeiros Homens e filhos da floresta são sem-nome e numerosos.
Outros deuses são adorados em outros lugares do mundo – o Deus Afogado dos homens-de-ferro, a Cabra Negra de Qohor, o Grande Pastor, o deus cavalo dos dothraki – e R’hllor, o deus da Chama e da Sombra, adorado em Asshai e no leste, que adquire mais importância em A FÚRIA DOS REIS.
Post em fórum. 23 de novembro de 1998.
As mudanças são muito pequenas – na maior parte alguns erros de digitação foram vistos a tempo de serem corrigidos para a edição dos EUA, depois que a edição britânica já havia sido enviada para impressão.
Também, a edição dos EUA terá um mapa que a edição do Reino Unido não tem, e versões atualizadas dos mapas antigos.
Post em fórum. 27 de novembro de 1998.
A Guerra das Rosas sempre me fascinou, e certamente influenciou AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO, mas não tem realmente nenhuma correspondência literal personagem-a-personagem. Gosto de usar a História para temperar minha fantasia, para acrescentar textura e verossimilhança, mas simplesmente reescrever a História com nomes alterados não tem apelo para mim. Prefiro reimaginar tudo, e levá-la em direções novas e inesperadas.
Post em fórum. 27 de novembro de 1998.
Estou sempre contente ao ver sites dedicados à fantasia em geral ou meus livros em particular, mas prefiro não me envolver diretamente. Não quero estragar a diversão que os fãs têm ao discutir teorias, e também preferiria não ser influenciado por essas discussões.
É bom ver as pessoas lendo os livros com tanto cuidado, porém, e desenvolvendo sentimentos tão ardentes pelos personagens.
Correspondência com fã, enviada por Kay-Arne Hansen. 28 de novembro de 1998.
Kay: Sabe, quando Tyrion foi colocado para liderar a “van” (e presumo que isso signifique a vanguarda), ele se viu na esquerda. Mas a vanguarda não é a unidade dianteira de um exército?
Martin: O uso variava… mas mais frequentemente, a vanguarda ou van era a divisão (ou “batalha”, como eram chamadas) dianteira de um exército medieval na fila de marcha. Porém, quando o exército de fato se dirigia para a batalha, a vanguarda geralmente estaria na esquerda.
Existem exceções suficientes a isso para fazer do assunto confuso. Às vezes a vanguarda seria colocada na direita ao invés da esquerda. Se a hoste estava atacando, a vanguarda às vezes seria de fato a unidade de choque, a primeira a se bater contra o inimigo… mas quando o exército se retirava em uma manobra defensiva, isso obviamente não se aplicava. Também dependia bastante do tamanho do exército e de como era organizado: isto é, quantas “batalhas” ou divisões.
Post em fórum. 30 de novembro de 1998.
Não estou completamente certo do quanto AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO vão cobrir temporalmente. Haverá um salto de mais ou menos cinco anos entre o fim de A TORMENTA DE ESPADAS e o começo de A DANÇA DOS DRAGÕES, mas no geral… bem, vamos ter que esperar pra ver.
“O Cavalerio Andante” se passa mais ou menos um século antes de AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO.
Nesses registros de novembro de 1998, George esclarecia muitas dúvidas que para nós hoje podem parecer óbvias, mas que à época deviam fazer os leitores quebrarem a cabeça. A menção à “linha tênue entre loucura e grandeza” acabou sendo incorporada mais tarde nos próprios livros, em uma fala de Barristan Selmy em A Dança dos Dragões.
De que mais você gostou? Aproveite para discutir nos comentários, enquanto não publicamos a terceira edição de Assim Falou Martin!